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quinta-feira, 5 DE dezembro DE 2024

Quatro perspectivas do turismo emergem das eleições como prioridade

O fato é que o assunto turismo entrou na agenda. Cada cidade dará sua ênfase, seu foco e definirá suas prioridades

Por José Antonio Bof Buffon

O turismo chegou forte nestas eleições municipais. Ainda há poucas propostas concretas e coerentes, mas a fala dos candidatos foi, em boa medida, povoada com esta preocupação. O turismo é, cada vez mais, um tema relevante no mundo. A gestão turismo se dá essencialmente no território em que ele é praticado e, no Brasil, esta instância de governança e gestão basilares é o município.

Em quatro municípios ficou bem evidente que o tema vai ganhar importância. Por razões bem óbvias, em Santa Leopoldina e na Serra. Em ambos os casos porque os prefeitos eleitos são ex-secretários de turismo do Espírito Santo, com a particularidade de que ao longo de 2024 trabalharam em conjunto na Secretaria de Estado de Turismo (SETUR-ES).

Em Santa Leopoldina, o turismo é uma componente crucial para revitalização e soerguimento do município. Santa Leopoldina foi a pioneira no turismo da região das 3 Santas, mas experimentou um processo de prolongado esvaziamento, ao passo que Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá, além de Domingos Martins, em diversas vertentes, se tornaram municípios muito dinâmicos.

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No entanto, os diversos caminhos trilhados pelos vizinhos oferecem referências e lições para este reencontro de Santa Leopoldina com a prosperidade. Há que se ter diálogo com o segmento produtivo, foco e perseverança na implementação dos projetos e ações que redinamizem a cidade, cooperação com os municípios do entorno e boas parcerias com o Governo, nada que não esteja ao alcance do prefeito eleito.

Em Serra, o assunto é mais complexo. Por ser o mais importante e mais dinâmico município do Estado, com economia fortemente fincada em logística e indústria, o turismo foi deixado em segundo plano ao longo das últimas gestões. Na Serra, o esforço em pauta é requalificar e sofisticar o desenvolvimento da cidade e, para tanto, o turismo, até por requerer uma gestão sofisticada e participativa, se apresenta como um elemento central neste esforço.

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Cabe naquele município, desde logo, a realização de Planos Diretores para o Mestre Álvaro, para as Lagoas e para o Litoral. Três territórios que poderão suportar o desenvolvimento do turismo com um segmento de grande relevância para dinamizar e qualificar a economia e para a geração de trabalho e renda.

Outros dois municípios em que o assunto aflorou com força foram Linhares e Guarapari.

Em Linhares, a nova gestão vai encontrar um ambiente empresarial muito atuante e participativo, com lideranças muito engajadas. O município tem um Plano de Turismo, que já se encontra em adaptação ao que é proposto pelo Plano Nacional de Turismo. O município tem um enorme potencial, por ser muito vasto e muito diversificado.

A par do turismo rural, que alcança praticamente todo o território, vale para Linhares uma abordagem similar do que se recomenda para Serra. Três eixos estratégicos aglutinantes, que demandam, cada um, um Plano Diretor: (i) as Lagoas; (ii) as Margens e Calha do Doce; e (iii) o Litoral, incluindo a Foz do Doce, neste caso, já como o propósito de ser estabelecer no Litoral o “Distrito Turístico da Foz do Doce”, envolvendo Povoação, Regência e respectivas adjacências.

Em Guarapari, a situação é bem mais complexa do que nos municípios acima mencionados. A princípio é mais fácil, porque ninguém na cidade precisa ser convencido do que turismo é importante e estratégico, de vez que o município foi formatado pelo turismo e é genuinamente vocacionado para esta atividade. Mas também é mais difícil, porque a pauta do turismo em Guarapari é permanente, porque é a maior pauta de desenvolvimento econômico da cidade e que está a requerer uma governança público-privada dinâmica, forte e muito cooperativa, além de atuação estratégia e tempestiva por parte da municipalidade.

A cidade precisa de uma visão de futuro, que seja amplamente aceita e concertada entre os principais atores do setor público e privado. Uma visão de futuro bem definida favorece a divulgação e a promoção do destino, descongela e orienta os investimentos privados e facilita enormemente a definição de prioridades para a ação do setor público.

Guarapari necessita de uma governança sólida, com arenas privadas de diálogo e concertação que estabeleçam canais permanentes e abertos entre o setor privado e público. Uma estrutura de governança que possa garantir que a cidade caminhe em direção à visão de futuro estabelecida. Além disso, a governança eficiente ajudaria a enfrentar crises e emergências de maneira tempestiva.

Apesar de seu consagrado sucesso como destino turístico, além de governança e visão de futuro, Guarapari apresenta lacunas que precisam adequadamente equacionadas e resolvidas para que seja garantido seu crescimento sustentável e equilibrado. São necessárias ações coordenadas entre os setores público e privado, além da implementação de estratégias e projetos mobilizadores.

O fato é que o assunto turismo entrou na agenda. Cada cidade dará sua ênfase, seu foco e definirá suas prioridades. Para Serra e Linhares significará mais uma componente relevante no desenvolvimento destas cidades.

Para Santa Leopoldina, de forma organicamente articulada com a agricultura familiar, representará o esteio de sustentação do renascimento da cidade. Em Guarapari, pode-se dizer que o turismo é tudo.

Em regra, fica a sugestão para os novos prefeitos:

  • Não se afobar e querer vencer o tempo perdido rapidamente;
  • Ativar e valorizar as instancias de governança formais e informais da cidade;
  • Revisitar Planos e prioridades já evidenciadas e pactuar um conjunto de ações exequíveis, de curto e médio prazo;
  • Planejar o logo prazo;
  • Fugir da pulverização de recursos para atender pequenas demandas, pois estão são infinitas, não são portadoras de futuro e trazer a transformação da cidade.

José Antonio Bof Buffon é Economista e Secretário Executivo da Câmara Empresarial do Turismo da Fecomércio-ES

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