A comunicação precisa “pular os muros” da empresa, ouvindo vizinhos e impactados pela atividade empresarial
Por Robson Melo
A comunicação efetiva vai além do só falar ou só ouvir. A comunicação é dialógica, isto é, pressupõe ouvir, falar e se fazer entender. É preciso conferir que o outro, sua contraparte na conversa, esteja de fato lhe ouvindo, que ele também tenha sua vez de falar e você a sua vez de ouvi-lo.
Isto porque, já dizia o Chacrinha, um dos nossos maiores comunicadores brasileiros, “quem não se comunica, se trumbica “.
Na sociedade, os coletivos sociais, empresariais e do poder público, são parte e contraparte de uma comunicação que se espera, seja de interesse da sociedade como um todo. Cada parte dos envolvidos nesta comunicação deve se responsabilizar pelos melhores destinos do avanço dialogal, sempre em benefício da coletividade maior.

Dispor-se ao diálogo, portanto, é o primeiro passo da boa comunicação, mas ele não pode ficar restrito a tão somente estar disposto a conversa. Também precisa estar disponível. Enfim, não basta a intenção, tem que participar, efetivamente.
Políticas empresariais de interesse social, isto é, da sociedade e de responsabilidade social ou ambiental, devem se basear no diálogo. Os sistemas de qualidade, gestão e governança falam da importância de se considerar as diversas partes interessadas, não se limitando aos “de casa” – acionistas e empregados. O diálogo precisa “pular os muros” da empresa, ouvindo vizinhos e impactados pela atividade empresarial.


Nas políticas públicas também é necessário ouvir os segmentos sociais mais afetados. Dever maior dos legisladores e dos executores destas políticas, esses precisam se abrir ao diálogo real, não somente nos seus gabinetes mas indo “aonde o povo está”.
E da parte da sociedade, os coletivos, instituições sociais e suas representações devem se apresentar para participar e influenciar no que são experts. Na linguagem do futebol se diz que “quem pede recebe, quem se desloca tem preferência” para receber a bola jogada. Sendo craques nas suas causas, precisam, portanto “estar SE MOVIMENTANDO na área” para quando a bola for lançada, poder fazer o gol.

Nesta perspectiva de um diálogo influenciador é que foi constituído, em 26 de junho de 2024, o Comitê Comunitário da Unidade de Negócios do Espírito Santo (UN-ES) da Petrobras com a participação de representantes de associações de moradores, pescadores, entidades da sociedade civil e projetos patrocinados pela empresa dos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Guarapari, além da de profissionais da Petrobras investidos da atribuição de conversar com a comunidade.
É esperado que esta prática do diálogo também traga celeridade no tratamento de demandas comunitárias. A Fundaes é parte deste diálogo em nome de suas filiadas.
Robson Melo é presidente da FUNDAES, a Federação do Terceiro Setor Capixaba