25.5 C
Vitória
sexta-feira, 19 abril, 2024

Novidade no tratamento da esclerose múltipla no Estado

Novidade no tratamento da esclerose múltipla no EstadoSerá iniciado amanhã, (14) mais uma opção para o tratamento da doença que afeta aproximadamente 300 pessoas no Espírito Santo. A novidade é o uso de medicação oral em detrimento ao uso de injeções para tratamento da doença
A próxima quarta-feira, (14), será de novidade e expectativa para quem é portador de esclerose múltipla e não respondem aos tratamentos convencionais ou têm efeitos colaterais inaceitáveis. Isso porque o Ambulatório de Neurologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória irá iniciar um novo tratamento para pacientes que possuem a doença.
Segundo o médico neurologista Renan Domingues, coordenador do projeto de extensão de Esclerose Múltipla da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (Emescam), a vantagem desse tratamento é que ele é feito com medicação oral. “Vamos começar com três pacientes, que iniciarão o tratamento com uma nova medicação, chamada Fingolimode. Essa é a primeira medicação oral para tratar a doença, pois, até então, só tínhamos as injeções. Trata-se de um novo tratamento e esperamos que seja também uma nova fase para alguns pacientes”, destaca o médico.
A Fingolimode age alterando o funcionamento de alguns tipos de glóbulos brancos e ajuda a diminuir os processos imunológicos que levam à doença. O tratamento feito com a medicação já é realizado com 33 mil pessoas em todo o mundo, mas foi liberado recentemente no Brasil. “Ele não substitui os tratamentos anteriores, mas é mais uma opção para quem trata a doença. Ainda é um remédio caro, conseguimos as amostras a partir de doações, mas a expectativa é que ele seja totalmente fornecido pelo Governo”, explica Renan.
Atualmente, as injeções são feitas de uma vez por semana até todos os dias. São quatro tipos de medicamentos injetáveis e a frequência depende de qual deles está sendo usado. O novo medicamento apresentou boa eficácia nos estudos, com redução de mais de 50% na taxa de surtos da doença. Esse tratamento já foi testado e aprovado em quase todos os países com programas de atendimento à esta doença.

Dados nacionais indicam 15 casos de esclerose múltipla para cada 100 mil habitantes no Brasil. No Espírito Santo, cerca de 200 pessoas fazem tratamento para a doença. “Isso quer dizer que aqui no Estado aproximadamente 300 pessoas têm esclerose múltipla e não tratam pois ainda não têm o diagnóstico. Quando descobrem, as lesões já estão em estágio avançado, o que dificulta o tratamento”, ressalta Renan.

- Continua após a publicidade -

Associação Viva Vitória
A Associação de Esclerose Múltipla Viva Vitória está ativa desde agosto do ano passado, tornando o tratamento ainda mais objetivo, além de ajudar o paciente na realização de exames imprescindíveis para o diagnóstico da doença e, junto como ambulatório da Santa Casa, oferecer o mesmo tratamento disponibilizado pela rede particular. “Apesar de o SUS disponibilizar medicamentos importantes para conter a esclerose, o tratamento da doença no sistema público de saúde ainda enfrenta grandes dificuldades, como a disponibilidade e a qualidade dos exames complementares, a falta de estrutura e pessoal para centros de atendimento multidisciplinares, a baixa adesão dos pacientes aos tratamentos medicamentosos, visto que esses podem causar sintomas colaterais desagradáveis, além da demora na chegada das novas medicações ao Brasil em comparação aos países desenvolvidos. Por isso, a organização dos pacientes em associações é fundamental como canal de expressão de todas as necessidades e reivindicações”, destaca Renan.

Projeto de atenção aos portadores
Desde 2007 o projeto de extensão de Esclerose Múltipla da Emescam faz atendimentos multidisciplinares que envolvem profissionais da enfermagem, neurologia, assistência social, psicologia e fisioterapia. É voltado para pessoas de todas as idades, com suspeita ou confirmação de esclerose múltipla ou de doenças hereditárias do sistema nervoso central. “Para marcar uma consulta com um neurologista do SUS o paciente chega a esperar um ano. No nosso ambulatório ele consegue marcar na mesma semana”, disse Renan.
Para buscar atendimento, os pacientes com Esclerose Múltipla ou com suspeita da doença podem comparecer ao ambulatório da Santa Casa, (com encaminhamento médico) às quartas-feiras, entre 08:00 e 11:00 horas, e procurar por um dos professores envolvidos no projeto (Renan Domingues – médico, Bianca Beraldi Xavier – assistente social, Patrícia Saldanha – enfermeira ou Mariângela Nielsen – fisioterapeuta), levando os documentos pessoais (RG, CPF e comprovante de endereço). É preciso um encaminhamento médico para o primeiro atendimento. No ambulatório não são atendidos pacientes com outras doenças neurológicas, apenas aqueles cujos sintomas sejam sugestivos da Esclerose Múltipla.

A doença
A esclerose múltipla é uma doença desmielinizante em que há lesão na mielina, substância que envolve as células nervosas. O problema é a segunda maior causa de incapacidade neurológica entre pessoas jovens, e seus sintomas se manifestam com surtos. Os mais frequentes são: perda do campo visual, paralisias, alterações do equilíbrio e da coordenação, alteração no controle da urina, perda de sensibilidade, entre outros.
A doença manifesta-se, geralmente, em pessoas com idade entre 20 e 50 anos e estima-se que 30 mil pessoas sejam portadoras do problema no Brasil. Desses casos, 75% ocorrem em mulheres. No Espírito Santo, estima-se, levando em consideração os estudos de outras regiões, que o número de portadores de esclerose esteja entre 400 e 500.
Renan Domingues explica que a causa é imunológica. “Alguns glóbulos brancos de defesa funcionam de maneira desregulada e passam a atacar a mielina do próprio corpo. Não se sabe exatamente porque o funcionamento anormal dessas células ocorre, mas é possível que isso decorra de predisposição genética. Indivíduos com tal predisposição, quando expostos a determinados fatores, como infecções virais, podem desenvolver a doença”, ressalta.
O médico salienta que, com o passar do tempo, os portadores da esclerose passam a apresentar déficits neurológicos definitivos e que não há cura. “Existem medicamentos que desaceleram sua evolução e tratamentos de reabilitação que melhoram a qualidade de vida dos portadores. É possível levar uma vida normal com as limitações que a doença pode trazer”, explica.

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 220

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

- Continua após a publicidade -

Política e ECONOMIA