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quarta-feira, 15 DE janeiro DE 2025

Os impactos do áudio de Jucá

A revelação Lava Jato de uma conversa entre o peemedebista e o ex-presidente da Transpetro pode derrubar o ministro.  

Um áudio gravado em março deste ano, e revelado por reportagem do jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (23) causou novo tumulto no governo interino. Na conversa entre o então senador peemedebista e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, ambos investigados pela Laja Jato, traz o atual ministro do Planejamento sugerindo, antes da votação do impeachent, que uma mudança no governo federal resultasse em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Lava Jato. Entre os impactos econômicos do áudio vieram a queda da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), aumento na taxa de juros e alta do dólar. 

Para o ex-presidente da Transpetro, o envio do caso para o juiz federal Sérgio Moro seria uma forma de levá-lo a um acordo de delação premiada para incriminar líderes do PMDB. No diálogo, Machado comenta: “O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. […] Ele acha que eu sou o caixa de vocês”.  E ele continua: “Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu ‘desça’? A gente tem que encontrar uma saída”, diz Machado.

Jucá concordou: “Eu acho que a gente precisa articular uma ação política … Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse o atual ministro. 

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Machado sugere então que seja feito um pacto nacional com o presidente interino, Michel Temer. “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional”, diz. E Jucá responde que o pacto deveria envolver o Supremo Tribunal Federal (STF). “Só o Renan que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha”, diz o ministro sobre Renan Calheiros (PMDB-AL), que preside o Senado. “Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não”, argumentou Jucá.

“Eles querem pegar todos os políticos”, disse o ex-presidente da Transpetro. E Jucá respondeu: “Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes,], [José] Serra , Aécio [Neves]”, se referindo aos líderes do PSDB. “E o PSDB, não sei se caiu a ficha já”, diz Machado. “Todo mundo na bandeja para ser comido”, rebateu Jucá. E Sérgio Machado afirma que o primeiro a cair será o senador Aécio Neves (PSDB-MG). “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB”.  Machado diz ainda na conversa que “tem que ter impeachment” e Jucá concorda: “Tem que ter impeachment, não tem saída”. 

O  líder do PT na Câmara, Afonso Florence, avaliou que o conteúdo “não surpreende” porque a “dimensão conspirativa do golpe era nítida”.

Defesa  

A defesa de Jucá confirma que ele teve um encontro com Machado, mas nega que o objetivo da conversa tenha sido traçar um plano para conter o avanço da Operação Lava Jato. Em entrevista ao Financista nesta segunda-feira (23), Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado de Romero Jucá, um dos mais importantes ministros do governo do presidente em exercício, pontuou que “em nenhum momento, Jucá demonstra que faria qualquer interferência para favorecer alguém”.  

Na argumentação do criminalista, o conteúdo do áudio não contém nada que possa preocupar Jucá ou afetar a credibilidade do governo Temer. “A Lava Jato é importantíssima, mas não pode ser uma proposta de governo”, explicou Kakay, acrescentando que o ex-presidente da Transpetro foi quem pautou e direcionou a conversa para o tema. “A conversa não apresenta nenhuma ilegalidade”, reforçou. Sobre a palavra pacto, o advogado classificou como “natural” que o termo tenha sido utilizado em momentos de negociação para que o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) fosse aprovado na Câmara dos Deputados.

Alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) que investigam suspeita de que ele recebeu propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Jucá poderá ser afastado do cargo. O presidente interino Michel Temer já se reuniu com ele e com o ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha nesta manhã. Romero Jucá só permanecerá no cargo se  conseguir “explicar” as declarações.

 

Imagem: André Dusek/Agência Estado  

 

 

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