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sábado, 20 abril, 2024

Os rumos da economia brasileira

Indicadores econômicos apontam previsões mais otimistas para os setores de produção industrial, comércio e serviços no País

Por Celso Bissoli

Os brasileiros acompanharam de perto os desafios e as frustrações impostas ao país durante o ano de 2020. Traçar os rumos do crescimento econômico do Brasil depende, primeiramente, do controle da pandemia. Mas, para além disso, o que poderemos esperar?

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Mesmo que as previsões de retomada da economia tenham sido acompanhadas de criativas analogias alfabéticas (recuperações em forma de “V”, “U”, “L” e, mais recentemente, “K”), temos visto indicadores econômicos melhores do que se esperava para a produção industrial, para o comércio e para os serviços no país. De fato, a expectativa é de uma alta de 3,96% do PIB em 2021, após uma queda de 4,1% no ano passado.

De uma perspectiva macroeconômica, o cenário internacional também é positivo. Após um recuo de aproximadamente 4% no ano passado, a economia mundial deve crescer cerca de 5% em 2021. É bom lembrar que em 2020 vários países concederam expressivos estímulos fiscais e monetários e que esses efeitos permanecerão a longo prazo na economia, já que não se vislumbra a possibilidade desses governos reverterem a tendência de baixas taxas de juros. Como isso, deve continuar a impulsionar as economias globais, assim como o controle da pandemia nos Estados Unidos, na Europa e na China, o Brasil vai prosseguir se beneficiando da alta de preços das commodities agrícolas e minerais, que são os principais
produtos da nossa pauta de exportação. O Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) já acumula alta de 65% nos últimos 12 meses.

Embora o cenário internacional favoreça a recuperação da economia brasileira, é preciso reconhecer as limitações impostas pelo ritmo de crescimento do emprego e da renda no país. Estamos observando um aumento da atividade econômica nos setores que empregam proporcionalmente menos. O setor de comércio e de serviços, que são os maiores empregadores do país, ainda estão muito afetados pela pandemia. Por isso, embora tenhamos perspectivas de números melhores do PIB, não teremos redução do desemprego a curto prazo.

Acompanhando o desemprego, teremos o lento crescimento da renda, que também será pressionada pela inflação. A combinação de alta no preço das commodities, especialmente dos alimentos, de desvalorização do real e do descompasso entre oferta e demanda de bens industriais e de energia elétrica resultará em limitados patamares de consumo das famílias, pois a geração de renda permanecerá fraca. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) já acumula alta de 8,05% nos últimos 12 meses.

Alterar os rumos da economia brasileira significa mexer em fatores estruturais que funcionam como motores do crescimento econômico. Alguns desses fatores, é bom ressaltar, já apresentavam desempenho insuficiente antes mesmo da pandemia de Covid-19. Como os principais estímulos à economia têm vindo da demanda internacional, é importante reforçar uma política monetária expansionista que ajude a impulsionar a demanda doméstica por meio do mercado de crédito. A ampliação do consumo é a base para realização dos investimentos privados, que podem acelerar a recuperação econômica. Mas como esses investimentos dependem de perspectivas positivas de retorno a longo prazo, as políticas de estímulo e sustentação da renda precisam ser consistentes e mais duradouras. O crescimento sustentado da economia tornará, inclusive, mais factível a busca do equilíbrio fiscal necessário para fazer frente ao aumento dos gastos públicos.

Os rumos da economia brasileira, embora positivos, nos obrigam a discutir e enfrentar os desafios que a realidade do país nos impõe.

Celso Bissoli Sessa é economista e presidente do Conselho Regional de
Economia do Espírito Santo (Corecon-ES).

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