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terça-feira, 19 março, 2024

Temáticas africanas e afro-brasileiras podem ser tão importantes quanto o conhecimento das disciplinas ‘tradicionais’

O Brasil conta com mais de 8.450 755 alunos matriculados no Ensino Superior, de acordo com o mais recente Censo da Educação do Inep/MEC, realizado em 2018

No ano em questão, 17.213.064 candidatos foram inscritos para vestibulares em cursos presenciais e a distância, de olho em 13 529.101 vagas. Ainda de acordo com o Censo do Inep, 6.596.808 brasileiros buscavam uma oportunidade em entidades federais, estaduais e municipais, mais apenas 7.72% tiveram sucesso – a porcentagem representa 508.936 estudantes.

‘Com a pandemia de Covid-19, percebemos como o EaD, Estudo a Distância, pode ser eficaz para o estudante que está comprometido com os seus objetivos e se esforçando para ingressar em uma boa universidade. No entanto, é preciso ter foco e saber o quê e como estudar para construir o conhecimento de forma efetiva’, assinala a professora Andréia Cerqueira, do Solar do Rosário.

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Cultura africana nos exames do país

Segundo Cerqueira, desde a promulgação da Lei nº 10.639 de 2003 e a sua reformulação, que resultou na Lei 11.645 de 2008; preconiza-se a obrigatoriedade do ensino de História, Cultura e Literaturas africanas, afro-brasileiras e indígenas no Ensino Básico. A partir de então, muitos certames passaram a incorporar não só a temática africana, mas também obras específicas de autores africanos e afro-brasileiros.

O exame da Fuvest que, desde 2020, cobra autores como o angolano Pepetela e o moçambicano Mia Couto pode ser um exemplo. A Unicamp, por sua vez, para o vestibular de 2022, incluiu a moçambicana Pauline Chiziane e a escritora afro-brasileira Carolina Maria de Jesus, autora do famoso ‘Quarto de despejo’. A Universidade Federal de Uberlândia em Minas Gerais incluiu o clássico ‘A cor púrpura’, da afro-americana Alice Walker, nos processos seletivos do biênio 2020-2022.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) traz para os vestibulares de 2021-2022 a já citada obra ‘Quarto de Despejo’ e a obra do angolano José Eduardo Aqualusa, ‘O vendedor de passados’. A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), para o exame de 2021, exige a leitura da obra ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’, do afro-brasileiro Lima Barreto. A Universidade de Santa Catarina (UFSC), para 2021 cobra ‘Negro’ de Cruz e Sousa. A Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), por sua vez, cobra neste ano Lima Barreto e Machado de Assis.

Na realidade da Capital Federal, a Universidade de Brasília fortaleceu como principal meio de ingresso o Programa de Avaliação Seriada (PAS). Trata-se de um exame trienal por meio do qual diversas obras compõem o repertório avaliativo de cada etapa. Dentre as obras, pode-se citar na primeira etapa ‘O perigo da história única’, transcrição de um ted-talk da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, além das obras audiovisuais ‘O Atlântico Negro – na rota dos orixás’, documentário de Renato Barbieri e ‘A Rota do Escravo’ – produção da Unesco sobre a história da diáspora africana, a escravidão nas Américas e a formação de sociedades multiculturais.

Para a segunda etapa, Úrsula da maranhense Maria Firmina dos Reis, quatro contos machadianos, poemas de Gonçalves Dias, Cruz e Sousa e a obra ‘Bom-Crioulo’ de Adolfo Caminha. Na terceira etapa, depara-se com as obras audiovisuais ‘O que é racismo estrutural’ e o documentário ‘Da raiz às pontas’, que discutem a temática racial. Consta, ainda, o ensaio ‘Necropolítica’, do camaronês Achille Mbembe.

Dessa forma, é imprescindível que se valorize o estudo das temáticas africanas no contexto de preparação para alguns dos maiores e mais respeitados vestibulares do Brasil, afirma Andréa Cerqueira, do Solar do Rosário. ‘Ao incluírem tais obras, as referidas instituições contribuem para o cumprimento da Lei, tão importante para a conscientização das relações étnico-raciais quanto para o exercício da cidadania e a construção de uma identidade brasileira’, finaliza.

Com informações de Agência Estado

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