O ex-ministro acusa Lula de “sucumbir ao pior da política”. PT afirma que é uma tentativa de facilitar a assinatura de acordo de delação premiada.
Ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci pediu desfiliação do Partido dos Trabalhadores nesta terça-feira (26). Isso aconteceu uma semana depois o PT de Ribeirão Preto (SP) aprovar, por unanimidade, abertura de procedimento para expulsão.
Palocci enviou uma carta de quatro páginas com o pedido à senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional da sigla. Ele acusa Lula de “sucumbir ao pior da política”.
O documento tinha quatro páginas. Palocci negocia acordo de delação premiado com o Ministério Público Federal. As informações são da Agência Brasil.
O ex-ministro reiterou as acusações feitas em depoimento ao juiz Sérgio Moro no dia 13 deste mês. Ainda sugere que o PT firme um acordo de leniência “reconhecendo as graves falhas e enfrentando a verdade”.
“Estou disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre as ilegalidades que cometi durante nossos governos, as razões e as circunstâncias que me levaram a estes atos e, mesmo considerando a força das contingências históricas, suportar pessoalmente as punições que o partido julgar cabíveis”, diz trecho do documento.
Tendo participado da fundação do PT, Palocci diz que recebeu o procedimento de expulsão com estranheza. “Enquanto os fatos me eram imputados e eu me mantive calado, não se cogitava minha expulsão. Ao contrário, era enaltecido por um palavrório vazio. Agora, que resolvo mudar minha linha de defesa e falar a verdade, me vejo diante de um tribunal inquisitório dentro do próprio PT. Qual critério do partido?”, indaga.
O ex-ministro pergunta até quando os correligionários acreditarão na “autoproclamação do homem mais honesto do país”.
Outro lado
Para a defesa do ex-presidente Lula, a carta contém “ataques inverídicos” ao PT. Segundo o partido, são uma tentativa do ex-ministro de facilitar a assinatura de acordo de delação premiada. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Lula afirmou que Palocci mentiu para conseguir os benefícios de uma delação premiada. O ex-presidente disse ainda que teria ficado “com pena” de seu ex-ministro. Moro é responsável pelos inquéritos da Lava Jato na primeira instância.
Defesa de Lula entrega recibos com datas inexistentes
A defesa de Lula entregou 26 recibos à Justiça Federal sobre aluguel de um apartamento vizinho ao imóvel onde mora. Porém, dois dos recibos têm datas que não existem: 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015.
Os advogados protocolaram os documentos na segunda-feira (25). São referentes à ação penal em que o ex-presidente é acusado de ter recebido propina paga pela Odebrecht. O dinheiro seria para comprar um terreno para o Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do Campo (SP).
A defesa quer comprovar que o aluguel foi uma relação contratual entre a família de Lula e Glaucos Marques. Ele também é réu na ação e sobrinho de José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso na Lava Jato. Para o Ministério Público Federal, Marques foi usado como laranja para acobertar propriedade do imóvel.
Explicação
Em nota, a defesa de Lula alega que houve “erro material” em relação às datas de vencimento dos aluguéis e que isso não tem “relevância probatória”. “Pela lei, bastaria à defesa ter apresentado o último recibo com reconhecimento de quitação, sem qualquer ressalva de débitos anteriores, para que todos os demais pagamentos fossem considerados realizados”, diz a nota.