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sexta-feira, 19 abril, 2024

O dia da mulher é todo dia

“A data marca avanços obtidos pelas mulheres na sociedade, mas principalmente nos lembra que ainda temos que avançar muito”

Por Manoel Goes

Mais um 8 de março. Várias décadas é conhecido como o Dia Internacional da Mulher. Data que foi criada para marcar as diversas manifestações pelo reconhecimento dos direitos básicos das mulheres.

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Essas manifestações realizadas no século XIX exprimiam o desejo de libertação das longas horas de trabalho, com jornadas que chegavam a 15 horas e com baixos salários, quando haviam.

O Dia Internacional da Mulher certamente estará repleto de reflexões direcionadas à realidade das mulheres. Por isso, é necessária uma reflexão voltada para nós homens. A data marca avanços obtidos pelas mulheres na sociedade, mas principalmente nos lembra que ainda temos que avançar muito para que tenhamos de fato uma igualdade de oportunidades entre os gêneros. “Toda mulher deve ser quem e o que quiser, e o seu dia tem que ser todo dia”, e nós homens temos que concordar e apoiar.

Com a pandemia, muitas mulheres sofreram mais agravos à saúde, tendo o alarmante número em 2021 de 4,3 milhões de mulheres brasileiras de 16 anos ou mais, que foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa que a cada minuto 8 mulheres apanharam no Brasil durante a pandemia do novo corona vírus. Esta violência contra as mulheres é endêmica em todos os países e cultura, causando damos a milhões de mulheres e famílias e que foi agravada pela pandemia.

“Ao contrário do Covid-19, a violência contra as mulheres não pode ser interrompida pela vacina. Só iremos mudar este quadro com esforços sustentados e enraizados, por governos, comunidades e indivíduos, melhorando assim o acesso a oportunidades e serviços para as mulheres e meninas, promovendo relacionamentos saudáveis e mutuamente respeitosos”, declarou Tedros Adhanom, diretor geral da OMS.

Tantos anos e tantas lutas e chegamos à 2022 com dados que merecem mais que apenas atenção. Os dados mostram que houve um aumento no feminicídio em 2021, comparado aos meses iniciais do ano anterior.

Eles também mostram que há uma reprodução nas formas de desigualdades que já acometem a vida das mulheres, onde 73% das vítimas de homicídios são mulheres negras. Além da violência, enfrentam desvalorização profissional e baixa representação política. Dura realidade da mulher em pleno século XXI, em um mundo que teima em continuar machista e patriarcal.

As liberdades das mulheres devem ser defendidas e exercidas no mínimo cotidiano. Da simples escolha das roupas que querem usar sem serem ofendidas por ninguém. As mulheres tem o pleno direito de decidirem sobre os seus corpos e sobre as formas de exercê-los no mundo.

Cabem às mulheres negras, brancas, heterossexuais, homossexuais, transexuais, operárias, camponesas, orientais, indígenas e a tantas outras, e somente a elas as rédeas e as decisões acerca do próprio destino.

Será que nós homens estamos compartilhando de verdade as tarefas da casa e o cuidados com os nossos filhos, com nossas companheiras? Não falo de lavar as louças de vez em quando, ou levar o filho na escola no dia em que estamos de folga. Quando falamos que “damos uma mãozinha”, estamos assumindo que são elas que tem que fazer tudo. Precisamos participar mais.

Manoel Goes é escritor e diretor no IHGES.

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