A maioria dos animais foi abandonada, mas foram resgatados e esperam por uma nova família em abrigos e Centros de Controle de Zoonoses dos municípios
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães vivem pelas ruas das cidades do país. Para a veterinária e especialista da Hercosul Alimentos, Laís Alarça, a situação é grave, mas a conscientização é um passo importante para solucionar o problema.
“Há muitas pessoas procurando um animal e muitos animais precisando de alguém, mas ainda há um tabu em torno da adoção no Brasil e é isso que precisamos vencer em um primeiro momento. Há muitas formas de adotar um bichinho e nenhum risco para a saúde de quem faz isso”, revelou a veterinária.
Laís se refere ao mito de que todos os animais abandonados podem trazer doenças, o que não é verdade. “Muitos podem sim estar com algum problema de saúde, mas grande parte deles só precisa de acompanhamento veterinário, uma alimentação de qualidade, carinho e um lugar quentinho para dormir”, afirmou.
O primeiro passo para adotar um animalzinho é buscar uma organização de proteção. Os abrigos têm centenas de animais disponíveis e sedentos por uma casa nova. “A adoção é um ato de amor e também a garantia de um companheiro fiel e disposto a viver ao seu lado a vida toda, mas é necessário fazer a adoção com responsabilidade”, disse a presidente da ONG Amizade é um Luxo, Marcelle Jorio.
Preparar a casa para receber o novo amigo é importante, pois isso é fundamental para evitar incidentes. Animais são curiosos e desbravarão o novo lar, o que pode resultar na ingestão acidental de produtos de limpeza ou mesmo de plantas tóxicas.
Marcelle também disse que uma das maiores dificuldades enfrentadas no ato das adoções é o porte do animal. “Sempre orientamos os donos que o espaço e o temperamento do animal influenciam muito na escolha. Deve-se considerar a personalidade, a energia e o tempo de vida do animal, pois se for uma raça que precisa gastar muita energia, por exemplo, o espaço será pequeno e fará com que o dono o devolva”, contou.
A adaptação de ambos pode levar alguns dias, mas geralmente resulta em uma linda história que a família e o animal protagonizarão juntos. “infelizmente, nem todos os animais que estão para adoção estão com suas famílias garantidas. Durante as feiras de adoção, cerca de 50 animais ganham uma nova família. Deles, dois são devolvidos ainda durante o evento. O prazo de adaptação do bicho é de, no mínimo, uma semana, chegando a duas e é importante respeitar esse tempo”, ressaltou Marcelle.
Outra questão fundamental é a alimentação do animal, pois a maioria dos abrigos não consegue oferecer uma alimentação de qualidade, pois são muitos bichinhos para alimentar. “É preciso atenção na hora de mudar a marca do alimento , pois isso pode interferir na saúde do pet. O ideal é que a migração seja feita aos poucos, misturando a alimentação antiga à nova gradativamente. Este processo costuma levar cerca de uma semana”, disse a veterinária Laís.
Custos com pets
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) apontou que famílias brasileiras chegam a gastar uma média de R$121,39 com seus animais mensalmente.
Em 2016, a alta foi superior a 7% da renda familiar. Sendo assim, o mercado de pets movimenta em média R$ 19,2 bilhões no ano. A pesquisa ainda revela que, entre as classes B e C (de 10 a 20 salários mínimos, e de quatro a 10 salários mínimos, respectivamente), o custo médio mensal para cães com produtos standard é de 3,2% e 7% da renda familiar, ou seja, R$ 302. Os números variam de acordo com o tipo de animal escolhido e, no caso dos felinos, correspondem a 1,3% e 2,8%, respectivamente, da renda ao mês.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 17,7% dos domicílios possuem pelo menos um gato, e esses números equivalem a 11,5 milhões de casas brasileiras com gatos, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
O Brasil tem cerca de 132,4 milhões de pets. Desses, mais de 52 milhões são cães, e outros 22 milhões são gatos. Aves totalizam quase 38 milhões. Peixes e outros contabilizam mais de 20 milhões de animais.
Voluntários
A ONG Amizade é um Luxo busca ajudar abrigos de animais localizados em Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, além dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) dos municípios. A equipe não é especializada em resgates, mas auxilia os cidadãos que fazem essa atividade, caso seja necessário.
Os membros ofertam aos CCZs, as vacinas Óctoplas V8 ou V10 para cães e gatos, que protegem contra Cinomose , Parvovirose, Leptospirose, Parainfluenza, Hepatite infecciosa e Coronavirose.
Além disso, a ONG conta com “padrinhos” que pagam uma mensalidade e, em contrapartida, participam do “Clube Luxo de Desconto”, que permite ao voluntário ganhar descontos em locais como lojas, praça de alimentação, entre outros.
“Acreditamos que não é só pedir ajuda. Qualquer pessoa pode contribuir de alguma forma, por isso encontramos essa forma de retribuir àqueles que sempre nos ajudam e os animais também agradecem”, completou Marcelle.
Quem quiser ajudar a ONG e ser um voluntário em feiras de adoção ou até mesmo a custear o tratamento de algum animal resgatado pelos abrigos deve se cadastrar no site www. amizadeeumluxo.com, acessar as mídias sociais da ONG ou mandar um e-mail para [email protected] informando que deseja ser um voluntário.
Denúncias
A denúncia de maus-tratos é legitimada pelo Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605, de 12.02.1998 (Lei de Crimes Ambientais) e pela Constituição Federal Brasileira, de 05 de outubro de 1988.
As denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800 61 8080 (gratuitamente) ou pelo email para [email protected]. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) as encaminhará para a delegacia mais próxima do local da agressão.
