O endividamento ficou maior em dezembro de 2021 (69,6%) do que antes da pandemia (65,3%) em 2019
O endividamento das famílias de Vitória cresceu no último ano, entre novembro e dezembro, ficando com 69,6% (1,2 ponto percentual maior), o que corresponde a aproximadamente 92 mil famílias na Capital.
A inadimplência não apresentou grande alteração, mas também subiu para 27,7% no último mês, 0,2 p.p maior frente a novembro de 2021, o que representa em torno de 37 mil famílias com uma cota ou dívida em atraso.
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Em 2020
Já se comparados à dezembro de 2020, o endividamento ficou 4,0 p.p. maior e a inadimplência ficou 4,1 p.p. menor. As informações são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio (Fecomércio), com análise dos dados de Vitória concluída pela Assessoria Econômica da Fecomércio-ES.
Para o membro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), o economista Ricardo Paixão, as famílias estão com tantas dívidas que passaram a ter limitações para acesso ao crédito.
“O nível de endividamento está crescendo desde julho de 2021, teve uma ligeira queda, mas depois voltou a crescer. As famílias tiveram uma redução da renda, inclusive há estudos que indicam que houve redução de 3,44% na renda do brasileiro”, disse.
O economista aponta ainda duas questões importantes para a condição das famílias hoje, o efeito da alta inflação interferindo no poder de compra dos consumidores e a taxa de desemprego, que influencia na queda do rendimento médio do trabalhador.
“Tudo isso está fazendo com que as famílias aumentem seu endividamento, só que com endividamento, elas passam a ter restrições de consumo e acesso crédito. Nesse sentido, a inadimplência apresenta uma certa estabilidade, pois as prioridades de consumo mudaram e elas estão dando prioridade as necessidades básicas, explicou.
Pré-pandemia
Em uma comparação com o ano de 2019, anterior à pandemia, o endividamento ficou maior, 69,6% em dezembro de 2021 contra 65,3% da média anual de 2019. Já a inadimplência ficou bem abaixo com 27,7% em dezembro de 2021 contra 38,5% da média do ano de 2020.
“Até a classe média foi afetada. Se você entrar em um supermercado de um bairro de classe média vai encontrar todo mundo reclamando dos preços. E aí existe um problema, pois essa é uma classe geradora de empregos, que recebe uma salário razoável. Se você apertar, as primeiras coisas a serem cortadas serão serviços como babá, faxina, jardim, e outros”, analisou o conselheiro.
Origem das Dívidas
O percentual daqueles que não terão como pagar as dívidas já no próximo mês é 12%. Entre a origem das dívidas, foram citados pelos entrevistados o cartão de crédito (88%), carnê de loja (12,6%), empréstimo pessoal (8,8%), cheque especial (4,7%) e outros motivos (21,8%).
“A maioria das famílias está com dívida e é justamente no cartão, que é uma taxas mais altas do mercado. Isso é preocupante. Os juros do cartão de crédito estão acima dos 300% ao ano. Uma dívida pequena de mil reais se transforma em uma bola de neve em um curto espaço de tempo”, comentou Paixão.