Início de grandes obras, ações públicas voltadas para sustentabilidade e resolução de questões políticas pautaram o 2024 no setor
Por Michelli de Souza
O setor portuário do Espírito Santo vive um momento de transformação impulsionado por uma série de iniciativas que começam a sair do papel e a desenhar um futuro promissor para o Estado. Em 2024, o aguardado Porto Central, após 12 anos de espera, finalmente teve sua obra iniciada em dezembro deste ano. Enquanto isso, o Porto da Imetame, em Aracruz, avançou para a reta final.
Outro avanço significativo vem de Aracruz, onde a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada do Brasil deu os primeiros passos para sua operacionalização.
Administrada pelo Grupo Imetame, a ZPE já começou a integrar as comunidades locais por meio de reuniões e projetos socioambientais.
Enquanto isso, Vila Velha iniciou os estudos para criar sua própria ZPE, que englobará áreas estratégicas como o Cais de Capuaba e regiões adjacentes. “Estamos articulando com proprietários de terras e empresas para que, em breve, possamos iniciar os estudos de viabilidade”, destacou o prefeito Arnaldinho Borgo.
No âmbito federal, o Ministério de Portos e Aeroportos trabalha em ações conjuntas voltadas ao desenvolvimento e promoção de políticas sustentáveis nos setores portuário e aeroportuário. O Governo Federal assinou um acordo de cooperação técnica com o MoveInfra. Além disso, o Ministério está conduzindo uma agenda de sustentabilidade focada na transição energética, com o objetivo de atrair mais investidores internacionais para o Brasil. Entre as ações está a criação da primeira Política de Sustentabilidade para o modal aéreo, portuário e aquaviário. As consultas públicas aconteceram em novembro e o plano deve ser finalizado em 2025.

Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e EF-118
O setor ferroviário também deu alguns passos em 2024. O governador Casagrande e o vice-governador Ferraço do Espírito Santo (ES) têm se mobilizado para resolver questões relacionadas à Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e à EF-118.
A renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que é controlada pela VLI e tem Vale e o fundo da Brookfield como maiores acionistas, começou a ser discutida neste ano. O contrato está previsto para terminar em 2026, e as empresas querem a extensão da vigência por mais 30 anos, com investimentos de quase R$ 24 bilhões. A proposta, que segue em análise pela ANTT, passou por uma série de audiências públicas em cinco estados (Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e Goiás) e Distrito Federal.
Enquanto isso, a EF-118 ganhou, em julho, o projeto de sua primeira etapa. A Vale entregou ao Governo do ES o projeto básico de engenharia da ferrovia que prevê a ligação entre os municípios de Anchieta, Piúma, Iconha, Rio Novo do Sul, Itapemirim e Presidente Kennedy, ligando o Sul capixaba ao Rio de Janeiro. No projeto básico apresentado, a mineradora detalha os 92,8 km previstos na extensão da ferrovia que será interligada à malha ferroviária federal.
Em outra frente, a Vale segue o desenvolvimento do projeto do Ramal Anchieta, uma extensão da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), entre Santa Leopoldina e Anchieta. O projeto está sob análise do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para confirmação como investimento adicional, conforme previsto no 3º Termo Aditivo ao Contrato da Concessão da EFVM.
O governador do Espírito Santo Renato Casagrande ressaltou a importância da malha ferroviária para o crescimento econômico do Estado e admitiu que a falta de ligação entre as ferrovias capixabas com as demais do país coloca o Espírito Santo em uma situação de atraso, o que vem sendo sanado a partir das parcerias com o governo federal.
“Já está acordado com o Ministro dos Transportes, Renan Filho e o Presidente Lula, de que o ramal até Ubu será um investimento adicional da Vale para ter as concessões de Vitória a Minas e a de Carajás. Também sempre estamos em Brasília tratando da Ferrovia Centro Atlântica, tão importante para a ligação dos nossos portos com a região Central do país”, declarou Casagrande.


A ampliação da malha ferroviária vai criar uma nova rota comercial entre o Estado e os demais da região Centro-Oeste, sobretudo Goiás e a região do Triângulo Mineiro. A via férrea vai diminuir o custo logístico e o transporte de produtos agrícolas, sendo que a estrutura que abarca a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) vai servir, sobretudo, para a movimentação de fertilizantes e farelo de soja.
Casagrande enfatizou que a malha ferroviária do Estado deve receber ainda mais investimentos. “A gente defende a construção dos trechos Unaí até Pirapora, da variante da Serra do Tigre e da transposição da Grande Belo Horizonte, todas em Minas Gerais, e de um investimento cruzado, da FCA e da Vale, que opera Vitória-Minas, na ampliação da capacidade do ramal entre João Neiva e Barra do Riacho. O debate está acontecendo e seguiremos nessa luta para melhorar nossa capacidade de abastecimento”, disse o governador do Estado.

Parklog/ES
Neste ano também foi oficializada a criação do Parklog/ES. Coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento (Sedes), o programa tem como objetivo fomentar o desenvolvimento de terminais portuários, rodovias, ferrovias, aeródromos e áreas empresariais existentes nesses cinco municípios. Além disso, o decreto estabelece também a criação do comitê executivo de coordenação.
“A posição geográfica credencia o Espírito Santo como alternativa e opção muito viável de solução logística para o Brasil. A região que abrange o decreto já conta com portos, aeroportos, ferrovia e rodovias federais e estaduais, a primeira Zona de Processamento de Exportação – ZPE privada do Brasil já está autorizada, um novo porto de grande calado para cargas gerais, que tem previsão de receber a primeira atracação no ano que vem e tem as vantagens da Sudene. O Governo do Estado investe em infraestrutura, com novas rodovias e melhorias nas já existentes. A região se credencia para ser o principal eixo de exportações do agro do Centro-Oeste e do Brasil”, destaca o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Ricardo Ferraço.
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.