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segunda-feira, 22 abril, 2024

O jogo da terceira via

A terceira via tem muitas alternativas, mas nada ainda de concreto.

Por André Pereira César

Enquanto a polarização Bolsonaro/Lula dita os rumos imediatos da disputa sucessória, a chamada “terceira via” tenta se posicionar de maneira mais efetiva no jogo político. Em diferentes frentes, com atores diversos e projetos distintos, o grupo segue em busca de um lugar ao sol em 2022.

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A fusão DEM-PSL representou importante passo no sentido da consolidação de uma candidatura presidencial um pouco mais consistente. A nova legenda, União Brasil, terá substanciais recursos financeiros no próximo ano, além de boa estrutura e capilaridade, atributos que inegavelmente atraem potenciais candidatos. Hoje, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e o apresentador José  Luiz Datena aparecem como os principais postulantes, mas outros nomes podem surgir.

Um desses possíveis novos nomes é o do ex-ministro Sérgio Moro. Ainda sem partido, ele tem conversado com lideranças da centro-direita. A seu favor contam dois pontos – ele tem bom potencial de crescimento eleitoral, segundo as pesquisas, e seu discurso anti-corrupção agrada parcela significativa do eleitorado. Há um elemento negativo, porém. Sua participação na Lava Jato o indispôs com muitos partidos, restringindo a capacidade de articulação no processo eleitoral. Como superar esse obstáculo?

Em território tucano, a briga ganha escala. As inéditas prévias que definirão o nome do partido representam um grande risco pois o vencedor, seja ele João Dória (SP) ou Eduardo Leite (RS), pegará um PSDB rachado. No limite, a disputa interna se mostra uma boa ideia conduzida de maneira equivocada, e o tucanato pode sair ainda menor no cenário político nacional.

Espécie de outsider na terceira via, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes ainda tenta calibrar um discurso que agrade ao eleitorado. A situação, por ora, é ruim. Os ataques simultâneos a Bolsonaro e a Lula não têm atingido seus objetivos e, pior, o neopedetista patina na faixa dos 10% das intenções de voto. O risco real para o pré-candidato é ter menos votos que nas eles 2018, o que praticamente selaria sua aposentadoria no mundo político.

A mais recente novidade, o presidente do Senado Federal, o mineiro Rodrigo Pacheco, deu um lance ousado ao migrar para o PSD de Gilberto Kassab. O parlamentar, ainda pouco conhecido nacionalmente, tem potencial para crescer junto ao eleitorado e, mais ainda, conta com um estilo conciliador hoje em falta no mercado político. Pacheco será no mínimo um curinga na disputa sucessória, podem compor com candidatos de diferentes campos programático-ideológicos.

Por fim, os demais nomes apresentam pouca capacidade de voo. Falamos aqui dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania/SE) e Simone Tebet (MDB/MS), que ganharam espaço na mídia com a CPI da Covid. Encerrados os trabalhos do colegiado, ambos devem aparecer menos. Os balões tendem a desinflar.

Por ora, o resumo da ópera é claro. A terceira via tem muitas alternativas, mas nada ainda de concreto. O tempo corre contra o grupo, que vê mais e mais o descolamento dos líderes Lula e Bolsonaro.

André Pereira César é Cientista Político e sócio da Hold Assessoria Legislativa.

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