Crise política: um dia após indicadores apontarem para uma melhoria no cenário nacional, suposto envolvimento do presidente Temer em pagamento de um “cala boca” a Cunha desestrutura o país.
A crise política instaurada no Brasil, desde a noite de quarta-feira (17) tem trazido diversos desdobramentos. Fatos e boatos que envolvem prisões, afastamento de cargo, suposta renúncia, pedidos de impeachment e ameaças de fechamento do Congresso.
Confira o posicionamento de políticos e empresários capixabas:
Senadora Rose de Freitas (PMDB/ES)
18/05 – “Angústia, dúvida e incerteza é o que traz esse cenário. O apelo que particularmente fiz da tribuna é para que o presidente Michel Temer esclareça ao país. E que se essas fitas existem, que elas apareçam e enfim, se possa colocar diante da população brasileira o fato concreto. Antes do pronunciamento chegou a notícia de que o presidente Temer iria renunciar. Mas como, aonde? Como foi essa história? Tem a fita? Não tem a fita? Onde está a fita? Os delatores saíram do país? Estamos cheio de perguntas sem resposta. Por tudo que esse país está passando, sobretudo diante dessa crise econômica e que a pouco tempo já estava bem menor e agora volta a se agigantar. E país não caminha para a lugar nenhum.”
Senador Ricardo Ferraço (PSDB/ES)
18/05 – “Acho muito difícil o governo se sustentar de pé, muito difícil. Além da imensa dificuldade de relacionamento com a sociedade, agora o apoio parlamentar tornou-se incerto. Em relação à reforma trabalhista (o deputado é relator da matéria), a crise institucional que estamos enfrentando é devastadora e precisamos priorizar a sua solução, para depois darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma trabalhista. Portanto, na condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões anunciado está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário.”
Senador Magno Malta (PR/ES)
19/05 – “Impeachment nessa hora vai fazer o país sangrar por mais um ano prestes a um processo eleitoral. Penso que as reformas foram para o brejo e o melhor caminho é a renúncia. Por isso, presidente, o meu conselho é renunciar e tirar o país dessa agonia”
Governador em Exercício, Cesar Colnago (PSDB) (por nota)
18/05 – “O governador em exercício, Cesar Colnago, defende a apuração de todos os fatos, independentemente dos partidos que estiverem envolvidos nas denúncias”.
Deputado federal Helder Salomão (PT/ES)
18/05 – “As denúncias são gravíssimas, é como se tivessem jogado uma bomba aqui em Brasília. Imediatamente o presidente Rodrigo Maia encerrou a sessão e eles desapareceram. Estamos reunidos, eu e a bancada do nosso partido, deveremos junto com outros partidos amanhã apresentar formalmente um pedido de impeachment porque não estamos mais falando de convicções e sim de prova de corrupção do presidente ilegítimo Temer”.
Deputado federal Evair de Melo (PV)
19/05 – Estamos órfãos de presidente. A base aliada de Temer está desmoronando e a maioria da Câmara já defende a renúncia de Temer. No pronunciamento manteve postura arrogante, não apresentou conteúdo capaz de rebater as acusações. Soou apenas como uma tentativa de ganhar tempo. Quem pode contribuir para o Brasil é o TSE. Temos informações de que o julgamento, inicialmente marcado para o dia 6 de junho, pode ser antecipado.
Deputado federal Carlos Manato (SDD/ES)
19/05 – A governabilidade de Temer acabou. A base dele está acabada, já saíram quatro partidos e devem sair mais.São denúncias muito graves. E esse processo tem mesmo que ser conduzido pelo STF. Não dá para aguentar mais seis a oito meses para o impeachment ser levado pelo Congresso. Entendo que a Câmara é quem deva escolher o novo presidente. Neste momento, temos que tomar cuidado, porque há interesse de aprovar a PEC de eleições diretas para que Lula seja eleito, barrando a Lava Jato que investiga ele também. O mesmo Joesley afirma que eram feitos repasses para o PT.
Deputado Marcos Vicente (PR/ES)
18/03 – “Temer é um jurista experiente. Sabe exatamente o que está em jogo. Por isso avalio que o pronunciamento do presidente foi do tamanho que deveria ser. Agora é preciso conduzir os trabalhos com seriedade, não tem que parar a Casa por conta disso. E esse entendimento é consenso entre os líderes sobre manter as votações. Em relação aos pedidos de impeachment, eles devem ser analisados a partir de sua admissibilidade.”
Economia
Presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra (por nota).
18/05 – “O presidente reconhece a gravidade das informações divulgadas pela imprensa, trazendo prejuízo à imagem do país, e espera uma apuração rigorosa dos fatos. Entretanto, Guerra afirma que o quadro atual do Brasil não permite que Congresso e sociedade deixem de debater reformas essenciais para a retomada do crescimento, a exemplo das reformas trabalhista e previdenciária. O presidente do Sistema Findes lembra que a economia voltou a registrar alta no primeiro trimestre deste ano, após oito trimestres seguidos de retração. Qualquer que seja o cenário político estabelecido nos próximos meses, Guerra defende a continuidade da agenda modernizadora no Congresso como o caminho para a geração de renda e oportunidades para os brasileiros.”, diz a nota.
Consultor Econômico Abel Fiorot – Especialista em mercado internacional (dos EUA)
19/05 – “Tivemos um dia bastante truculento que impactou bastante nos números do mercado. A gente viu a Bovespa acionando circuit breaker (paralisando as operações), que não se via desde 2008; o dólar subindo de forma assustadora. Isso mostra o quão volátil está nossa economia, a nossa democracia, a nossa nação. Uma denúncia gravíssima, que deixa hoje todos os políticos brasileiros sob suspeita. Isso afeta como sempre a credibilidade do Brasil e afasta investidores. Especialmente após uma semana que vinha desenhando um otimismo com o crescimento anunciado de 1,12% anunciado pelo Banco Central no primeiro trimestre, com a possibilidade real de se concretizarem as reformas, com queda no índice de desemprego. Tudo isso caiu por terra, infelizmente. Por outro lado, serve de aprendizado para que se possa fazer uma faxina nesse sistema totalmente podre da política brasileira. Não é apenas no Brasil que existe corrupção, mas o problema é que as pessoas à frente das principais instituições do país agem como operadores de propina de esquemas. Essa conta está ficando muito cara e quem vai pagar no final somos todos nós. Nossa imagem internacional está na lama. É difícil explicar o inexplicável. Estou sentindo isso na pele aqui nos EUA.”