O futuro dependerá da capacidade das lideranças de manterem a confiança do eleitorado, se preparando para os desafios de um cenário político em transformação
Por Darlan Campos
As eleições municipais de 2024 lançaram novas luzes sobre o comportamento do eleitorado e as dinâmicas de poder no Brasil. Este pleito trouxe evidências da força de partidos de centro e direita, enquanto ressaltou as dificuldades da esquerda em ampliar sua presença no cenário local. É importante lembrar que o desempenho municipal não se traduz diretamente em projeções para eleições gerais, mas serve como um termômetro da percepção social predominante.
Os partidos de centro e direita lideraram em número de prefeituras conquistadas. O PSD, com Gilberto Kassab à frente, foi o principal destaque, se tornando a legenda mais bem-sucedida em termos de articulação política e gestão de alianças. Governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO) desempenharam papéis importantes, fortalecendo suas bases políticas e articulando alianças estratégicas.
Em termos de prefeituras conquistadas, o PSD liderou com 891, seguido por MDB (864) e PP (752). Outros partidos, como União Brasil (591) e PL (517), também tiveram desempenhos significativos. Em contraste, o PT e o PDT enfrentaram desafios, com 252 e 151 prefeituras, respectivamente.
Já a esquerda brasileira enfrentou dificuldades em 2024. Dos 51 maiores municípios, apenas quatro elegeram prefeitos de partidos alinhados à esquerda no primeiro turno.
O principal problema da esquerda foi sua dificuldade em traduzir agendas nacionais para demandas locais. O PT e o PSOL não conseguiram conectar pautas como segurança, saúde e infraestrutura às suas campanhas, especialmente em regiões mais conservadoras ou interioranas.


A alta taxa de reeleição (81%) foi outro fator marcante, refletindo o desejo dos eleitores por estabilidade e continuidade. A quantidade de emendas parlamentares destinadas aos municípios também teve um papel crucial, proporcionando recursos para obras e investimentos que garantiram o apoio popular aos prefeitos em exercício.
Espelho da Tendência Nacional
No Espírito Santo, o PSB, liderado por Renato Casagrande, se consolidou como o partido mais forte, conquistando 21 prefeituras, ao priorizar articulações locais. Outros partidos, como PP e Podemos, também ganharam destaque, com 12 e 11 prefeituras, respectivamente. Por outro lado, o MDB perdeu força, reduzindo de 11 para 6 prefeituras.
Nas maiores cidades capixabas, prefeitos foram reeleitos com margens significativas. Em Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos) conquistou 79% dos votos. Em Cariacica, Euclério Sampaio (MDB) alcançou 88,41%. Na capital, Lorenzo Pazolini (Republicanos) garantiu sua continuidade com 56,22%.
Na Serra, Sérgio Vidigal (PDT) decidiu não buscar a reeleição, mas assegurou a continuidade de seu grupo político ao apoiar Weverson Meireles (PDT), que venceu com 60,2%.
O Que Esperar
As eleições municipais de consolidaram o centro e a direita. O desafio para partidos de esquerda será se reinventar, conectando-se mais diretamente com as demandas locais.
O futuro dependerá da capacidade das lideranças de manterem a confiança do eleitorado, enquanto se preparam para os desafios de um cenário político em constante transformação.
Darlan Campos é consultor em marketing político, escritor e professor
*Artigo publicado originalmente na revista ES Brasil 225, de dezembro de 2024. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.