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quinta-feira, 25 abril, 2024

O que mudou após um ano da tragédia de Mariana?

Pouca coisa. Ausência de respostas; comunidades sem o ganha pão; 18 mil processos no ES, Rio Doce “amargo”; Samarco fechada e nenhuma multa paga. 

No dia 05 de novembro de 2015, o Brasil parou para assistir o que se tornaria o maior acidente ambiental do país. O rompimento da barragem de Fundão, no município de Mariana, provocou uma gigantesca onda de lama – formada por 32 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro da Samarco – que matou 19 pessoas, soterrou as localidades de Bento Rodrigues e de Paracatu. Dias depois, a lama invadiu o Rio Doce e se arrastou ao longo de 640 km, matando toneladas de peixes e deixando dezenas de cidades sem abastecimento de água, até chegar ao Oceano Atlântico, no dia 21 daquele mês, e acabar com a paz dos moradores de Regência Augusta, em Linhares.

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De lá pra cá, muitas foram as polêmicas que envolvem o caso, a começar pela composição da lama. De acordo com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), os rejeitos continham materiais tóxicos. E muitos outros institutos de pesquisa lançaram relatórios corroborando a toxidade do material. A Samarco nega essa informação.  Em relação à mata, estudo da Fundação SOS Mata Atlântica apontou que, somente em Minas Gerais, a lama destruiu 324 hectares de Mata Atlântica. 

Uma ação conjunta dos governos do Espírito Santo, de Minas Gerais, e da União chegou a gerar um acordo com a Samarco e suas acionistas, as gigantes mundiais da mineração Vale e BHP Billiton, em março deste ano. Mas o Ministério Público Federal de Minas Gerais conseguiu que a Justiça anulasse a homologação desse acordo, alegando às pessoas e áreas impactadas. 

O que mudou após um ano da tragédia de Mariana?

A Samarco e seus proprietários multinacionais enfrentam milhares de ações judiciais, com demandas de indenizações que chegam a R$ 155 bilhões, além de acusações a 21 executivos e funcionários de homicídio qualificado. O promotor de justiça de Minas Gerais, Guilherme Meneghin, acusa a Samarco de “recorrer a truques para atrasar” cada passo nas indenizações. “Só cumprem com as suas obrigações quando são forçados pela justiça”, declarou. Nenhuma multa foi paga até agora. 

Mas, mesmo muito indignados, moradores do local mais atingido pela lama esperam que as atividades da Samarco sejam retomadas. Das 3.000 pessoas que trabalhavam na mineradora, 1.000 estão agora sem trabalho. Isso sem contar com os quase 3.000 contratistas, muitos deles já demitidos. Em Anchieta, no ES, a arrecadação mensal caiu em R$ 9 milhões sem os impostos pagos pela empresas. Isso sem falar nos desempregados e na consequente queda no faturamento do comércio que, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, também chegou a 60%.  E piora a cada dia a situação econômica do município, enquanto a empresa permanece fechada. 

Neste sábado, a TV Assembleia de Minas Gerais lança um documentário, com duração de 45 minutos, sobre o mais grave desastre ambiental da história do Brasil, trabalho que deixa um apelo às autoridades e à sociedade em geral, por meio da hashtag #NãoEsqueçaMariana. 

 

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