Trata-se de uma discussão que interessa muito aos jovens brasileiros para terem oportunidades para entrar ou permanecer no mercado de trabalho
Por Arilda Teixeira
Com todo respeito, redijo este texto após ler o artigo de Katia Smole (*), Maria Helena Guimarães (**) e Mendonça Filho (***) sobre as referidas mudanças no Ensino Médio. Sem nenhuma intenção de julgar, este comentário não é uma crítica, apenas ângulo de visão. Sobretudo porque trata-se de uma questão que interessa muito aos jovens brasileiros que estão se preparando para cursar o Ensino Médio – ou seja, para terem oportunidades para entrar ou permanecer no mercado de trabalho.
Como até as areias da praia reconhecem, a qualidade do ensino do Brasil – tanto nas instituições públicas quanto nas privadas – está muito aquém do que poderia, considerando o tamanho de seu espaço físico e o volume de recursos naturais que o País possui. Entretanto, segue carregando o status de ineficiente.
Esse status de seu mercado doméstico, explica-se pela baixa qualificação de seu Capital Humano; que por sua vez, é efeito da baixa qualidade do ensino, de uma forma geral; e dos ensinos públicos, de forma específica.
O texto, redigido em um português impecável, ressalta adequadamente os benefícios da reforma no que concerne aos prováveis efeitos da proximidade entre os padrões de ensinos médio tradicional com o profissionalizante, que vêm, gradativamente, ampliando seus espaços de atuação, além das opções de escolhas para as carreiras que atraem os estudantes.
O artigo descreve o processo da mudança, apontando como se dará o escalonamento do ajuste das séries de ensino – em 2025 a 1ª série; 2026/27 2ª e 3ª series; e nessa sequência até que todas as séries atinjam 2.400 horas de aula, dentro do que se espera do processo de mudanças no Ensino Médio;
O que não se encaixou na redação do texto, e que motivou a redação deste artigo, foi o vocabulário empregado pelos redatores que o redigiram. Por exemplo: quando se referiram aos Conselhos Nacionais de Educação (CNE) e aos Conselhos estaduais e distritais, escreveram:
“(….) cabe ao Ministério da Educação estabelecer diretrizes para os itinerários formativos para estudantes de Ensino Médio, predominantemente de escolas públicas, de pais, predominantemente, de baixa renda. (….) a possibilidade de escolha de itinerários para a educação profissional e tecnológica é prejudicada”. Neste trecho faltou explicar o que significa “itinerários de educação profissional e tecnológica”.
O artigo também informa que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) responderá pelo Novo Ensino Médio. E que, para atrair estudantes, precisará oferecer-lhes um benefício. Caso esse benefício pagar o custo de oportunidade para administrá-lo, o Novo Ensino Médio prosperará. E na esteira desse processo, virão o Status de Capital Humano ampliado como efeito de evolução de conhecimento.
Descrevendo o processo dessa forma fica mais acessível para acompanhar o comportamento do Capital Humano. Faltou ênfase para esse detalhe para que o texto se apresentasse diretamente para esses estudantes – é imprescindível que o acompanhem.
Mas, como o foco dessa discussão são os jovens estudantes do Ensino Médio – objeto de estudo deste artigo, seria recomendável um vocabulário mais próximo ao desses estudantes para que tenham melhores percepções sobre o que significa a mudança.
Arilda Teixeira é doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestra em Economia pela Universidade Federal Fluminense, coordenadora dos cursos de Gestão Estratégica de Negócios e de Gerenciamento de Projetos, da Pós-Graduação da Fucape Business School, e coordenadora do Projeto PIBIC FUCAPE.
Fontes:
. Smole, Katia(*): Diretora Executiva do Instituto Reúna. Foi Secretária da Educação Básica do MEC;
. Guimarães, Maria Helena(**): Titular da cátedra Instituto Ayrton Senna de Inovação e Avaliação Educacional;
. Mendonça Filho (***): Deputado Federal foi ministro da Educação.