Federação das Indústrias lamenta a taxação das importações de aço e alumínio e manifesta preocupação com a medida imposta pelo governo americano
Por Kikina Sessa
A tarifa fixa de 25% sobre todas as importações de aço, anunciada nesta semana pelo governo norte-americano, preocupa o setor industrial, que tem os Estados Unidos como principal destino das exportações da indústria de transformação. O Brasil, que exportou 4,3 milhões de toneladas de aço em 2024, verá um aumento significativo de custos para manter sua presença no mercado americano.
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), assim como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), lamentou a decisão do governo dos Estados Unidos e, junto ao governo brasileiro, quer buscar diálogo com os EUA na tentativa de reverter a decisão.
“Essa medida é prejudicial tanto para a indústria brasileira quanto para a norte-americana. Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida. Temos todo o interesse em manter a melhor relação comercial com os EUA, que hoje são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil, mas precisamos conciliar os interesses dos setores produtivos dos dois países”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.
O dirigente destaca que a parceria econômica entre Brasil e Estados Unidos é estratégica para a indústria brasileira. “Temos fluxos comerciais e de investimentos altamente diversificados. A CNI trabalha para aprofundar essa relação por meio de uma agenda voltada ao fortalecimento do relacionamento bilateral e da integração internacional”, completa. Por isso, reforça Alban, o Brasil deve trabalhar para construir alternativas consensuais e que preservem essa relação comercial histórica.

Outro ponto destacado pelo setor industrial é que as exportações brasileiras, em especial no caso do aço, são complementares à cadeia produtiva lá existente. Os produtos exportados pelo Brasil não são concorrentes com a produção norte-americana.
“O caminho do diálogo, portanto, é preferencial a medidas de retaliação que podem prejudicar outros setores produtivos cuja importação de produtos norte-americanos seja importante para a produção brasileira”, finaliza o presidente Alban.
Amcham diz que decisão de Trump pode afetar vendas e reduzir compras
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio comprados pelos EUA, tem potencial de afetar “significativamente” as exportações brasileiras nesses setores, alertou a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em nota.
A entidade declarou ainda esperar que os governos brasileiros e dos Estados Unidos busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral.


A Amcham Brasil chama atenção para o fato de a indústria siderúrgica brasileira possuir significativo grau de integração com os EUA. Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras de produtos que são produzidos pelos norte-americanos.
O aço brasileiro é um insumo estratégico para a indústria americana, argumentou. O Brasil, por sua vez, importa um volume relevante de bens fabricados com aço nos Estados Unidos, incluindo máquinas e equipamentos, peças para aeronaves, motores automotivos e outros bens da indústria de transformação.
“Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras desses produtos de origem norte-americana”, afirmou a Amcham, ainda segundo quem, em 2024, empresas brasileiras importaram US$ 1,4 bilhão em carvão siderúrgico americano, utilizado para a produção do aço no Brasil.
“A Amcham Brasil espera que os governos do Brasil e dos Estados Unidos busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral, que tem registrado recordes nos últimos anos, com ganhos para ambas as economias e expressivo superávit para o lado americano. De acordo com as estatísticas americanas (US ITC), os Estados Unidos registraram superávit de US$ 7,3 bilhões com o Brasil em 2024, um aumento de 31,9% em relação a 2023. Esse valor representa o sétimo maior saldo dos Estados Unidos com um parceiro individual naquele ano”, concluiu a entidade.