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sábado, 20 abril, 2024

Novos investimentos e parcerias para crescer em Kennedy

Destaque econômico do litoral sul, cidade se planeja para receber o Porto Central. Saneamento básico e habitação também são prioridades

Localizada no extremo sul do Espírito Santo, a cidade de Presidente Kennedy, uma das mais novas do Estado, chega aos 55 anos de emancipação política ostentando o status de destaque econômico em sua região. Pequeno em tamanho, mas grande em potencial e riqueza, o município com 11.309 moradores tem uma generosa costa litorânea cujas descobertas relativamente recentes do chamado “ouro negro” foram essenciais para seu impulso financeiro.

A principal atividade produtiva local é a petrolífera, responsável por 90% da arrecadação aos cofres municipais. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), nos primeiros quatro meses deste ano, Kennedy recebeu R$ 46.619.641,82 em royalties, uma compensação dada pelas empresas exploradoras do recurso no seu campo marítimo. A quantia é superior à registrada do mesmo período de 2017 (R$ 41.902.843,08). A expectativa é que os números consolidados de 2018 apontem um crescimento ainda mais robusto dessa receita. “E para 2019, esperamos um aumento na arrecadação devido a novos postos que foram leiloados no início deste ano pela ANP”, destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, José Augusto Paiva.

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Além desses repasses, a prefeitura mantém um fundo de investimento no qual aloca os demais recursos provenientes desse resultado extrativista ao longo do tempo, cujo valor já chega a R$ 1 bilhão, mais os juros.

Apesar de tanta riqueza, é possível encontrar vários problemas de infraestrutura que afligem os moradores. Um deles é o esgoto que corre a céu aberto. Diante desse quadro, o poder público promete eliminar as deficiências em saneamento básico por meio de projetos já em andamento. “Estamos em licitação de 11 estações de tratamento para fazer a coleta de 100% do esgoto. Na zona rural, nossa intenção é instalar os digestores. Com isso, a estimativa é ter todo o esgoto tratado em Kennedy no prazo máximo de quatro anos”, explicou o secretário.

Um dado divulgado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) em dezembro aponta que o município não só perdeu o posto de maior PIB per capita do país para Paulínia (SP) como foi parar na 17ª posição na tabela, apesar de ainda liderar no Espírito Santo. As cifras comparam o desempenho de 2015 com o mais recente, de 2016, que mostra queda de R$ 513 mil para R$ 169 mil nesse indicador. A baixa foi atribuída à retração nos preços internacionais do petróleo observadas naquela época.

Novas perspectivas
Novos investimentos e parcerias para crescer em Kennedy
Obras da rodovia que liga Kennedy à BR 101

Melhorar a infraestrutura é uma necessidade regional urgente. Segundo um estudo contratado pela prefeitura, até 2025 a população da cidade pode dobrar por conta da expectativa da construção do Porto Central. As obras estão previstas para começar em 2019 e devem abrir cerca de 7 mil vagas de trabalho.

Com a projeção de mais empregos, empresas e habitantes, Presidente Kennedy virou um canteiro de obras. Mais de 100 quilômetros de estradas estão sendo pavimentados para receber o megaempreendimento da iniciativa privada, orçado em mais R$ 3 bilhões. A municipalidade vem construindo creches, praças, postos de saúde e casas – serão mais de 700 imóveis edificados. O aporte financeiro nessas intervenções é de R$ 75 milhões, dinheiro proveniente de royalties. “O município está se preparando. Estamos na expectativa de receber novos empreendedores para alavancar a economia, além de melhorar a vida da população”, disse a prefeita Amanda Rangel.

Para dar suporte aos negócios que serão atraídos ou incentivados pelo terminal marítimo, R$ 50 milhões já foram depositados em um fundo de apoio recém-criado pelo governo do Estado, o Fundesul Presidente Kennedy. As linhas, geridas financeiramente pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), começaram a operar em outubro. “É a oportunidade de a população conseguir crédito com as melhores taxas de juros do mercado para investir no próprio negócio. Além disso, é a chance de investidores de outros municípios se instalarem em Presidente Kennedy e, com isso, gerar emprego e renda”, afirmou José Augusto Paiva.

Destaques 2018
Novos investimentos e parcerias para crescer em Kennedy
Novo Centro Municipal de Educação Infantil atende 250 crianças em tempo integral

Entre burocracias e entraves, 2018 foi um ano relevante para a cidade, que ganhou um Centro de Especialidades Médicas (CEM), o maior anseio da população. O espaço, que conta com 17 especialidades, passou a funcionar em outubro e trouxe mais agilidade aos atendimentos. “É uma forma rápida e diferenciada de oferecer serviços de saúde de qualidade. O paciente recebe o encaminhamento da unidade básica de saúde onde iniciou o tratamento e comparece ao CEM com dia e hora marcados”, explicou o secretário de Saúde, Valdinei Costalonga.

A área da educação também apresentou avanços notáveis. A cidade, que já tinha alcançado bons resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2017, manteve a média de 6,0 pontos. E em 2018 houve melhorias na oferta da merenda escolar para os alunos, além da implantação de mais duas instituições de ensino – uma delas a creche municipal.

Kennedy colhe os frutos do Programa de Desenvolvimento do Ensino Superior e Técnico (Prodes), implementado há oito anos. A iniciativa, que oferece bolsas integrais de estudo, já beneficiou 655 alunos matriculados em cursos superiores, 128 na etapa da pós-graduação e 50 na fase do mestrado. Um dos contemplados é o servidor público Lico Gomes, 65, que a um passo da formatura é exemplo de inspiração para a comunidade. “Nunca consegui estudar no ano correspondente à minha idade. Mas isso não me desanimou. Quando a prefeitura lançou o programa, minha família me incentivou, e eu decidi cursar Biologia”, contou.

Novos investimentos e parcerias para crescer em Kennedy
Estações estão sendo construídas para tratar 100% do esgoto

Destaque também para as obras. Em 2018, o município manteve o que já vinha sendo feito em 2017 e continuou investindo nas vias que dão acesso à sede, com pavimentação e infraestrutura. Entre as medidas estão a aplicação de camadas de asfalto no trecho entre a comunidade de Água Preta e a cidade de Atílio Vivacqua e a construção da rodovia que liga Kennedy à BR 101. “Pretendemos entregar todos os projetos até o fim do ano,
pois sabemos da importância dessa estrada para os futuros empreendimentos que irão se instalar aqui”, garantiu o secretário de Obras, Miguel Ângelo Qualhano.

A assistência social também registrou progressos. Muitas famílias conseguiram
realizar o sonho da casa própria. Em 2018 foram entregues 24 imóveis populares,
e outros 126 estão em estágio de edificações. Assim, aos poucos, o déficit habitacional vai se reduzindo. “É muito gratificante fazer parte de todas essas conquistas. Mas seguiremos trabalhando para encontrar soluções que levem qualidade de vida para a população”, declarou a prefeita Amanda Quinta.


Entrevista com a prefeita Amanda Quinta

Há seis anos comandando Presidente Kennedy, a prefeita enfrenta um desafio: preparar o município para receber um dos maiores investimentos do Estado

Novos investimentos e parcerias para crescer em Kennedy

O que melhorou em 2018 em saneamento básico, um dos grandes desafios do município?

Estamos com o Plano Municipal de Saneamento em curso, que é um norteador das nossas ações para solucionar essa questão. Investimentos importantes foram feitos, como as obras nas comunidades de Santa Lúcia e Praia de Marobá. Esse é um dos principais desafios do município atualmente. Nossa meta é ter esgoto tratado em toda a extensão de Presidente Kennedy.

O que a população ganhou em melhoria na prestação dos demais serviços públicos?

A cidade foi a que mais investiu em saúde e educação. Um exemplo é a Farmácia Municipal, que distribui remédios gratuitamente. Também não falta atendimento à atenção básica para a população. Na educação, garantimos melhorias na estrutura das escolas para professores e alunos, além do Programa Desenvolvimento do Ensino Técnico e Superior (Prodes), no qual os alunos têm bolsa de estudo integral para fazer faculdade. Já na agricultura, há programas que garantem que a produção das famílias do campo aconteça o ano inteiro. Destaco, ainda, o programa Loteamento de Interesse Social (LIS), que beneficia a população em situação de risco social com casas populares.

Qual o peso das atividades de pecuária e agricultura na economia local?

A agricultura e a pecuária têm um peso muito grande. Temos o programa de recuperação de pastagens, fazemos barragens, terraços e caixas secas nas propriedades e distribuímos ração farelada balanceada para a alimentação do gado. Isso tudo, mais o empenho de cada família, faz com que a cidade seja hoje a maior produtora de leite do Sul do Estado.

Quais os avanços gerados pelo projeto de implantação do Porto Central que já são realidade em Kennedy?

Temos feito várias intervenções para garantir infraestrutura e serviços, pensando no crescimento que a cidade vai experimentar com a chegada do porto. Entre as ações, destaco a construção de 17 quilômetros da rodovia que vai ligar a BR 101 à sede do município, além de um programa de asfaltamento de 160 km de estradas municipais, dos quais cerca de 100 já foram concluídos.

O que não deu para fazer ainda e que será estratégico nos próximos dois anos?

Nosso principal desafio é o saneamento. Mas temos o Planejamento Estratégico Presidente Kennedy 2018-2035, que contempla ações da atual gestão e das próximas administrações. É um material técnico, com um diagnóstico completo, apontando suas necessidades e mostrando ações e metas prioritárias a serem desenvolvidas. O documento foi elaborado com a participação popular, através de audiências públicas. As sugestões recebidas foram acolhidas e formatadas para fazer parte do documento.

O que o Fundesul Presidente Kennedy pode trazer para a economia do município?

Esse recurso poderá ser um divisor de águas na história do desenvolvimento econômico da cidade. A prefeitura fez um aporte de R$ 50 milhões no fundo para ofertar seis linhas de crédito, com recursos disponíveis de R$ 50 mil a R$ 20 milhões. É a principal ferramenta de ampliação de novos investimentos nos empreendimentos locais, gerando emprego, renda e oportunidade.


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