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sábado, 15 DE março DE 2025

Setor industrial busca diálogo para reverter decisão dos EUA de taxar aço

Federação das Indústrias lamenta a taxação das importações de aço e alumínio e manifesta preocupação com a medida imposta pelo governo americano

Por Kikina Sessa

A tarifa fixa de 25% sobre todas as importações de aço, anunciada nesta semana pelo governo norte-americano, preocupa o setor industrial, que tem os Estados Unidos como principal destino das exportações da indústria de transformação. O Brasil, que exportou 4,3 milhões de toneladas de aço em 2024, verá um aumento significativo de custos para manter sua presença no mercado americano.

A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), assim como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), lamentou a decisão do governo dos Estados Unidos e, junto ao governo brasileiro, quer buscar diálogo com os EUA na tentativa de reverter a decisão.

“Essa medida é prejudicial tanto para a indústria brasileira quanto para a norte-americana. Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida. Temos todo o interesse em manter a melhor relação comercial com os EUA, que hoje são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil, mas precisamos conciliar os interesses dos setores produtivos dos dois países”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.

O dirigente destaca que a parceria econômica entre Brasil e Estados Unidos é estratégica para a indústria brasileira. “Temos fluxos comerciais e de investimentos altamente diversificados. A CNI trabalha para aprofundar essa relação por meio de uma agenda voltada ao fortalecimento do relacionamento bilateral e da integração internacional”, completa. Por isso, reforça Alban, o Brasil deve trabalhar para construir alternativas consensuais e que preservem essa relação comercial histórica.

Setor industrial busca diálogo para reverter decisão dos EUA de taxar aço
Presidente da CNI, Ricardo Alban, diz que medidas de retaliação podem prejudicar outros setores produtivos – Foto: CNI

Outro ponto destacado pelo setor industrial é que as exportações brasileiras, em especial no caso do aço, são complementares à cadeia produtiva lá existente. Os produtos exportados pelo Brasil não são concorrentes com a produção norte-americana.

“O caminho do diálogo, portanto, é preferencial a medidas de retaliação que podem prejudicar outros setores produtivos cuja importação de produtos norte-americanos seja importante para a produção brasileira”, finaliza o presidente Alban.

Amcham diz que decisão de Trump pode afetar vendas e reduzir compras

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio comprados pelos EUA, tem potencial de afetar “significativamente” as exportações brasileiras nesses setores, alertou a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em nota.

A entidade declarou ainda esperar que os governos brasileiros e dos Estados Unidos busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral.

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A Amcham Brasil chama atenção para o fato de a indústria siderúrgica brasileira possuir significativo grau de integração com os EUA. Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras de produtos que são produzidos pelos norte-americanos.

O aço brasileiro é um insumo estratégico para a indústria americana, argumentou. O Brasil, por sua vez, importa um volume relevante de bens fabricados com aço nos Estados Unidos, incluindo máquinas e equipamentos, peças para aeronaves, motores automotivos e outros bens da indústria de transformação.

“Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras desses produtos de origem norte-americana”, afirmou a Amcham, ainda segundo quem, em 2024, empresas brasileiras importaram US$ 1,4 bilhão em carvão siderúrgico americano, utilizado para a produção do aço no Brasil.

“A Amcham Brasil espera que os governos do Brasil e dos Estados Unidos busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral, que tem registrado recordes nos últimos anos, com ganhos para ambas as economias e expressivo superávit para o lado americano. De acordo com as estatísticas americanas (US ITC), os Estados Unidos registraram superávit de US$ 7,3 bilhões com o Brasil em 2024, um aumento de 31,9% em relação a 2023. Esse valor representa o sétimo maior saldo dos Estados Unidos com um parceiro individual naquele ano”, concluiu a entidade.

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