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sábado, 20 abril, 2024

Depoimento de Lula: ex-presidente bate boca com Moro

O depoimento de Lula a Moro terminou em discussão entre os dois. Lula acusou o magistrado de agir com imparcialidade, e de ser refém da imprensa nacional 

Com duas horas e dez minutos de duração, o depoimento de Lula foi encerrado às 16h26 desta quarta-feira (13). Segundo a Justiça Federal, o ex-presidente Luiz Ignacio Lula da Silva não respondeu algumas das perguntas que lhe foram feitas.

O depoimento terminou em discussão entre os dois. Segundo a Veja, Lula acusou o magistrado de agir com imparcialidade, e de ser refém da imprensa nacional. “Não posso deixar de dizer que esses processos contra mim virassem vocês reféns da imprensa”, disse o ex-presidente.

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O advogado de Lula, Cristiano Zanin, diz que Moro, inclusive, cita reportagens jornalísticas.
“Vou chegar em casa amanhã almoçar com 8 netos e uma bisneta de 6 meses. Posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”, diz Lula.

“Não cabe ao senhor perguntar isso a mim. Mas de todo modo sim”, respondeu Moro irritado. Lula então rebateu: “Não foi o procedimento na outra ação”.

“Eu não vou discutir a outra ação com o senhor. A minha convicção é que o senhor foi culpado. Se fossemos discutir aqui, não seria bom para o senhor”, disse Moro.

Lula então, diz que tem que discutir sim. “Vou esperar que a justiça continue a fazer justiça nesse país”. Moro interrompeu e encerrou a gravação

Depoimento de Lula

O ex-presidente falou sobre o ex-ministro Antônio Palocci. “Não tenho raiva do Palocci. Eu
tenho pena dele”. Em determinado momento, chamou de “querida” a procuradora da República Isabel Groba Vieira, integrante da força-tarefa da Lava Jato. Ela não gostou e pediu a Lula que respeitasse o protocolo.

Lula afirmou que o objetivo do MPF (Ministério Público Federal) é incriminá-lo. Novamente se referiu ao PowerPoint apresentado pela força-tarefa, na qual ele aparece como chefe do
esquema de corrupção. E perguntou por que o procurador Deltan Dallagnol estava ausente. “Aquele PowerPoint é uma mentira.”

Esse foi o segundo encontro presencial entre Lula e Moro. Segundo depoimento de Lula levou metade do tempo que o anterior. O ex-presidente Luiz Ignacio Lula da Silva, na tarde desta quarta-feira (13), durou cerca de duas horas e meia. Em maio deste ano, ele falou durante quase cinco horas ao juiz Sérgio Moro, na ação que envolveu o tríplex do Guarujá.

Informações iniciais são de que o petista não respondeu a perguntas em depoimento ao magistrado, presente ao prédio da Justiça Federal desde as 10h. Moro chegou em um carro blindado com seguranças da Justiça.

Oderbrecht

Hoje, a ação penal se refere ao recebimento de propina da Oderbrecht, por meio de dois imóveis. O empresário Marcelo Odebrecht diz ter usado a conta de propina que a empresa mantinha com o PT para adquirir um terremo para abrigar a sede do Instituto Lula.

Marcelo disse ainda ter repassado valor para pagamento de uma cobertura vizinha à de Lula. Quando era presidente, Lula ocupou o apartamento vizinho por segurança. Mas, ao deixar o cargo, em 2011, manteve o uso do apartamento, adquirido por Glaucos Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai.

O depoimento de Marcelo Odebrecht, que firmou acordo de delação com a Procuradoria Geral da República, foi confirmado pelo ex-ministro Antonio Palocci. Ele confirmou que o imóvel era destinado ao Instituto Lula. O ex-presidente teria desistido de aceitar o prédio após reunião em que Palocci questionou o negócio. Teriam participado do encontro Bumlai e o advogado Roberto Teixeira, que intermediou as negociações.

Apoio ao depoimento de Lula

Por volta das 13h30, cerca de 200 pessoas chegaram à Praça Generoso Marques, no centro de Curitiba, segundo policiais militares que faziam a segurança do local.

Carregando bandeiras dos partidos PT e PCO, vestindo camisetas vermelhas, manifestantes discusavam contra o governo de Michel Temer e em defesa de Lula. Camelôs vendiam chapéus, camisetas, faixas e guarda-chuvas com a inscrição “Lula 2018”. Também havia faixas com “Fora, Temer” e “Eleição sem Lula é fraude”.

Havia também uma banca na praça com pessoas coletando assinaturas pedindo que o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff seja revertido.

Lula chegou à sede da justiça federal em Curitiba às 13h49, de carro. Desceu do veiculo antes do bloqueio de segurança, para ser recepcionado pelos manifestantes que o esperavam. Foi ovacionado e escoltado por militantes e lideranças petistas, da mesma forma que ocorreu no primeiro depoimento, em maio. Cerca de 300 apoiadores se posicionaram nos pontos de bloqueio feitos pela Polícia Militar, nas ruas próximas ao prédio da Justiça.

Dez minutos antes de Lula, a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), chegou ao prédio da Justiça Federal em Curitiba. Questionada sobre a possibilidade de Lula fazer um “desabafo” perante Moro, a senadora disse não acreditar nessa postura. “Espero um Lula com posições firmes.”

Na avaliação de Gleisi, a delação de Antonio Palocci, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, não afeta nem o ex-presidente nem o PT, “porque foram mentirosas”. Segundo ela, “ele falou tudo aquilo para se livrar da cadeia”. A senadora afirmou ainda que já está em curso no PT um processo para o desligamento de Palocci. A justificativa para a expulsão de Palocci seria o fato do estatuto da sigla não permitir que se “fale mal do partido”.

Remarcado

Também estava agendado para esta quarta-feira o depoimento do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Lula. O interrogatório foi remarcado, pela segunda vez, porque Teixeira estava internado em São Paulo com problemas cardíacos.

Além de Lula, a força-tarefa da Lava Jato da Justiça Federal de primeira instância do Paraná tomou o depoimento de Branislav Kontic. O conteúdo da oitiva do ex-assessor especial da Casa Civil e braço direito do ex-ministro Antonio Palocci não foi divulgado.

Em maio, Lula esteve pela primeira vez frente a frente com Moro para prestar depoimento no caso do triplex do Guarujá. O petista já foi condenado naquela ação, em primeira instância, a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Não há previsão de data para o julgamento, que vai ocorrer no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre.

 

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