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quinta-feira, 25 abril, 2024

PIB Capixaba

PIB CapixabaAs projeções de crescimento para o Estado em 2012 se confirmarão? Incertezas por conta de crises econômicas internacionais, forte concorrência de produtos estrangeiros, inflação acima de metas estipuladas. Como esses fatores podem impactar o desenvolvimento do Espírito Santo e o seu Produto Interno Bruto? No final de 2011, o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies) apontou uma projeção inicial de 3,0% de crescimento para o PIB capixaba em 2012 sobre o ano anterior. Embora seja uma projeção otimista, os números são inferiores aos alcançados em 2008 (7,8%) e em 2010 (13,8%), segundo o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Passados alguns meses dessa previsão, o PIB capixaba realmente conseguirá atingir esse patamar? Para os especialistas, a resposta é sim.

Para a economista Ana Paula Vescovi, a projeção do Ideies de 3% para o Espírito Santo em 2012 acompanha os números de 3,2% para o país (segundo o Boletim Focus do Banco Central divulgado na primeira semana de abril). Os dois casos estão abaixo do potencial de longo prazo. “Isso decorre, em boa medida, da crise internacional e do consequente encolhimento dos mercados nos países desenvolvidos. O Brasil terá um crescimento contido, em razão da alta da inflação em 2010 e 2011. Se a alta de preços retira o poder de compra dos rendimentos assalariados, o aperto monetário realizado em 2011, necessário para conter a inflação, contém a demanda por crédito e por bens duráveis”, explicou ela.

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Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), José Antônio Resende Alves, é preciso lembrar que a economia brasileira como um todo passa por uma fase de redução no ritmo de crescimento. “Se em 2010 crescemos 7,5%, no ano passado o resultado foi 2,7%, uma taxa baixa graças à crise nos Estados Unidos e na Europa. O mesmo ocorre no caso do Espírito Santo, cuja economia apresenta um dos maiores graus de abertura da Federação. Isso significa que além das dificuldades comuns aos demais estados, por aqui há um forte impacto do desempenho da economia internacional, ora em retração. Dada essa característica da economia capixaba, o principal obstáculo para um melhor desempenho em 2012 provém da situação em que se encontram as principais economias do mundo”, frisou.

Para o presidente do Corecon-ES, o grande problema enfrentado pelo Espírito Santo se refere às finanças públicas estaduais e municipais. Em sua opinião, as mudanças sinalizadas na distribuição dos royalties e o provável fim do Fundap representarão uma desestruturação das contas públicas capixabas e a redução da capacidade de investimento do setor publico estaduais.

“Isso sem falar na possibilidade de muitos municípios ficarem sem condições de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e arcar com as despesas de pessoal já existentes. Compensações prometidas pelo Governo Federal deverão ser vistas com ressalvas e aos gestores públicos capixabas caberá reavaliar seus orçamentos, prevendo o pior dos cenários. A tendência para os próximos anos dependerá das condições negociadas neste ano. O comportamento do sistema depende da sua situação de início. Os gestores têm o desafio de analisar e planejar sobre diversas condições iniciais, sabendo que qualquer variação em tais condições pode demandar outros caminhos para a gestão”, analisou.

O desafio do crescimento

Nas projeções feitas para 2012, setores como petróleo e gás, o de varejo e o da construção têm grande importância para o PIB do Estado. Como os especialistas enxergam os setores nesse momento de incertezas?

Segundo Ana Paula Vescovi, petróleo e mínero-siderurgia vêm sendo dois importantes “dínamos” para a economia do Estado. Já os setores de serviços, onde se destaca o comércio, são importantes para assentar localmente a renda aqui gerada. “Em particular, os negócios na área de petróleo e gás estão acontecendo com muito dinamismo: geram empregos bem remunerados, contratam muitos serviços e realizam muitas compras locais”, disse a economista, lembrando ainda do bom momento da construção civil. Para ela, os inúmeros lançamentos anunciados poderão sustentar um ritmo de negócios satisfatório pelos próximos três anos.

E quanto aos obstáculos? Fatores como juros altos, taxa de câmbio, baixo nível de investimentos e grande volume das importações preocupam, quando se fala na frenagem do desenvolvimento? E o que o Estado pode fazer para que as perdas não sejam tão grandes? Para Vescovi, além do contexto externo, o Estado enfrentará em 2012 desafios particulares, como a reforma do ICMS sobre importações, que poderá impactar suas atividades relacionadas ao comércio exterior. “Somente esse setor contribui com a geração de 7% da renda local. Outros riscos estão presentes, em especial no campo fiscal, mas com reflexos que provavelmente alcançarão o próximo ano em diante”, falou.

O diretor executivo do Ideies, Antônio Fernando Dória Porto, diz que soluções pontuais adotadas pelo Governo Federal para a indústria são apenas paliativos, que acabam não resolvendo gargalos para o crescimento brasileiro. “O tripé taxa de juros dos mais altos do mundo/real sobrevalorizado frente ao dólar/alta carga tributária, acrescido de um alto custo para a energia elétrica, se constitui em questão estrutural da nossa economia que há muito tempo o Governo Federal já deveria ter atacado de frente e que está levando a indústria de transformação brasileira a contribuir cada vez menos com o crescimento do país”, destacou ele.

Para o presidente do Corecon-ES, José Antônio Resende Alves, esses fatores não devem ter impactos tão negativos no PIB brasileiro, e mais especificamente capixaba. “É preciso recuperar nossa infraestrutura e aumentar nossa oferta de logística, otimizando nosso serviço nos portos, aeroportos e nas malhas ferroviárias, permitindo redução nos custos e tornando o Estado e o país mais competitivos. O aumento das importações pode, sim, significar deslocamento das cadeias produtivas, mas tem se concentrado nos bens intermediários, o que implica melhora da capacidade produtiva”, afirmou.

No final, todos concordam que a estimativa de crescimento do PIB capixaba deve se confirmar. E, dadas as atuais circunstâncias da economia nacional e internacional, esses 3% nunca foram tão bem-vindos.

 

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