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segunda-feira, 19 DE maio DE 2025

Intermodalidade dos portos: modernização e automação são essenciais

Resolver a equação que engloba ferrovia, rodovia, informatização e automação é condição indispensável para que o ES atinja suas metas

Por Daniel Hirschmann

O Espírito Santo busca se consolidar como um hub logístico de destaque nacional e internacional, mas enfrenta desafios como a integração da infraestrutura logística e a necessidade de ampliação da capacidade de transporte ferroviário e rodoviário. O professor Rodrigo de Alvarenga Rosa, da Ufes, destaca que a construção da ferrovia EF-352, ligando o Porto Central em Presidente Kennedy a Goiás, será fundamental para impulsionar a eficiência do escoamento de cargas. Além disso, projetos como o porto da Petrocity, em São Mateus, e o futuro Porto da Imetame, em Aracruz, reforçam a aposta do estado na expansão portuária, embora a diferença de bitola das ferrovias atuais limite a plena integração nacional.

No setor rodoviário, Luiz Alberto Teixeira, presidente do Transcares, chama atenção para a necessidade de melhorias nas estradas federais, como a BR-101 e a BR-262, que ainda enfrentam atrasos em duplicações e adequações importantes. Ele também destaca projetos como a BR-259 e o Contorno de Jacaraípe (ES-115) como essenciais para garantir o fluxo eficiente de cargas rumo aos novos terminais portuários.

O presidente interino do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), Agnaldo Martins, também considera essencial fortalecer a intermodalidade, conectando os portos a uma rede de transporte rodoviário e ferroviário otimizada. Nesse sentido, ele vê a idealização do Parklog Aracruz, que oferecerá suporte às operações portuárias, e os investimentos em modernização do Porto da Imetame e do Portocel como passos fundamentais. Além disso, acredita que a diversificação dos mercados atendidos e a digitalização dos processos logísticos reduzirão burocracias e aumentarão a competitividade do estado frente a complexos portuários concorrentes, como os de Santos (SP) e Santa Catarina.

Vports fez um investimento de R$ 180 milhões em seus portos, incluindo o de Vitória, em 2024 - Foto: Renato Cabrini/Next Editorial
Vports fez um investimento de R$ 180 milhões em seus portos, incluindo o de Vitória, em 2024 – Foto: Renato Cabrini/Next Editorial

Para o dirigente do Sindiex, a eficiência operacional dos portos capixabas está diretamente ligada à implementação de novas tecnologias e à ampliação da sua estrutura operacional.

“O uso de automação na movimentação de cargas e no gerenciamento portuário pode reduzir significativamente o tempo e os custos portuários, otimizando toda a cadeia logística”, afirma Martins, citando a modernização dos terminais da VPorts e do Terminal de Vila Velha (TVV), que têm “possibilitado um aumento da capacidade de movimentação de cargas, garantindo maior fluidez nas operações”.

Ele observa que o setor portuário do Espírito Santo está passando por um processo de modernização contínuo e espera que, além dos investimentos estruturais, iniciativas como a implementação de novos sistemas no processo de importação e exportação tragam maior segurança e rapidez às operações. “A automação na movimentação de contêineres e o investimento em infraestrutura para energia sustentável nos portos também são tendências que estão sendo adotadas para garantir maior eficiência operacional”, acrescenta.

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Sustentabilidade e novas tecnologias

Ícaro Gomes, da Findes, também considera que investir em tecnologias avançadas, como sistemas automatizados de movimentação de carga e softwares de gestão portuária, é essencial para alcançar esse objetivo. Além disso, explica que a adoção de soluções sustentáveis e a implementação de práticas verdes podem contribuir para a eficiência e a competitividade dos portos, minimizando impactos ambientais e atraindo investimentos internacionais. “Nesse sentido, cabe olhar também para fora dos portos e investir em inteligência logística. Um bom exemplo disso é a evolução do ‘empacotamento’ das pedras ornamentais, sobretudo aquelas embarcadas como placas. Isso tem trazido eficiência e competitividade, garantindo ganhos na operação”, diz o gerente de Articulação e Competitividade para Indústria.

Intermodalidade dos portos: modernização e automação são essenciais

Outra medida para aprimorar a eficiência portuária é a implementação de sistemas de informação robustos e integrados. O uso de tecnologias de comunicação avançadas, como Internet das Coisas (IoT) e Big Data, é visto como um avanço que permitirá o monitoramento em tempo real das operações portuárias, proporcionando uma gestão mais precisa e eficiente. “Investir na infraestrutura de tecnologia da informação pode facilitar o registro e a análise de dados, otimizando processos e reduzindo tempo de espera e custos operacionais. Com avanços tecnológicos, é possível criar um ecossistema digital que conecta todos os operadores e stakeholders, promovendo maior transparência e colaboração, além de fortalecer a segurança das operações”, comenta Gomes.

*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 226, especial de Portos, que circula em abril de 2025. Leia a edição aqui

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