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sexta-feira, 19 abril, 2024

Que tal ir de bike?

A cada dia, mais e mais pessoas se rendem ao convite de “colar com a magrela”

Por Naiara Gomes

Muita economia de dinheiro, a sonhada fuga do trânsito intenso, condicionamento físico, momentos de lazer ou adrenalina. E tudo isso ainda com o aval da sustentabilidade! Muitos são os aspectos positivos que entram na lista de argumentos para que, a cada dia, cresça o número de adeptos da cultura do uso da bicicleta nos grandes centros urbanos. Sim, a bike fever se justifica pelas vantagens que a “magrela” carrega, apesar de ainda enfrentar um cenário desafiador no que diz respeito à segurança e à infraestrutura.

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Há ainda as bicicletas compartilhadas, que, ao contrário do que muita gente poderia imaginar, não concorrem com a venda de unidades particulares. Ao contrário, têm incentivado ainda mais as pessoas a adquirirem sua própria bike.

Todos esses fatores colaboram para que a frota nacional de bicicletas seja hoje superior a 75 milhões de unidades, se considerarmos a estimativa da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motores, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

Em 2015, a entidade já apontava uma frota acima de 70 milhões e, em 2019, somente os fabricantes do Polo Industrial de Manaus (PIM), no Amazonas – que respondem por 40% da produção nacional – fabricaram 919.924 unidades. E a estimativa é que esse indicador suba para 987.000 neste ano.

Que tal ir de bike?
PAIXÃO | Layds & Brutas uniu amigos e família em torno da bike

Na avaliação do vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, o aquecimento da economia causado pela baixa taxa de juros e a queda da inadimplência dos consumidores têm estimulado a compra do veículo. “Além disso, vimos nos últimos anos um forte incentivo ao uso da bicicleta como um meio de locomoção, e não somente como lazer.

Isso se reflete no aquecimento e populariza o uso da bike”, enfatiza Gazola. Uma “moda” que há pelo menos duas décadas já invadiu cidades pelo mundo afora como Amsterdã (Holanda), Barcelona (Espanha), Hamburgo (Holanda), Budapeste (Hungria), Bogotá (Colômbia) e mesmo a fria Helsinki, na Finlândia, que passa a maior parte do ano com suas ruas cobertas de neve.

E no ranking das metrópoles parceiras dos amantes da locomoção sobre duas rotas entram ainda Londres, Montreal, Munique, Nova Iorque, São Francisco, Madri, Paris, Estocolmo, Tóquio, Viena, Xangai e as brasileiras Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

Aqui no Espírito Santo, o ato de pedalar está cada vez mais frequente nas ruas da Grande Vitória e do interior. Muitas pessoas optam pela “magrela” para fazerem seus trajetos, sejam eles para compromissos profissionais ou pessoais, pensando no meio ambiente.

A bike é um veículo sustentável, limpo, que não emite qualquer gás do efeito estufa, como o CO², na atmosfera, ao contrário de carro, moto e ônibus.

Entretenimento

Como a paixão pela bicicleta tem se tornado cada vez mais comum, muitas pessoas estão se reunindo para simplesmente pedalar por aí, no asfalto ou em trilhas. São os chamados grupos de pedal. Há cerca de quatro anos, a técnica em Enfermagem Fabíola Scamparle Suim, de 41 anos, criou um deles: o Layds & Brutas.

Voltado para famílias e amigos, ele já conta com mais de 60 integrantes da Grande Vitória, a maioria de Cariacica e Viana. “A bicicleta me ajuda em tudo. É um remédio natural, antidepressivo, antiestresse, ajuda a perder peso e ainda me possibilita fazer novas amizades”, disse.

Há quem goste, no entanto, de pedalar sozinho, como uma forma de fugir da rotina, renovar as energias e praticar um exercício físico. É o caso do inspetor penitenciário Aquiles Porfírio de Andrade, de 29 anos, que usa a bicicleta para fazer passeios e ter momentos de lazer. “Andar de bike me possibilita percorrer paisagens do nosso Estado que poucas pessoas conhecem e me conectar com a natureza”, afirma.

Rapidez

O trânsito é um problema comum nos centros urbanos, tanto para quem usa o transporte coletivo quanto para quem opta pelo carro. Na Grande Vitória não é diferente. Por isso, para fugir dos engarrafamentos e, consequentemente, diminuir o tempo de deslocamentos, o universitário Rafael Melotti, de 21 anos, opta pela “magrela” para ir de Jardim Camburi, em Vitória, à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, onde estuda. “Além de proporcionar uma economia, gasto o mesmo tempo ou até menos do que eu gastava quando ia de ônibus”, conta o aluno de Matemática-Licenciatura.

Competição

Já para o mecânico Denisval Alves de Souza, de 45 anos, a bicicleta é um assunto sério, que remete a treinos, competições, medalhas e troféus. Ele compete nas categorias “Mountain” e “Ciclismo de Estrada” há 21 anos. Tudo começou quando tinha 14 anos e resolveu pedalar para entregar mais rapidamente os jornais que vendia.

Que tal ir de bike?
COMPETIÇÃO | Com rotina puxada, Denisval já conquistou títulos

Em 1998, um amigo o chamou para competir, ele conquistou o terceiro lugar e não parou mais: já são nove títulos estaduais e um nacional, em 2013, na categoria “Ciclismo de Estrada”. “Minha rotina de treinos é puxada. Treino cinco vezes por semana: às terças, quartas e quintas, aos sábados e aos domingos. Acordo às 5 horas e treino das 5h30 às 8 horas”, relata.

Mobilidade Urbana

Para que a população das cidades adote a bicicleta como meio de transporte, é fundamental que o poder público invista em soluções de mobilidade e em ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Cariacica, Serra, Vila Velha, Vitória, por exemplo, pretendem investir ainda mais na área nos próximos anos.

O Plano de Mobilidade Urbana de Cariacica, por exemplo, prevê a construção de 8 km de ciclovias em até seis anos e 31 km de ciclofaixas nos próximos três anos.

Que tal ir de bike?
TRÂNSITO | Para Rafael, um dos benefícios de andar sobre duas rodas é o menor tempo de deslocamento

Os novos trechos integrarão os bairros Porto de Santana, Itacibá, Jardim América e Campo Grande. Também estão previstos trechos conectando Novo Brasil, Vale dos Reis, Mucuri, Nova Brasília e Itanguá, de Jardim Botânico a Jardim América e à região da Grande Flexal.

Já na Serra, o plano cicloviário do município prevê a implantação de novas vias para ciclistas, em avenidas como a Norte Sul, José Rato e Talma Rodrigues Ribeiro. São, ao todo, mais de 100 quilômetros previstos.

A Prefeitura de Vila Velha, por sua vez, tem um planejamento preliminar de curto a longo prazo para implantação de novas ciclovias e ciclofaixas, bem como para resolução dos problemas de sinalização e acesso das ciclovias existentes nos bairros Novo México, Brisamar, Santa Inês, Araçás, Santa Inês, Cobilândia, Coqueiral de Itaparica, Glória, Paul, Cobilândia, São Torquato e Vale Encantado e na região da Grande Terra Vermelha.

Em Vitória, o plano é chegar ao final de 2020 com 50 km de ciclovias e ciclofaixas, inclusive em grandes corredores, segundo a secretária municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de, Ana Elisa Nahas.

As obras da nova Avenida Vitória, por exemplo, contemplam a construção de uma ciclovia no canteiro central. “Temos trabalhado nessa ampliação com o objetivo de entender o caminho seguro para o ciclista passar com sua bicicleta”, afirma a secretária.

Vitória e Vila Velha, inclusive, contaram durante um ano, aproximadamente, com os patinetes e bicicletas compartilhadas das empresas Yellow e Grin. No início deste ano, no entanto, os dois equipamentos deixaram de circular nos dois municípios.

Em nota, a Grow, responsável pelas operações, afirmou que, devido a um processo de reestruturação, as bicicletas foram retiradas de todas as cidades brasileiras e os patinetes só funcionarão em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR).

O secretário estadual de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, lamenta o fim dessa circulação, mas ressalta que oferecer mais opções de mobilidade urbana é uma das grandes preocupações do Governo do Estado.

Por isso, as ciclovias já fazem parte dos projetos de diversas obras que ainda serão realizadas, como a ampliação da Terceira Ponte, o Portal do Príncipe, em Vitória, e o viaduto de Carapina, na Serra.

De acordo com Damasceno, a atual gestão também está estudando formas de integrar as bicicletas ao transporte público por meio da implementação de bicicletários próximos a pontos de ônibus. Ainda não há, no entanto, um prazo para o projeto sair do papel.

“Criamos uma gerência para tratar exclusivamente de mobilidade ativa e estamos em fase de estudo, conversando com as prefeituras e pesquisando localizações.

Queremos oferecer para o usuário uma forma de mobilidade para o último trecho de seu trajeto. Com essa integração, ele poderá descer do ônibus, pegar uma bicicleta e pedalar até a sua casa”, afirma.

É necessário também proporcionar segurança para os ciclistas. É o que lembra Marcos Paulo Silva Duarte, presidente da Federação Espírito-Santense de Ciclismo (Fesc), citando os frequentes furtos e roubos de bicicletas.

Para tentar mudar esse quadro, a federação estimula os ciclistas a cadastrarem suas bicicletas em sistemas como o Bike Registrada e está criando uma comissão de segurança para propor ações para o Governo do Estado.

A ideia é inspirada na Comissão de Segurança no Ciclismo da Cidade do Rio de Janeiro. De acordo com o presidente da federação, representantes de 50 grupos de ciclistas da Grande Vitória participaram da primeira reunião que debateu a comissão e que foi realizada na primeira semana de fevereiro.

“Como os ciclistas pedalam por diversos locais do Espírito Santo, eles sabem onde estão os pontos mais críticos. Queremos conversar com os órgãos competentes e repassar os dados dos locais que precisam ser melhorados no quesito segurança” alega Marcos Paulo.

Esta matéria é uma republicação exibida na Revista ES Brasil – Fevereiro/2020, produzida pela jornalista Naiara Gomes e atualizada em 2021 (Priscilla Cerqueira). Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi originalmente escrita.

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