Depois de passar a maior parte da sua juventude se qualificando para se tornar um bom profissional, você vai gastar quase todos os outros anos que lhe restam se empenhando no trabalho. Cargas horárias puxadas, superiores a 12 horas diárias, incluindo finais de semana, estresse no trabalho e muita preocupação, de alguma forma, fazem parte de sua rotina profissional. Nessa correria toda, fica difícil arrumar um tempo para cuidar de você e, principalmente, da sua saúde. Mas uma simples caminhada de 30 minutos, três vezes por semana, acredite, pode ser a solução.
Pelo menos foi, e ainda é, para o jornalista Eustáquio Palhares, um dos adeptos da caminhada. “Descobri que longas caminhadas têm o poder de tratar a depressão. Caminhar sob a luz do sol é um dos mais poderosos remédios que existem. Caminho pelo menos uma hora por dia”, comenta. Palhares também reconhece os benefícios da atividade física. “Hoje, eu tenho a caminhada como a mais completa e perfeita atividade física. Se você quiser ter saúde, você precisa ter atividade física. A caminhada tem baixo impacto e é moderada. Entendo que a caminhada é uma necessidade fisiológica. O homem foi feito para andar”, ressalta.
Realmente, a prática de atividades físicas, incluindo a caminhada, só traz vantagens para a saúde. O cardiologista Edson Egashira explica que a atividade física atua em todo o organismo. “É possível observar mudanças desde o cérebro até a parte cardiovascular e muscular. A pessoa que pratica exercícios físicos tem uma sensação de bem-estar, porque o organismo libera as chamadas catecolaminas, que dão essa sensação. Além disso, a prática de exercícios físicos, incluindo a caminhada, aumenta a autoestima, diminui as chances de desenvolver depressão e melhora o controle do apetite. Na parte cardiorrespiratória, melhora a oxigenação e diminui as infecções respiratórias. Caminhar aumenta também o calibre dos vasos sanguíneos, melhorando a circulação tanto da parte das veias, quanto das artérias. Além disso, aumenta a tolerância ao estresse”, ressalta.
E é também para fugir do estresse que o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Lucas Izoton, inclui a caminhada em sua rotina. “Eu sou do tempo que nos deslocávamos, quando éramos crianças, andando a pé ou de bicicleta. A distância de alguns quilômetros não era obstáculo. Até hoje eu gosto de caminhar, porque a caminhada me gera uma oportunidade de fazer reflexões e pensar um pouco mais em alguns assuntos, já que meu dia é uma correria normalmente. Além disso, caminhar faz bem ao corpo, me deixa mais saudável. É bem prazeroso acordar cedo, fazer uma caminhada e ir trabalhar depois”, comenta.
O primeiro passo
Mas, antes de sair andando por aí, é necessário fazer uma avaliação situacional. O professor de Educação Física Geraldo do Nascimento explica que antes de iniciar qualquer atividade física, toda pessoa deve fazer uma avaliação médica, para saber em que situação o corpo se encontra. “O segundo passo é uma avaliação física, das estruturas corporais, do grau de força e de condicionamento e também para verificar se há sobrepeso. Quando há sobrepeso, é preciso uma atenção maior, porque a atividade física deve se adequar às limitações da pessoa. Então, antes que ela comece a caminhar, é necessário analisar se as estruturas anatômicas aguentam esse peso. Só depois de feitas as avaliações é que se deve começar a atividade física, sempre com a orientação de um profissional”, explica Geraldo.
Na parte clínica, o cardiologista Edson Egashira explica que os exames variam. “Tudo vai depender da idade, se ela já tem alguma doença prévia ou histórico familiar de doença do coração, por exemplo. É necessário passar por um cardiologista para avaliar se é necessário algum exame específico”, afirma. Entretanto, existem alguns exames que, segundo o médico, normalmente são indicados para quase todas as pessoas: o eletrocardiograma, o teste ergométrico e o ecocardiograma.
Um ponto é consenso entre os dois profissionais: de modo geral, não existem restrições para a caminhada. O cardiologista ressalta que a exceção são as pessoas com problemas ortopédicos, como lesões no joelho e na coluna. “A caminhada pode ser realizada inclusive por pessoas com doença grave de coração. A partir do momento que o médico libera o paciente para o exercício físico, a caminhada pode ser uma recomendação médica”, defende.
As restrições são definidas de acordo com o objetivo que a pessoa tem ao caminhar. O professor de educação física explica que os limites de cada pessoa é que vão determinar o ritmo do exercício. E Geraldo também dá a dica: “A caminhada só leva para condicionamento e princípios aeróbicos a partir dos 20 minutos. A partir daí, começa a perda calórica”, explica. Segundo o profissional, o ritmo ideal para quem está começando a caminhar é manter 70 passos por minuto. Já para quem já caminha e quer aumentar o condicionamento, Geraldo indica de 120 a 130 passos por minuto, quase correndo.
O cardiologista Egashira também passa algumas recomendações para quem está começando. “O tempo ideal recomendado é de 30 a 40 minutos diariamente, ou, quando não for possível a prática diária, de três a cinco vezes por semana. A caminhada tem todos os benefícios da atividade física para o sistema cardiovasular. O ideal é a caminhada mais rápida, em que a pessoa anda em torno de 100 metros por minuto. Pesquisas da Federação Mundial de Cardiologia indicam que após cinco anos seguidos de prática de atividade física, diminui-se em até 35% a incidência de doenças cardíacas, como infarto e derrame”, explica o cardiologista.
E diante de tantos benefícios para o corpo e a mente, que tal seguir a dica do presidente da Findes, Lucas Izoton: “Uma caminhada de uma ou duas horas sempre mexe com seu corpo. Você gasta calorias, se sente mais saudável e disposto e mantém seu peso dentro de certa normalidade. Caminhar é um grande prazer.”
