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quarta-feira, 23 DE abril DE 2025

Somos todos artistas

Artistas de teatro vivem momentos de grandes expectativas, com a restauração total do histórico Teatro Carlos Gomes

Por Manoel Goes Neto

Como todo segmento cultural e artístico, sofre o teatro capixaba e seus atores um período longo de dificuldades, agravadas na pandemia e pós-pandemia. Com o ressurgimento do Ministério da Cultura forte e das leis de incentivo com os mais variados editais, vivem as artes tempos novos e promissores, apesar da carência de salas de espetáculos por todo o Espírito Santo, muitas delas fechadas e necessitando de imediatas restaurações e reformas, principalmente para adequação às necessidades de acessibilidade.

Nas páginas 176 a 178 do excelente livro “Personagens e Fatos Históricos Capixabas – crônicas”, de Francisco Aurélio Ribeiro, editora Callêndula – 2025, escreve o autor: “E uma coisa é certa: o teatro, ao lado da música, são as artes mais apreciadas pelos capixabas. Isso deve vir de longe, desde quando os colonizadores portugueses aqui chegaram, trazendo os jesuítas. Este, tendo Anchieta como guia, usaram a atração de nativos e de colonos por essa arte milenar, para falar de Deus, das doutrinas de sua religião, dos conflitos entre o espirito e a matéria.

Prossegue o mestre Francisco Aurélio Ribeiro: “O Espirito Santo já é um cenário natural esculpido por Deus, para que o teatro não morra jamais. Dos Pontões ao Itabira, do Frade e a Freira à Pedra da Ema, do Moxuara ao Mestre Álvaro, das montanhas grandiosas do Caparaó às de Nova Venécia e Pancas, não há só granito subterrâneo que traz riquezas e mortes, mas todo um povo que sabe ser a vida não uma, mas duas: uma pra ser vivida e outra para ser sonhada. Todos somos artistas, estejamos no palco ou na plateia. Muitos anos depois, o teatro deixa de ser catequético e se torna lazer; na época do Romantismo, quando foi a principal diversão da burguesia. Mais do que nunca, o teatro está vivo na terra dos Coutinho, e não só em Vitória”, descreve o mestre escritor Francisco Aurélio Ribeiro.

Vivem os artistas de teatro momentos de grandes expectativas, com a restauração total do histórico Teatro Carlos Gomes, principal palco do estado, o mais antigo do Espírito Santo, e que abriu suas cortinas pela primeira vez em 1927. Temos a promessa da retomada das obras de reforma do Centro Cultural Carmélia, como também a conclusão do complexo Cais das Artes, com o seu projeto que prevê um teatro com capacidade para 1,3 mil pessoas, um museu de 2,3 mil metros quadrados, um auditório para 225 lugares, salas de exposição, biblioteca, cantina, cafeteria e espaços para espetáculos ao ar livre. Será um dos mais modernos espaços de arte e cultura do país.

Em Vila Velha, temos duas excelentes notícias: a primeira é a reforma e restauração total, em curso, com adequação para acessibilidade, do Teatro Municipal Elio Viana, na Praça Duque de Caxias no Centro. E a segunda excelente notícia foi a abertura, no último 20 de janeiro, do moderno Cineteatro das Artes, também no Centro de Vila Velha, localizado no tradicional Shopping da Terra, com capacidade de 110 lugares onde teremos uma vasta programação teatral, privilegiando a música lírica com espetáculos de óperas adultas e infantis, sendo toda essa programação e gestão a cargo dos proprietários do espaço, os consagrados e internacionais cantores líricos Adalgisa Rosa e Lício Bruno, que residem há vários anos em Vila Velha, um grande celeiro de talentos cantores e cantoras de ópera, que fazem sucesso mundo afora.

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Todas essas grandes notíciais são devido às Leis de Incentivo à Arte e a Cultura do Governo do Estado, como também recursos federais das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, como a reformulação e fortalecimento da Lei Rouanet.

A nossa Vila Velha, terceira cidade mais antiga do Brasil, 23 de maio de 1535, ruma para o seu V Centenário (1535/2035), com a promessa dos gestores políticos, de termos um grande teatro municipal com pelo menos 400 lugares, na torcida para que se juntem outros novos espaços para as apresentações e fortalecimento da milenar arte teatral. “Drama e comédia, farsa ou musical, a vida é vivida, cotidianamente, em atos e performances”.

Manoel Goes Neto é produtor cultural, escritor e membro do IHGES

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