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terça-feira, 16 abril, 2024

Os freios institucionais da economia brasileira

Dissonância entre o que precisa ser feito, em termos de reformas, e ações dos Poderes mostram como o Estado brasileiro ainda é conivente com algumas práticas

As recentes atitudes de integrantes dos poderes da República reiteraram o pouco apreço que têm pela governabilidade e o muito apreço que têm pela impunidade endêmica no Brasil.

O chefe do Poder Executivo trocou sua impunidade a partir de 1º de janeiro de 2019 pela sanção ao aumento (imoral e inoportuno) de 16% para os salários de suas excelências do Supremo Tribunal Federal. Os legisladores da Câmara Federal, por sua vez, para resguardarem suas impunidades, sancionaram a irresponsabilidade fiscal dos municípios incluindo uma jabuticaba na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para não punir os prefeitos que desobedeceram os limites de gastos com pessoal.

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Precisa dizer que este ato é um desrespeito para com os que cumprem os limites?

E a Procuradora Geral da República entrou com ação contestando o fim do auxílio moradia para o judiciário (desnecessário e imoral), sob a anacrônica alegação do direito adquirido, que só faz sentido aos ouvidos do reduto de anomalias que se tornou o judiciário brasileiro.

Todas, atitudes peculiares àqueles agentes públicos que se consideram donos do Estado e acima dos cidadãos-contribuintes que sustentam esse Estado. Além de estarem desalinhadas com a agenda de reformas estruturais. São resquícios da herança do estado patrimonialista ainda muito arraigada nas instituições brasileiras, que tem como custo de carregamento a impunidade para os atos de seus membros.

O problema é que a impunidade acolhe a corrupção; que, por sua vez, aumenta o custo de funcionamento da economia; que retrai o empreendedorismo e a decisão de investir; que limita o crescimento; que reduz as receitas tributárias; que reduz os recursos para prestação de serviços públicos; que impede a correção das falhas de mercado; que condena o País ao subdesenvolvimento e ao descrédito da comunidade internacional.

Nesse sentido, as decisões das altas instâncias do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de estarem institucionalizando a impunidade para os ocupantes do poder público, tornaram-se um freio para a economia.

Esta situação preocupa, porque o padrão de economia trazido pelo  paradigma tecnológico em curso, vai requerer uma economia mais eficiente, dinâmica e transparente. Para alcançá-lo, o Brasil precisa executar as reformas estruturais. E, para isso, terá que mudar a cultura organizacional de agentes privados e públicos.

Como ainda não se vislumbrou o início dessas reformas e nem de mudança de comportamento, não dá para ter otimismo quanto ao futuro da economia brasileira. Por enquanto, sem elas, há risco de que perca o timing da resposta, mantendo sua posição de bagagem na economia mundial.

E, cá entre nós, é desperdício de recursos, uma economia com o potencial de crescimento como o do Brasil, manter-se subdesenvolvido por não conseguir atualizar e moralizar seu comportamento organizacional.


Arilda Teixeira é Economista e professora da Fucape

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