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quarta-feira, 17 abril, 2024

Os desafios que acompanham o crescimento do PIB

Economistas do mercado financeiro com frequência divulgam suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, assim como para outros importantes indicadores da economia

Por Samantha Dias 

Na mais recente divulgação do Banco Central, a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2021 aumentou de 5,05% para elevação de 5,18%.

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Nesta entrevista, o economista do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Ricardo Paixão, fala sobre a realidade econômica e social do Brasil em relação a países desenvolvidos, e sobre os desafios que acompanham o crescimento do PIB. Na opinião dele, considerar apenas os números que apontam crescimento não resolve os problemas do país.

Qual sua visão sobre a economia do Brasil e sobre as projeções do mercado para 2021?

Ricardo Paixão: Importante destacar que no Brasil, Estados Unidos, Europa, a busca é sempre para que o PIB, que é o conjunto de riqueza produzida no país, o conjunto de mercadorias e serviços prestados ao longo de um ano cresça e com isso a gente tem oferta de bens e serviços. Para produzir precisa contratar pessoa, o emprego gera renda assim cria-se um ciclo virtuoso. Quando o PIB de qualquer país cresce é importante porque você tem mais produção e prestação de serviço, com isso gera emprego e renda, que gera consumo. A engrenagem da economia gera. Por isso todo mundo persegue e quer que o PIB de qualquer país cresça.

Quais os principais obstáculos do Brasil, na sua opinião?

Nos países desenvolvidos, em tese, a desigualdade social tende a ser menor do que em países em desenvolvimento e essa desigualdade afeta a sociedade de forma bruta porque uma parcela grande da sociedade não tem acesso a recursos. Então, não é somente buscar o crescimento econômico, tem que diminuir a desigualdade social no país.
Nesse sentido o Brasil tem grandes desafios, é um país em desenvolvimento, está buscando seu espaço internacional, e internamente tem desigualdade muito grande. Em torno de 40% da nossa economia é executada por atividade informal, é a pessoa que não tem carteira assinada, que não tem benefícios se ela adoecer, isso gera desigualdade social, elas não estão amparadas pelo INSS, não tem segurança da previdência caso adoeça, isso é muito ruim. Superar a informalidade é um grande obstáculo, ampliar os empregos formais e reduzir a informalidade. São desafios que acompanham o crescimento do PIB.

O que você acha que falta para o Brasil e que poderia fazer a diferença quem sabe para ser um país desenvolvido?

O que eu sinto falta é de um projeto nacional para daqui a 30 anos, 50 anos, que vai envolver a classe politica, o poder executivo, a sociedade civil organizada. Eu nunca vi um movimento nacional para que se construa um projeto de país. No dia que a gente tiver um projeto nacional para ser executado com envolvimento de todos os entes, o país avança. Enquanto a gente tiver ações pontuais vamos ficar patinando. Exemplo é que nós nunca tivemos reforma tributária, reforma política, a gente fica fazendo remendos, faz uma reforma da previdência “remendada”, não é discutida com todo segmento da sociedade. Isso é muito ruim. Falta uma grande liderança para envolver o país num grande projeto, para que possa crescer de forma autônoma, aí sim o país vai avançar, reduzir a informalidade.

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