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segunda-feira, 19 DE maio DE 2025

“O Brasil não pode ser abrigo de corruptos”, afirma Malta

Senador capixaba Magno Malta disparou contra decisão de Lula de conceder asilo político para ex-primeira dama do Peru, condenada por corrupção

Por Robson Maia

Em discurso forte direcionado ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, o senador capixaba Magno Malta, do PL (ES),  protocolou um voto de censura direcionado após a concessão de asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada pela Justiça peruana por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

No documento, o parlamentar capixaba afirma que o ato do governo brasileiro é “inaceitável” e “mancha a imagem internacional do Brasil como parceiro confiável no combate à corrupção transnacional”. Para ele, a decisão do presidente Lula de acolher Heredia, levada ao Brasil em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), configura uma afronta direta à soberania do Judiciário do Peru.

“O Brasil não pode se transformar em abrigo de condenados por corrupção em nome de afinidades partidárias. É uma vergonha para o povo brasileiro, que clama por justiça e transparência”, afirmou o senador.

"O Brasil não pode ser abrigo de corruptos", afirma Malta
Asilo diplomático foi concedido por Lula após condenação de ex-presidente e da ex-primeira-dama por corrupção

“Não estamos falando de suposições, mas de condenações com base em provas robustas, reconhecidas por tribunais independentes. Proteger alguém assim é agir contra os interesses da Justiça e da ética internacional”, afirmou Malta.

Entenda o caso

O Terceiro Juizado Criminal de Lima, capital peruana, condenou a ex-primeira-dama e o ex-presidente do Peru, Nadine Heredia e Ollanta Humala, a 15 anos de detenção por lavagem de dinheiro, sob acusação de terem recebido valores ilícitos para campanha política, em 2011, em um caso envolvendo a construtora brasileira Odebrecht, que atua há décadas no país vizinho.

Antes da divulgação das sentenças, Nadine e Samir se abrigaram na embaixada do Brasil em Lima, onde obtiveram a concessão de asilo diplomático, nos termos da Convenção de Asilo Diplomático, da qual ambos os países são parte.

“Nos termos do Artigo XII da mencionada Convenção, o governo do Peru outorgou as garantias e o salvo conduto correspondente, permitindo que a senhora Alarcón e o seu filho pudessem deixar o território peruano, com destino ao território brasileiro. A senhora Alarcón e o seu filho passarão, agora, pelos procedimentos necessários para sua regularização migratória no Brasil”, informou o Itamaraty.

No Brasil, ex-primeira-dama do Peru passa por regularização migratória | Metrópoles
No Brasil, ex-primeira-dama do Peru passa por regularização migratória

Já o ex-presidente peruano, que governou o país entre 2011 e 2016, decidiu cumprir a condenação em seu país. Ele deverá cumprir a prisão em uma base policial especialmente construída para abrigar os ex-presidentes do país, onde Alejandro Toledo e Pedro Castillo estão atualmente detidos.

De acordo com a promotoria, Humala e esposa teriam aumentado suas riquezas pessoais graças à “contribuição ilícita” feita pela Odebrecht, agora conhecida como Novonor, e pela OAS, outra empreiteira brasileira. Os recursos eram destinados à sua campanha eleitoral.

O Palácio do Itamaraty informou nesta quarta-feira (16) que Nadine Heredia Alarcón já está em solo brasileiro acompanhada pelo filho Samir Ollanta Humala Heredia, que é menor de idade. Ambos desembarcaram durante a manhã, em local não informado.

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Senador capixaba fala em gesto político, não humanitário

Para Magno Malta, o asilo concedido à ex-primeira-dama nada tem de humanitário. “Foi uma operação disfarçada, bancada pelo contribuinte brasileiro, para livrar da prisão uma aliada ideológica do PT. Isso é abuso do poder diplomático para acobertar corruptos”, denunciou.

"O Brasil não pode ser abrigo de corruptos", afirma Malta
“Foi uma operação disfarçada, bancada pelo contribuinte brasileiro”, disse Malta

Malta também acusou uma suposta “aliança ideológica” entre o governo Lula e “figuras centrais de um dos períodos mais nefastos da política peruana”. Para ele, o gesto evidencia a disposição do atual governo de contemporizar com personagens ligados à corrupção, desde que estejam em sintonia com seu projeto político.

No encerramento do voto de censura, Magno Malta falou em responsabilidade e respeito às instituições democráticas da América Latina. “Não se trata de uma disputa partidária. Trata-se de respeitar a dor de um povo vizinho e de manter vivo o compromisso do Brasil com a justiça e a transparência”, disse.

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