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quinta-feira, 12 DE setembro DE 2024

Plano Nacional de Turismo 2024: avanços conceituais e lacunas na implementação

O plano enfatiza a necessidade de um turismo inclusivo e acessível, que respeite as diversidades regionais e promova a integração das comunidades locais

Por José Antonio Bof Buffon

O Plano Nacional de Turismo (PNT), lançado em agosto de 2024, representa um esforço significativo do governo brasileiro para impulsionar o desenvolvimento do setor de Turismo no país, reconhecendo seu potencial como uma importante alavanca de crescimento econômico, inclusão social, preservação ambiental e promoção da rica diversidade cultural brasileira. Este plano delineia uma série de diretrizes e estratégias com o objetivo de fortalecer o turismo nacional, promovendo competitividade, inovação e sustentabilidade.

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O PNT 2024 adota uma visão contemporânea e integradora do turismo, que o enxerga não apenas como uma atividade econômica, mas também como um fenômeno social e cultural. Essa abordagem multifacetada destaca a importância de desenvolver o turismo de maneira a contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável, a geração de emprego e renda, e a valorização do patrimônio cultural e natural do Brasil. O plano enfatiza a necessidade de um turismo inclusivo e acessível, que respeite as diversidades regionais e promova a integração das comunidades locais, garantindo que os benefícios do desenvolvimento turístico sejam amplamente distribuídos.

O PNT também propõe superar a prática do “turismo de massa”, reconhecida como incompatível com os preceitos da sustentabilidade. Um dos aspectos inovadores do plano é a mudança de foco do “destino” para a “experiência”, entendendo que turistas buscam viver experiências significativas em vez de simplesmente visitar locais específicos.

Alguns pontos fortes do plano incluem o compromisso com a sustentabilidade, já que está alinhado com a Agenda 2030 da ONU, enfatizando o desenvolvimento sustentável, a conservação ambiental e o turismo de base comunitária; o foco na inovação e transformação digital, por meio do incentivo ao uso de novas tecnologias para melhorar a experiência turística e a gestão dos destinos, colocando o Brasil em uma posição competitiva no cenário global, com a metodologia dos Distritos Turísticos Inteligentes (DTI) sendo uma estratégia chave.

Além disso, ressalto a promoção da inclusão social: ao enfatizar a inclusão social, o plano busca garantir que os benefícios do turismo sejam distribuídos de forma equitativa, promovendo a igualdade e a justiça social; e a meta mobilizadora, que visa posicionar o Brasil como o maior receptor de turistas na América do Sul até 2027, superando a Argentina, com a ambição de atrair até 10 milhões de turistas internacionais por ano.

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Por outro lado, o plano tem algumas lacunas, já que não aborda suficientemente a necessidade de integração interinstitucional. A colaboração entre diferentes níveis de governo, setor privado, ONGs e comunidades locais é essencial, e a falta de mecanismos claros para promover essa integração pode comprometer a eficácia das ações propostas.
Além disso, a abordagem centralizadora do PNT 2024 pode apresentar desafios na implementação devido à diversidade regional do Brasil, que requer políticas e estratégias adaptadas às realidades locais.

O Plano Nacional de Turismo 2024 apresenta uma visão ambiciosa e necessária para o desenvolvimento do turismo no Brasil, com foco em sustentabilidade, inovação e valorização do patrimônio. No entanto, enfrenta desafios significativos em termos de infraestrutura, capacitação de mão de obra e inclusão social. Para que suas diretrizes se tornem realidade, será essencial um esforço coordenado e colaborativo entre todas as partes interessadas, com atenção especial às especificidades regionais e às necessidades das comunidades locais.

O sucesso do plano dependerá de sua capacidade de adaptação e implementação eficaz, garantindo que o turismo contribua para o desenvolvimento econômico e social sustentável do Brasil. A ausência de instâncias e mecanismos de coordenação, acompanhamento e avaliação, além da fragilidade orçamentária, são aspectos que podem limitar o impacto e a efetividade do plano.

José Antonio Bof Buffon é secretário executivo da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio-ES.

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