Membro do Corecon-ES, o economista Ricardo Aguilar, avalia as perspectivas do mercado financeiro com relação a manutenção da taxa Selic
Por Amanda Amaral
Em sua primeira reunião em 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter pela quarta vez seguida a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% ao ano.
A decisão seguiu as análises do mercado financeiro, conforme o Boletim Focus, divulgado no início da semana, que tinham como projeção a manutenção da taxa. Os analistas esperam a permanência desse nível até meados de 2023.
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“É mais razoável manter a taxa a 13,7%, justamente, para não correr riscos. Mesmo que o Governo Federal tenha vontade de diminuir a Selic, o Banco Central hoje é independente, então há responsabilidade fiscal nas suas decisões”, comentou o economista e membro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Ricardo Aguilar.
Na última reunião de 2022, o Copom não descartou a possibilidade de novas altas da taxa Selic, que atingiu seu menor nível na história em março de 2021, quando estava em 2% ao ano. Depois foi reajustada até chegar a 13,75% em agosto do ano passado visando controlar o consumo e a alta dos preços. No mercado, há os que defendem alavancar a economia neste momento diminuindo o aperto monetário, mas segundo o economista há risco de a inflação subir.
Estagflação
“Estamos entrando em uma estagflação, que na economia se define com uma situação simultânea de estagnação econômica, ou recessão, junto com altas taxas de juros e aumentos dos preços. É o que estamos vivendo hoje. A maneira de se resolver isso é uma estabilização macroeconômica, com o controle da produção e também da inflação, assim é possível incentivar o crédito, ou seja, o consumo”, explica.
O cenário se criou em razão da Guerra entre Rússia e Ucrânia – que marca um ano agora em fevereiro, e do pós-pandemia da Covid-19, de acordo com o economista. “O mundo vive em função da guerra, que atinge muitos países, e das consequências da pandemia, quando houve diminuição da produção e crescimento do consumo, com isso a inflação subiu. O que há nesse momento é uma correção do mercado global, por isso, a estaginfalação, é o mercado tentando se adequar”, analisa.

Crise econômica
Nesta quarta-feira (01), mesmo reduzindo o compasso de alta, o Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos, anunciou novo aumento da taxa de juros para um intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano visando controlar a inflação.
A tensão do mercado financeiro com relação a uma recessão econômica global continua. As recentes demissões em big techs podem ser um sinal de redução de custos para o enfrentamento de um cenário negativo na opinião de Ricardo Aguilar. “O mercado tem expectativa com relação ao atual Governo Federal e suas responsabilidades sobre a economia. Se ela for negativa, os investidores evitam correr riscos, não geram empregos ou realizam demissões. A falta de responsabilidade fiscal pode agravar ainda mais o contexto econômico no Brasil, além do cenário global. Um exemplo é a crise vivida pela Argentina”, pontuou.