Programa contempla uma série de medidas para ampliar a vigilância da quantidade de resíduos de agrotóxicos em alimentos no Estado
Por Otávio Gomes*
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) iniciou a implementação do Programa de Monitoramento de Resíduos de Agrotóxicos em Alimento. O objetivo dele é verificar resíduos de agrotóxicos nos alimentos para contribuir na adoção de medidas de enfrentamentos. A iniciativa acontece por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi) e da Subsecretaria de Estado de Vigilância em Saúde (SSVS).
A iniciativa terá supervisão do Programa de Qualificação das Redes de Vigilância em Saúde (PQRVS), que pretende realizar um diagnóstico da presença desses resíduos nos alimentos consumidos pela população. O PQRVS vai executar as etapas necessárias para a implantação, como realizar um diagnóstico do cenário capixaba, definir as diretrizes para o plano de amostragem, padronizar procedimentos e promover capacitações de servidores das Vigilâncias Sanitárias Municipais (Visas) para atuação no programa.
A exposição a agrotóxicos pode acontecer pelo consumo de água e alimentos contaminados em quantidade acima do índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA), classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O monitoramento foi instituído por meio da Portaria Estadual n.º 010-R, de 23 de fevereiro de 2023A. A nutricionista e supervisora do PQRVS, Aline Salvador, explica que a importância do programa se dá pela preocupação dos profissionais de saúde.
“Uma das frentes de trabalho do projeto visa fortalecer a rastreabilidade de frutas e hortaliças nos estabelecimentos do Espírito Santo, por meio da padronização e intensificação das ações de fiscalização. A rastreabilidade é uma exigência no estado desde o final de 2017, que permite que, a partir de inconformidades encontradas nos alimentos, sejam promovidas orientações à cadeia produtiva”, explicou Aline.
Riscos à saúde
Os riscos do consumo de alimentos com resíduos de agentes fitossanitários (conhecidos popularmente como agrotóxicos) variam desde reações adversas leves até a contribuição para o desenvolvimento de câncer. Além disso, há também o risco agudo de intoxicação após o consumo de alimentos contendo alto nível de resíduos de agrotóxicos em um período de 24h.
Algumas reações imediatas conhecidas são: irritação na pele, ardência, desidratação, alergias, tosse, coriza, dor no peito, dificuldade de respirar, dor de estômago, náuseas, vômitos e diarreia. Já os efeitos adversos associados à exposição contínua e prolongada abrangem dificuldade para dormir, esquecimento, problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireoide, dos ovários e da próstata e outros.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia e classifica os agrotóxicos e seus componentes. Os resultados dos estudos são utilizados para estabelecer a classificação toxicológica e para calcular o parâmetro de segurança que consiste na Ingestão Diária Aceitável (IDA) de cada ingrediente ativo. O IDA é definido como a quantidade máxima de agrotóxico que as pessoas podem ingerir por dia, durante toda a vida, de modo a não causar danos à saúde.
*Sob supervisão de Erik Oakes