A economia brasileira atravessa um peculiar estado de atividade, poucas vezes evidenciado, pelo menos nos últimos 30 anos. Por uma visão panorâmica têm-se a impressão de que a situação está fora de controle.
Por Arilda Teixeira
Mas, quando se abrem os números vê-se que ainda há luz no fim do túnel para essa castigada, desrespeitada e maltratada economia.
O País vem sustentando aumentos de suas reservas internacionais – em 2017 correspondiam a 18% do PIB; em 2020 chegaram a 25% PIB – Bom sinal!
Mas, nossos pares na América Latina – Argentina e México – também estão no mesmo ritmo e direção.
Em 2017 as Reservas Internacionais da Argentina eram 8,6% PIB, e em 2020 10%. No México eram 15% e 18,5%, respectivamente.
O estoque de reservas internacionais para os Países Emergentes como um todo é de 7,3% e 7,5%, respectivamente, nesse período.
Então, Brasil, Argentina e México estão, ainda que a duras penas, esforçando-se para encaixar suas economias na rota do crescimento.
É possível admitir que estão fazendo o seu dever de casa. Brasil inclusive.
Em termos de Posição Internacional de Investimento, em 2020, o saldo líquido de Investimento Direto recebido pelo Brasil foi um valor correspondente a 38% do PIB;
pela Argentina foi 32%; e pelo México 55%.
Dentre os países do BRICS, exceto o Brasil, o fluxo de Investimento Direto foi inverso Rússia, África do Sul, e China, fizeram Investimento Direto no exterior, em montante de 34%, 32% e 14% do PIB, respectivamente. A Índia foi o único país deste grupo que recebeu Investimento Externo em 2020, correspondente a 13% do seu PIB.
Domesticamente, a atividade econômica também vem dando sopros de sobrevida. O Índice de Atividade Econômica do Bacen de maio/2021 chegou a 139,11 contra 122,07 de maio de 2020. Entretanto, esse índice de maio/2021 é equivalente ao de janeiro/2021. Ou seja, ainda há obstáculos a serem superados para garantir ritmo de crescimento econômico.
As taxas de crescimento econômico regionais alertam para isso. Sudeste cresceu 1%; Sul 2%; Sudeste 1%; Nordeste 0,7%; Centro-Oeste 0,5%; e Norte caiu 0,9%.
Há indicadores de fôlego para crescimento da economia. Assim como há os de freios, neste momento, protagonizados pelo aumento da taxa de inflação que, em maio/2021, acumulada nos últimos 12 meses, chegou a 8,35%. Para esse mês do ano, desde 2010, somente 2015 (8,89%) e 2016(8,84%) superaram maio de 2021.
Inflação é um imposto regressivo que propaga desigualdade social.
E, neste momento, é tendência mundial, decorrente de aumentos de preços de commodities, de serviços, e das taxas de câmbio nos demais países, impulsionados pelos efeitos da pandemia do COVID e a disputa por parcela de mercado, usual na arena internacional. Só não está pior porque o Bacen tem conseguido controlar as expectativas; e a equipe técnica do Ministério da Economia tem trabalhado com eficiência, conseguindo atenuar as expectativas negativas disseminadas pela verborragia do Ministro e os desatinos da mente medíocre e perversa do chefe do Executivo.
Arilda Teixeira é economista e professora da Fucape Business School.