28.8 C
Vitória
domingo, 28 abril, 2024

Por falta de um consenso, G20 Brasil acaba sem comunicado

Impasse envolvendo citação da guerra na Ucrânia no rascunho do comunicado conjunto gerou desconforto em representantes da Rússia

A reunião dos ministros das finanças e presidentes de bancos centrais do G-20 presidida pelo Brasil terminou nesta quinta-feira, 29, em São Paulo sem um comunicado conjunto, em razão da falta de consenso sobre a questão geopolítica, que envolve os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

“Havíamos nutrido a esperança de que temas mais sensíveis como geopolítica fossem debatidos no encontro de chanceleres”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No entanto, na reunião realizada no Rio de Janeiro na semana passada, não houve consenso.

- Continua após a publicidade -

O chamado “communiqué”, muito usado em tratativas internacionais, é publicado ao final de eventos multilaterais e tem o objetivo de explicitar consensos entre os países que participam dos encontros.

Haddad disse que a reunião chegou a um consenso nos temas financeiros. Com dois pilares da tributação internacional, construídos na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a serem concluídos até o fim do ano, Haddad disse que o Brasil tomou a iniciativa de colocar em debate um terceiro: a fixação de uma alíquota mínima sobre a riqueza mundial. “Temos condição de buscar maior justiça tributária no mundo.”

Palavra-chave

A divergência em torno de uma palavra não permitiu que a reunião de autoridades monetárias de todo o mundo terminasse com um comunicado conjunto. Segundo apurou a reportagem, o impasse ocorreu no trecho “war on Ukraine” (guerra sobre a Ucrânia) ou “war in Ukraine” (guerra na Ucrânia).

A Rússia defendia a última expressão enquanto os países mais ricos ocidentais do bloco brigaram pela primeira. As economias mais desenvolvidas também não queriam mencionar Israel no conflito com o Hamas, e defendiam que houvesse uma citação apenas à crise em Gaza.

“Chegou uma hora em que o impasse era tão pequeno que dizia respeito a uma palavra”, afirmou o ministro, que não revelou qual era o termo. No entanto, reconheceu Haddad, “chega uma hora que a reunião termina”. Haddad não citou quem estava irredutível

Publicamente, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, declarou mais de uma vez que o país não assinaria o comunicado se não houvesse citação das guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia.

Clima já impacta expectativas e preços, diz Picchetti

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Picchetti, disse ontem que as tensões geopolíticas em todo o mundo têm desdobramentos sobre o lado financeiro e econômico. Há ainda os riscos climáticos, lembrou ele, que já provocam efeitos na oferta de curto prazo em diferentes regiões do planeta.

“Já existem evidências de que o clima tem impacto sobre expectativas e preços, que em última análise estão afetando o balanço total de risco”, disse o diretor do BC em conversa com jornalistas durante o G-20, em São Paulo.

“Há riscos pelo momento em que o mundo vive, o que envolve questões de tensões geopolíticas”, afirmou o executivo da autoridade monetária.

Perguntado sobre as discussões para descongelar ativos russos e levar os recursos para a Ucrânia, como querem os Estados Unidos, Picchetti disse que o tema não foi tratado nas reuniões plenárias. Já o tema guerra – entre Rússia e Ucrânia e de Israel com o Hamas – apareceu durante os debates. Sobre os pagamentos transfronteiriços, Picchetti disse que teve muitas conversas sobre questões econômicas e tecnológicas para permitir que se transformem em realidade. A.S.J., E.L., C.C., L.A. e F.C.A.

BCE: Crescimento ainda é foco de preocupação

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Itália, Fabio Panetta, disse ontem que a inflação global está caindo rapidamente, enquanto o crescimento econômico se manteve resiliente e avançou acima do esperado. Contudo, ele lembrou que há uma preocupação generalizada com relação ao ritmo de crescimento das economias, que classificou como “insatisfatório” e “heterogêneo” entre os países.

Os comentários foram feitos em entrevista, ao lado do ministro das Finanças da Itália, Giancarlo Giorgetti, ontem na reunião do G-20. Questionado sobre a inflação italiana, Giorgetti comemorou os números recentes, mas alertou que ainda não é hora de revisar o PIB diante do ambiente global desafiador. Com informações de Agência Estado

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA