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terça-feira, 23 abril, 2024

Um ministério esvaziado

“O quadro geral muda de cara, e a distribuição de forças a partir do próximo ano pode sofrer alterações de peso”

Por André Pereira César 

Um recorde está para ser batido nas próximas semanas. Nada menos que dez dos 23 ministros deverão deixar seus cargos para disputar as eleições de outubro próximo. Caso confirmado, o índice, de 41% do total de comandantes das pastas, será o maior do século. Em final de mandato e também em pré-campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) perderá importantes colaboradores.

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É claro que esse movimento político terá consequências imediatas e posteriores. O quadro geral muda de cara, e a distribuição de forças a partir do próximo ano igualmente pode sofrer alterações de peso.

De imediato, o governo perde figuras importantes do primeiro escalão, como o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que deverá disputar o governo paulista, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério  Marinho, que tentará uma cadeira no Senado Federal pelo Rio Grande do Norte. Trata-se de dois “escudeiros” de Bolsonaro, fundamentais na condução do dia a dia das decisões do Planalto. Farão falta, mesmo faltando poucos meses para o encerramento do mandato.

Igualmente relevantes são o ministro da Cidadania, João Roma, pré-candidato ao governo da Bahia, e a secretaria-geral da presidência, Flávia Arruda, que mira o Senado Federal pelo Distrito Federal. A aposta desses atores, porém, faz sentido. Em caso de vitória no pleito, estarão na linha de frente da defesa das teses do atual governo, mesmo que Bolsonaro não se reeleja.

Por outro lado, a substituição dessas peças gerará de imediato uma perda substancial de peso político para o presidente. A reposição certamente contará com nomes de perfil mais técnico, ou seja, com menor influência no mundo político, em especial no Congresso Nacional.

Evidentemente, nos próximos meses as atenções estarão voltadas para as campanhas eleitorais, mas sempre há a possibilidade da eclosão de imbróglios políticos entre o Executivo e o Legislativo. Um ministro com mais quilometragem pode fazer falta nessa hora.

Enfim, o esvaziamento da Esplanada faz parte do cálculo político do presidente da República e de seu entorno. Bolsonaro tem plena noção da necessidade de ingressar no próximo ano com um contingente mínimo no Congresso Nacional e nos estados.

André Pereira César é Cientista Político e sócio da Hold Assessoria Legislativa.

 

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