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sexta-feira, 19 abril, 2024

O interior mostra sua força

O interior mostra sua forçaOnde estão os grandes investimentos privados no interior do Estado e quais são as oportunidades que eles vão gerar para as pequenas empresas locais Nos próximos quatro anos, cerca de R$ 98,8 bilhões deverão ser investidos no Espírito Santo. Desse total, R$ 76 bilhões em grandes negócios vão ser destinados ao interior do Estado. Empresas de todos os tipos – desde indústrias metalúrgicas e da cadeia petróleo e gás até grandes redes hoteleiras – e de todos os cantos do Brasil enxergam nas cidades capixabas uma possibilidade de crescimento em que vale a pena investir. E esse impulso traz oportunidades de desenvolvimento também para as organizações locais de menor porte. De acordo com dados da Junta Comercial do Espírito Santo (Jucees), somente em 2011 o Espírito Santo ganhou 6.550 novas micro e pequenas empresas. E a tendência é que esse número aumente nos próximos anos.
De acordo com o diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES), Benildo Denadai, a instalação de grandes empreendimentos nas cidades do interior capixaba gera primeiro demandas diretas para cada região. “As grandes empresas precisam de serviços, de produtos. E as suas fornecedoras necessitam de uma série de outros serviços. Isso tudo cria a chamada demanda diretamente vinculada ao projeto de instalação, ao investimento que está sendo implementado e que gera uma série de oportunidades para as micro e pequenas empresas (MPEs). Ao mesmo tempo, quando eu instalo um grande investimento em determinada região, consigo fazer com que a demanda natural daquele local cresça, porque levo muitas pessoas para lá. São mais restaurantes, mais bares, lavanderias, farmácias… Aí surgem as grandes oportunidades para as MPEs”, destaca Denadai.
No Espírito Santo, a partir deste ano, as pequenas empresas terão oportunidades nas diversas regiões onde se instalam grandes empreendimentos. Antes centralizado na Grande Vitória, esse desenvolvimento agora é levado para todas as regiões do Estado. A seguir, você confere quais os investimentos que cada uma dessas cidades está recebendo e as oportunidades a serem geradas para o empreendedor local.

Anchieta é a nova aposta no litoral sul
O município de Anchieta tem hoje boa parte de suas receitas ligadas às grandes empresas instaladas na região, como a Samarco Mineração. Nos próximos anos, o volume de impostos que a cidade arrecadará deverá aumentar, com a implantação de empreendimentos como a Companhia Siderúrgica Ubu (CSU), o porto da Petrobras e a 4ª Usina de Pelotização da Samarco.
A secretária de Turismo, Comércio e Empreendedorismo de Anchieta, Adélia Maria de Souza, acredita que a instalação dessas companhias criará oportunidades para os pequenos empresários locais, gerando uma demanda por empresas de suprimentos variados, metalurgia, metalmecânica, alimentação, meios de hospedagem, serviços de logística, prestação de serviços de consultorias, técnico-administrativos, ambientais, entre tantas outras.
Para dar suporte ao empresariado local e auxiliar no desenvolvimento de Anchieta, o município tem implementado algumas ações. “A cidade está preparada, com o Plano Diretor Municipal (PDM), zoneamento urbano, e áreas destinadas para investimentos em nível industrial. Também temos projetos que auxiliam os empreendedores. Estamos buscando qualificar a mão de obra, em parceria com o Senai e o Sebrae; e implantamos a Lei Geral Municipal da Micro e Pequena Empresa”, enumera Adélia.

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Crescimento de Presidente Kennedy traz oportunidades para as cidades vizinhas
Apesar de ser uma cidade pequena, Presidente Kennedy tem grandes receitas provenientes dos royalties do petróleo. Com esses recursos sob ameaça, a cidade tem uma nova oportunidade de se desenvolver, com a instalação da Ferrous Administração Portuária. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Presidente Kennedy, Alexandre Pinheiro, diz que o projeto está aguardando a licença de instalação, que deve ser liberada até o final de janeiro.
Segundo ele, as oportunidades geradas com a chegada da Ferrous devem ser regionalizadas, beneficiando também os municípios vizinhos. “A presença da Ferrous na cidade vai gerar uma cadeia de oportunidades para o comércio e os empreendedores locais, principalmente voltadas para a área de siderurgia. Mas o desenvolvimento não vai se concentrar somente em Presidente Kennedy, e sim abranger toda a região. Os municípios de Itapemirim e Marataízes devem desenvolver as questões de moradia e hotelaria, sustentando o que Kennedy não suporta. Já Cachoeiro de Itapemirim será um polo de metalmecânica”, ressalta o secretário.
Pinheiro lembra que as pequenas empresas da região estão cautelosas e só devem investir, efetivamente, quando a construção da Ferrous for concretizada. “Estamos trabalhando para atrair empresas para Presidente Kennedy. Temos na cidade uma lei que dá incentivos, tanto fiscal quanto de concessão de área. Na realidade, muitas empresas ainda não se instalaram porque querem que a Ferrous aconteça, de fato, para depois investirem. Por enquanto, a Ferrous contratou o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), que está cadastrando toda a cadeia de comércio dos municípios. No futuro, esses pequenos empresários vão subsidiar a Ferrous no que ela precisar, nas necessidades que surgirem”, explica Pinheiro.

Cachoeiro de Itapemirim: suporte para o crescimento da região
Uma das maiores cidades do sul do Estado, Cachoeiro de Itapemirim já se prepara para atender à grande demanda de serviços que irá surgir na área, como consequência dos investimentos para a região litorânea. “Nossa cidade, por ter uma boa infraestrutura nos setores de saúde, educação, prestação de serviços em geral e comércio, será bastante demandada”, prevê o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Cachoeiro, Ricardo Coelho.
Já a partir de 2012 a cidade deve receber investimentos no setor da construção civil, com edifícios residenciais, centros comerciais e a expansão de mais um shopping center. “A cidade experimenta um ciclo virtuoso de desenvolvimento, impulsionado principalmente pelos pequenos negócios. Entendemos que todos são muito bem-vindos, mas os pequenos negócios têm uma capacidade maior de gerar empregos, renda e promover o desenvolvimento de uma forma mais rápida”, defende o secretário.
Para adaptar o município à nova realidade que se desenha para a região, a prefeitura local vem melhorando o sistema viário da cidade, visando a ordenar o aumento do fluxo de veículos esperado com a chegada dos grandes projetos. “Também estamos trabalhando para melhorar a infraestrutura da capacidade hoteleira do município, buscando atrair mais hotéis, uma vez que a nossa capacidade hoje já está esgotada”, afirma.
O secretário lembra que o sucesso dos negócios também dependerá dos esforços dos empreendedores. “O empresário precisa investir na certificação dos seus processos produtivos e sistemas de gestão da qualidade, visando a atender às exigências dos novos empreendimentos que estão se instalando em nossa região. Com isso, ele terá crescimento no mercado e poderá fornecer produtos e serviços para esses empreendimentos desde a fase de instalação”, conclui.

Aracruz: R$ 3,77 bilhões em investimentos
A partir de 2012, Aracruz, no norte do Estado, será um dos polos de atração de investimentos privados no Espírito Santo. Entre eles, está a construção do estaleiro Jurong, que deve demandar R$ 800 milhões. O montante total que a iniciativa privada investirá na cidade nos próximos anos chega a R$ 3,77 bilhões. Além desse, outros empreendimentos estão em estudo, como o novo terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Petrobras, em fase de discussão com a comunidade local.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Aracruz, Divaldo Crevelin, acredita que esses recursos representarão um grande salto no desenvolvimento. “Toda essa atividade irá gerar uma série de demandas de materiais e de serviços, tanto para o comércio como para a indústria, além da perspectiva de instalação de novas empresas ao redor, aumentando significativamente o número de empregos e fortalecendo o comércio local, as empresas prestadoras de serviços e, consequentemente, ampliando toda a cadeia produtiva para atendimento às demandas”, defende.
Conforme o secretário, Aracruz tem hoje carências na rede de serviços, como restaurantes e hotéis. “Nossa cidade também necessita de mais opções de entretenimento e lazer, que estão bem consolidadas na orla do município, mas ainda são deficientes na sede. Outro setor que deve crescer é o da construção civil”, prevê Crevelin.
Já pensando nas oportunidades para as empresas locais, a Prefeitura de Aracruz tem feito a mediação entre as grandes companhias e os fornecedores da região, visando a estreitar as relações entre eles. “A prefeitura vem desenvolvendo encontros de negócios entre investidores e fornecedores, com o objetivo de mapear e avaliar a geração de empregos e negócios nos projetos instalados ou em implantação no município, oferecendo oportunidades aos fornecedores locais para divulgar seus serviços e produtos aos grandes investidores”, conta Crevelin.

Linhares mantém crescimento dos últimos anos
A cadeia de petróleo e gás vem impulsionando a economia de Linhares. E além dos significativos investimentos da Petrobras, a cidade recebeu nos últimos anos grandes plantas industriais, como a SABB Coca-Cola. Nos próximos anos, o município deve abrigar outros empreendimentos importantes, como a instalação de um Complexo Gás-Químico, incluindo uma fábrica de fertilizantes, pela Petrobras, que tem estimativa de investimento da ordem de US$ 3 bilhões e deve entrar em operação em 2014.
Além disso, a cidade apresenta alguns investimentos em fase de conclusão e expansão. “Tem muita coisa sendo falada para Linhares, mas investimento real não temos nenhum previsto a partir de 2012. Mas há alguns em fase de finalização, como a Weg, que é uma realidade; a Brametal, que está duplicando a sua produção; e a Tecnotêxtil, que deverá ser inaugurada ainda no primeiro semestre deste ano. Temos trabalhado para atrair investimentos para cá, mas não queremos que todas as indústrias venham para Linhares, e sim que se instalem nos municípios próximos, como Sooretama, por exemplo. O importante é crescer o conjunto, crescer isoladamente não adianta”, afirma o secretário de Desenvolvimento de Linhares, Paulo Medina.
Segundo ele, a cidade está bem preparada em relação à cadeia de serviços que dá suporte às indústrias, mas ainda possui algumas carências. “Uma área carente no município é a parte de serviço voltada para o turismo, que envolve hotelaria e restaurantes. Temos uma demanda grande nesse campo em Linhares. Por enquanto, há apenas a previsão de inauguração de mais um hotel na cidade, da rede Bristol”, conta Medina.

Turismo traz novas oportunidades para Domingos Martins
Já a proximidade com a Região Metropolitana da Grande Vitória e as belezas naturais têm sido atrativos para que as empresas do ramo da hotelaria apostem em Domingos Martins. Para os próximos anos, dois grandes investimentos estão previstos para a cidade: o Hotel do Sesc e o Villaggio d’Italia Residential Spa & Resort, que será construído pelo Grupo Izoton. Ao mesmo tempo, a construção civil na região é impulsionada com novos condomínios e loteamentos residenciais, cujos projetos já foram encaminhados à prefeitura.
Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico da cidade, Fábio Anselmo Trarbach, esses empreendimentos impactam positivamente o município, que tem apenas 7 mil habitantes. “Eles criam possibilidade para a instalação de bares e restaurantes na região, além de lojas voltadas para atender à clientela futura desses hotéis. Na área de entretenimento, são geradas diversas oportunidades, no ecoturismo e no agroturismo, para os quais o nosso município tem uma vocação muito grande. Nossa cidade, por ser pequena, ainda é deficiente na questão do trânsito, principalmente locais de estacionamento, já que não temos muito espaço. Essa é uma outra oportunidade de negócio”, explica Fábio.

Colatina é cidade polo no noroeste
Toda semana, três grandes empresas, em média, visitam Colatina com a pretensão de se instalar na cidade. A informação é do secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo local, Fernando Valverde. Essas organizações, acrescenta, buscam a viabilidade do município, a posição estratégica que a cidade ocupa e também as vantagens que ali podem ter com os incentivos fiscais. Além de contarem com os benefícios concedidos pelo município, os empreendimentos que se instalam em Colatina possuem ainda mais vantagens, já que o município integra a área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o que concede às empresas, por exemplo, descontos de até 75% no Imposto de Renda.
Foram esses atrativos que motivaram a gaúcha Bertolini a montar uma unidade na “Princesinha do Norte”. Especializada em estruturas metálicas para armazenagem e em móveis de aço, a empresa já protocolou junto à Prefeitura de Colatina o projeto para a construção de sua nova fábrica por lá. Outra grande empresa que deve investir no município no próximo ano é a Cervejaria Colônia, do Paraná. “A Cervejaria Colônia está querendo implantar uma unidade em Colatina. Estamos medindo o quantitativo e a qualidade da água da região, para podermos abrigar a fábrica”, conta Valverde.
“Nós temos buscado a atração de novos investimentos com sustentabilidade. Não temos interesse em atrair muita gente para cá, porque somos uma cidade polo na região, e os outros municípios também têm que crescer. Hoje temos em Colatina 110 mil habitantes, e nas cidades vizinhas esse número chega a 300 mil habitantes. A centralidade de Colatina atrai desenvolvimento para toda a região noroeste”, esclarece o secretário.
Os investimentos privados vão trazer oportunidades para a região, gerando emprego para os cidadãos e receitas para o município, além de criar um ambiente propício para os pequenos negócios. “A Bertolini é uma indústria metalúrgica e vai precisar de prestadores de serviços variados para, por exemplo, dar manutenção em máquinas e equipamentos, fazer ou beneficiar subprodutos, entre as muitas outras oportunidades que serão geradas como consequência da instalação da fábrica”, lembra Fernando Valverde.
Além de Colatina, outros municípios da região noroeste – que possui o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado – devem receber investimentos importantes nos próximos anos, o que será de fundamental importância para a elevação do índice e aumento das oportunidades para os habitantes. Um levantamento feito pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) mostrou que até 2012 seriam investidos cerca de R$ 211,8 milhões na região, sendo a maioria desses recursos centrados no setor de rochas ornamentais.

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