A transformação digital continua sendo a palavra da onda quando falamos de tecnologia e negócios
Em conjunto com o Robot Process Automation (RPA) e o Machine Learning, projetam mudanças profundas em processos e, principalmente, na chamada jornada do cliente. Apesar de hoje ser discutida exaustivamente, a transformação digital vem ocorrendo desde o final dos anos 90 e início dos anos 2000. Primeiro foram os sites e canais digitais aproximando empresas e clientes. Na sequência, esta interação gerou uma explosão de novas ideias e ambições.
As tecnologias que suportam a transformação digital, como dispositivos mobile, soluções em nuvem, RFID, blockchain, inteligência artificial, realidade aumentada e internet das coisas (IoT), entre outras, possibilitam uma real e profunda mudança na interação das empresas com seus clientes. Na outra ponta, as consultorias e empresas de tecnologia rapidamente ajustaram suas ofertas de produtos e serviços para atender à esta crescente demanda do mercado.
Tudo apontava para um casamento perfeito entre a necessidade de novas ideias e processos com tecnologias inovadoras e empresas competentes para implantá-las. Por este motivo me chamou a atenção uma pesquisa realizada pela e-Consulting com um grupo de CEOs e CIOs das mil maiores empresas do Brasil e que bate com minha visão: a expressão transformação digital está esvaziada de propósito para as empresas.
“A expressão transformação digital está esvaziada de propósito para as empresas.”
Apenas para ilustrar este ponto, na pesquisa, um em cada cinco CEOs diz que o principal motivo para investir em transformação digital é o medo de ficar para trás dos concorrentes. Essa mesma questão aparece em terceiro lugar na lista dos CIOs e em quinto lugar entre os heads de marketing.
Os novos produtos e processos estão sendo desenhados e construídos movidos por medo ou receio de ficar atrás dos concorrentes e não pela busca da inovação e quebra de paradigmas. Na minha opinião, o que deveria mover as discussões sobre a transformação digital dentro das empresas é como atender de forma mais rápida, eficiente e personalizada os anseios dos clientes. Afinal, produtos e processos devem estar a serviço dos consumidores.
Em agosto de 2020, uma nova variável vai fazer parte da equação da transformação digital. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) entrará em vigor nesta data e já está movimentando as empresas na busca por adequação e compliance à legislação.
Sem dúvida a privacidade, bem como o consentimento para a captura e utilização dados pessoais como RG, CPF, nome, e-mail e dados pessoais sensíveis como raça, convicção religiosa, opinião política e doenças são essenciais para uma relação clara entre empresa e consumidores, principalmente em um momento em que estes dados estão sendo utilizados das mais diversas formas, incluindo as iniciativas da transformação digital.
E na urgência em definir estratégias olhando para os clientes e o mercado, somado às preocupações com privacidade e segurança, que podem ser barreiras no avanço dos processos digitais, o CIO passa a ser o protagonista desta história. E olhando todo este cenário, volto aqui a minha pergunta: com este impacto das regras impostas pela nova lei, como atender de forma mais rápida, eficiente e personalizada os anseios dos clientes? Certamente, o medo não deve ser o motor a impulsionar esta resposta.
Alexandre Corigliano é CEO da Nexyon, desenvolvedora de soluções para formalização de negócios sem papel.