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sexta-feira, 29 março, 2024

O superávit da balança comercial brasileira e o cenário no ES

No trimestre em análise, o grau de abertura capixaba foi de 41,6%, quase o dobro do brasileiro

Por Luciene Araújo

O superávit da balança comercial brasileira foi de US$ 1,395 bilhão e a corrente de comércio de US$ 6,894 bilhões, na segunda semana de agosto de 2020. O valor das exportações ficou em US$ 4,145 bilhões e das importações de US$ 2,75 bilhões. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (17), pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

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Mas, o que esse superávit representa para o Espírito Santo, líder nacional na exportação de rochas ornamentais, maior exportador mundial de pelotas de minério de ferro e de mamão papaya; e o Estado que ocupa a 9ª colocação no ranking dos estados que mais importam no Brasil? Em junho deste ano, durante a apresentação sobre os resultados do primeiro trimestre de 2020, no comércio exterior do Espírito Santo, o coordenador de Estudos Econômicos do Instituto Jones do Santos Neves, Antônio Ricardo Freislebem da Rocha, reiterou a relevância do Comércio Exterior para a economia capixaba. “O grau de abertura capixaba, ou seja, o quanto o nosso PIB se relaciona com o comércio exterior, é muito maior do que o nacional. No trimestre em análise, o grau de abertura capixaba foi de 41,6%, quase o dobro do brasileiro, que foi de 23%”, explicou ele.

Oscilações econômicas

Quem acompanha a economia local, sabe que todas as vezes que economia nacional cresce, impulsionada pela balança comercial, o percentual de crescimento do Espírito Santo fica acima da média do país. Em contrapartida, quando a situação do Brasil é negativa, os índices de queda do Espírito Santo também ficam acima da média nacional.

A quantidade de recursos que os grandes complexos industriais relacionados às commodities movimenta no Estado é indiscutível. Mas é preciso entender que boa parte da pauta de exportação, e muito mais ainda a de importação do ES são pautadas em uma gama de produtos que pouco fazem parte do parque industrial capixaba. Por isso, os percentuais de desempenham acabam refletindo muito mais o cenário nacional que o local.

Assim, o principal desafio, há mais de 50 anos, se mantém na necessidade de minimizar esse nível de dependência do mercado global. E ao longo dessas décadas, não faltam projetos se mantém tão somente no papel. Isso porque, modificar a planta industrial do Estado, demandaria uma programação muito complexa.

Presidente do Corecon-ES fala sobre efeitos da balanaç comercial brasileira na economia local

Uma mudança de longo prazo, pouco provável de acontecer, considerando o poderia da instrutura já instalada, a sazonalidade dos agentes políticos e ao fato de termos um mercado consumidor muito pequeno, aponta o presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo, Celso Bissoli Sessa.

Na avaliação do economista, o caminho mais viável está em encarar essa veiculação ao comércio exterior como um problema, mas sim como oportunidade. “Em vez de insistir na modificação da planta estrutural em busca de conquista de mercado interno, avalio como opção mais viável o desenvolvimento justamente das indústrias capazes de sustentar esse parque industrial já estruturado. Tornar o Espírito Santo referência no fornecimento de equipamentos, serviços, expertise. Esse é um plano alternativo que faz muito sentido economicamente. Por exemplo, o minério não é produzido aqui no Estado, mas temos empresas muito grandes que fazem o beneficiamento do produto. Então vamos fortalecer em maior grau as empresas que prestam serviço especializado a esses grandes empreendimentos, o que irá representar um efeito multiplicativo muito maior na economia local”, explica Bissoli.

O superávit da balança comercial brasileira e o cenário no ESOutro exemplo apontado pelo economista está no setor de rochas ornamentais. O Espírito Santo possui uma das maiores reservas de mármore e granito do Brasil e um parque industrial com quase 3.500 empresas, que abrigam mais da metade dos teares instalados no País. Nessas empresas que atuam na extração e produção de rochas ornamentais, a maior parte dos equipamentos pesados são até mesmo importados de outros países quando poderiam ser produzidos aqui no Estado.

Balança Comercial Brasileira

No ano, as exportações totalizam US$ 129,781 bilhões e as importações, US$ 96,407 bilhões, com saldo positivo de US$ 33,374 bilhões e corrente de comércio de US$ 226,188 bilhões.

A média diária até a segunda semana de agosto 2020 (US$ 888,87 milhões) comparada com a de agosto de 2019 (US$ 894,07 milhões) representou uma queda de -0,6%, mesmo com aumento de 31,2% nas vendas do setor agropecuário. Isso porque as vendas na indústria extrativa caíram 17,4 e na indústria de transformação 3,6%.

A queda nas exportações foi puxada, principalmente, pela diminuição nas vendas dos produtos da indústria extrativista: óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (-35,7%); minérios de cobre e seus concentrados (-75,2%); minério de ferro e seus concentrados (-2,1%); pedra, areia e cascalho (-52,8%) e minérios de alumínio e seus concentrados (-14,9%).

Na indústria de transformação, a queda nas exportações foi puxada, principalmente, por motores e máquinas não elétricos e suas partes, exceto motores de pistão e geradores (-75,8%); Aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes (-77,1%); Celulose (-22,2%); Veículos automóveis de passageiros (-41,2%) e Alumina – óxido de alumínio-, exceto corindo artificial (-39,7%).

Nas importações, a média diária até a segunda semana de agosto de 2020 (US$ 550,05 milhões) ficou -22,3% abaixo da média de agosto do ano passado (US$ 707,72 milhões). Nesse comparativo, caíram os gastos com Agropecuária (-3,3%), com produtos da Indústria de Transformação (-19,7%) e, também, com a Indústria Extrativista (-77,8%).

A queda das importações foi puxada, principalmente, pela diminuição de 53,4% dos gastos com produtos látex, borracha natural, balata, guta-percha, guaiúle, chicle e gomas naturais; e mais a queda nas vendas de pescado, de 22,1%; produtos hortícolas (-19,9%); cevada, não moída (-43,5%) e milho não moído, exceto milho doce (-29,9%).

Já na Indústria de Transformação, a queda das importações foi puxada pelo segmento de instalações e equipamentos de engenharia civil e construtores, e suas partes, que registrou diminuição de 90%. As vendas de óleos combustíveis de petróleo ou de minerais, exceto óleos brutos caíram 49,7%; adubos ou fertilizantes químicos (-27,1%); veículos automóveis de passageiros (-61,4%) e partes e acessórios dos veículos automotivos (-17,9%). Por fim, na indústria extrativista, a queda das importações se deve à diminuição de gastos com carvão, mesmo em pó, mas não aglomerado ( -72,7%); Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (-80,3%); Gás natural, liquefeito ou não (-100,0%); Minérios de cobre e seus concentrados (-100,0%) e Outros minérios e concentrados dos metais de base (-47,6%).

Espírito Santo

Em relação ao comércio exterior capixaba, os dados mais recentes são do primeiro trimestre de 2020. E representaram quedas de 23,7% nas exportações e de 6,6% nas importações. Estados Unidos e Países Baixos seguiram no topo dos destinos das exportações do Espírito Santo, com 32,49% e 7,71%, respectivamente de participação. A China voltou a ocupar o terceiro lugar, com 7,23%. A China também foi a principal origem das importações do estado, com 22,04% de participação, enquanto os Estados Unidos caíram para o segundo lugar, com 13,80%, seguido da Argentina, que manteve a terceira posição, com 8,66%.

As exportações do agronegócio capixaba alcançaram US$ 302,7 milhões no primeiro trimestre de 2020, redução de -4,4% em relação ao trimestre anterior, decorrente das menores vendas de café (-22,8%). Os principais produtos exportados no trimestre foram celulose (46,9% do total exportado), café em grão (33,5%) e pimenta (8,3%). A participação das exportações do agronegócio no total exportado pelo estado no trimestre atingiu 20,6%.

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