Quem acha que São Mateus se resume a carnaval em Guriri, o principal balneário do município, está bem enganado. Apesar de se destacar pelo fortíssimo turismo, a região reserva um lindo sítio histórico, primeiro tombamento realizado pelo Conselho Estadual de Cultura, em 1976
Trata-se de um conjunto arquitetônico, composto por 33 edifícios, casas térreas e sobrados, que se desenvolveu às margens do Rio Cricaré, em torno de uma grande praça portuária.
Mas a cidade foi edificada sem simetria e um pouco distante do rio, seguindo os padrões urbanos de vilas portuguesas. Se você olhar a praça de longe, vai entender bem do que estou falando.
História
Por volta de 1751, a região era uma província que pertencia à Comarca de Porto Seguro, cidade da Bahia. Assim, tornou-se uma vila, simples, sem muitas riquezas. As ruas passaram a ser medidas, e a única construção que se tinha conhecimento era a Igreja Matriz, situada na praça principal do município e que até hoje se mantém com a estrutura original, recebendo reparos ao longo do tempo.
São Mateus era vista como uma localidade promissora por se dedicar à produção de farinha de mandioca, cana-de-açúcar e cereais e à exploração de madeira. Por isso, começou a ser colocada ao patamar de vilarejo de aristocratas que iniciaram as obras de casarios cada vez mais bonitos. Quanto mais quartos, mais rica era a família.
A área próximo ao porto era o principal núcleo de atividades da população. Além disso, os moradores trouxeram arquitetos portugueses para edificarem a maioria dos casarões, que mantêm suas características arquitetônicas ainda na atualidade.
Mas foi a partir de 1938 que tudo mudou, com a construção da estrada que liga Linhares a São Mateus. Isso fortaleceu ainda mais as atividades econômicas, porém o transporte aquático, antes intenso, foi perdendo força, e as grandes casas comerciais se mudaram para a cidade alta.
Outros atrativos do roteiro histórico?
Você pode estar se perguntando: o que mais faz parte desse centro histórico para ser conhecido em São Mateus? Existem muitos monumentos,
como o Museu Eclesiástico da Arte Sacra, a Catedral de São Mateus, a Igreja de São Benedito ou a Biquinha, construída em 1880, um reservatório de água potável recolhida de várias nascentes na Avenida Cricaré. Mas vamos aos destaques:
Igreja Velha
Um dos monumentos mais antigos de São Mateus não pode deixar de ser visitado, pois guarda uma história interessante em sua estrutura. Projetada pelos jesuítas no século XIX, a igreja começou a ser construída por escravos com argamassa de óleo de baleia e cal. Em 1853, por decisão da Câmara Municipal, a obra foi paralisada e nunca mais concluída.
Igreja Matriz
Localizada na praça principal do município, foi a primeira construção levantada na cidade. O templo religioso foi edificado pelos jesuítas em 1794 e agrega diferentes estilos arquitetônicos, que passam pelo colonial, neoclássico e rococó, entre outros, resultado das várias reformas ao longo do tempo. Infelizmente, em 1949, sofreu um incêndio no altar-mor, que exigiu a restauração desse espaço e a pintura da obra “Os Anjos da Matriz”, produzida pelo artista mateense Ciro Sodré. Na parte superior da torre está o túmulo de Dom José Davit, primeiro bispo de São Mateus.
Museu Municipal
Você sabia que a pequena casa marrom abrigava a cadeia do município até metade do século 20 e a sede municipal até a década de 1980? O local foi construído em 1794 e era dividido em dois espaços. Já o museu está instalado por lá desde 2001. Na parte de baixo, onde funcionava a cadeia, estão expostos peças da época da escravidão, resquícios da presença de indígenas na região e utensílios desse povo, como urnas funerárias de cerâmica de origem tupi, além de ferramentas e outras antiguidades. Na parte de cima, onde funcionava a Câmara Municipal, estão móveis, louças e quadros que contam a história da cidade e da cultura da região.
Mercado Municipal
Ir a São Mateus e não passar pelo principal mercado do município é inaceitável. Lá é um verdadeiro ponto de encontro de gastronomia, pessoas interessantes e boa música. O espaço foi construído na década de 1960 e já passou por muitas reformas, recebendo alguns mosaicos que retratam a cultura e a economia locais.
Como chegar: da capital Vitória, siga pela BR-101. Na rotatória, pegue a primeira saída e mantenha-se na BR-101. Vire à direita na ES-315, depois passe pela BR-381.