Após o Brexit, Theresa May, a premiê britânica, propôs realizar as eleições no Reino Unido, que estavam previstas para 2020, no dia 8 de junho. O objetivo de May seria sair fortalecida da votação para negociar a retirada do Reino Unido da União Europeia. A antecipação do pleito recebeu o apoio do principal líder da oposição e também da Escócia.
“Precisamos de uma eleição geral e agora”, defendeu Downing Street a primeira-ministra, que precisa da aprovação do Parlamento para convocar a eleição. A medida precisa ser aprovada por dois terços dos parlamentares na votação prevista para esta quarta-feira (19).
Se aprovada a medida, em menos de dois meses, os britânicos irão às urnas para eleger o novo Parlamento. E o partido que conseguir a maioria dos votos indicará o seu líder como primeiro-ministro. Algumas pesquisas, segundo apurou o Estadão, apontam que a popularidade de May supera com folga de até 20 pontos a do principal líder da oposição.
May alegou que precisa de uma “liderança forte e estável” para negociar a retirada do Reino Unido da União Europeia – Brexit – um processo iniciado há cerca de três semanas após o acionamento do artigo 50 do Tratado de Lisboa, e que deve durar ao menos dois anos.
Sob o fato de alguns partidos se oporem aos planos do governo para conduzir esse processo, a premiê afirma que esses oponentes estão errados de pensar que o governo mudará a sua posição, de acordo com o jornal “The Guardian”. “Vamos remover o risco de incerteza e instabilidade. Ela vai dar ao país a liderança forte que ele precisa”, afirmou May.
Theresa May era ministra do Interior e chegou a Downing Street após a renúncia do premiê David Cameron, em junho de 2016, e graças a sua vitória em uma votação interna do Partido Conservador. Cameron fez campanha contra o Brexit e se viu impossibilitado de liderar o país no processo de “divórcio” com a UE.
Apoio da oposição
A proposta foi celebrada pelo líder da oposição ao governo de Theresa May, o trabalhista Jeremy Corbyn, que garantiu que o seu partido dará o apoio que a premiê precisa para aprovar a proposta no Parlamento.
A premiê escocesa, Nicola Sturgeon, afirmou que a antecipação do pleito abre uma nova possibilidade para que a Escócia escolha o seu futuro. O país, que se opõe à retirada do bloco econômico europeu, precisa da aprovação do parlamento britânico para realizar um segundo plebiscito sobre a sua retirada do Reino Unido. A estratégia para permanecer na União Europeia encontrou dura oposição do governo de Theresa May.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou ter conversado com May pelo telefone. No Twitter, ele ainda comparou a surpreendente reviravolta da saga Brexit a uma trama do filme de Alfred Hitchcock: “Foi Hitchcock, que dirigiu Brexit: primeiro um terremoto e a tensão sobe”.
Caso o pleito seja confirmado, estas serão as segundas eleições gerais britânicas em dois anos, após a votação de maio de 2015, com o referendo sobre a saída da União Europeia no meio, segundo a France Presse.
A decisão de sair da União Europeia, conhecida como Brexit, foi tomada em um referendo, realizado em 23 de junho de 2016. Na ocasião, 51,9% dos britânicos optaram por deixar o bloco, o que provocou a queda do então primeiro-ministro, David Cameron.
Após o referendo, o Brexit foi aprovado também pelo Parlamento britânico e no dia 16 de março deste ano suas negociações receberam autorização formal da rainha Elizabeth 2ª.
Etapas principais do Brexit:
Junho de 2016
Referendo: Britânicos votam ‘sim’ para deixar União Europeia
Premiê David Cameron renuncia
Fevereiro de 2017
Parlamento aprova o Brexit
Março de 2017
Rainha Elizabeth autoriza saída da União Europeia
Reino Unido dá início ao processo de afastamento da UE