Mais de 18 mil homens morrem com a doença no país. Especialista alerta para os riscos e reforça que a prevenção pode evitar o óbito
Por Fabio Gabriel
A campanha do Novembro Azul é voltada para os cuidados com a saúde masculina e para a prevenção do câncer de próstata. Segundo o Ministério da Saúde, no triênio de 2023-2025, são esperados quase 72 mil casos da doença por ano. No Espírito Santo, o número chega a 1.400 casos anuais.
“Os números dos casos incomodam, sim, além dos óbitos. Morrem, por ano, 18 mil homens no Brasil por causa do câncer de próstata. Se a doença for detectada no início, podemos fazer muito mais pelo paciente”, informou o urologista Carlos Henrique Segall.
Mas a ação vai muito além da luta contra essa doença. A campanha é mais ampla e envolve outros aspectos da saúde além da próstata. Os pacientes podem medir a pressão, verificar a glicemia e receber orientações para cessar vícios.
“O que mais mata no Brasil são as doenças cardiovasculares. Mas a prevenção pode reduzir a mortalidade em até 30% nos casos de mortes por infarto, AVC e outras doenças”, destacou o médico.
Segundo o médico, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda a realização de exames preventivos a partir dos 50 anos. No entanto, existem fatores de risco – com idade e casos da doença na família – que podem antecipar essa necessidade. Além disso, a doença é mais prevalente em homens negros, indicam estudos. “A obesidade também é um fator de risco, mas podemos intervir nesse caso, com emagrecimento e a prática de atividades físicas.”
Para quem faz parte de algum grupo de risco, a recomendação é procurar um médico urologista a partir dos 45 anos.Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de descobrir a doença e de obter a cura.
“O paciente que sente algo, como dificuldade para urinar ou sangramento na urina, deve procurar o médico. E quem não sente nada também deve buscar acompanhamento, pois a doença é, muitas vezes, silenciosa e pode não apresentar sintomas. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor o impacto da doença”, explicou.
Forma de detectar a doença
Segall também explicou sobre as formas de detectar a doença. “São duas maneiras: uma delas é através do toque clínico, e a outra, por meio do exame de sangue. Com essa abordagem sensível para diagnosticar a doença, os dois métodos juntos alcançam mais de 90% de detecção de um câncer de próstata”, informou.
Para o médico, o principal motivo dos casos elevados no país e no estado é o preconceito. “Existem dois tabus que precisamos vencer: o tabu de realizar o exame e o de falar sobre ele. Muitos homens têm o pensamento de que, se outras pessoas souberem que ele fez um exame de próstata, isso será um problema. O outro tabu é relacionado ao exame de toque, que é indolor. Precisamos vencer esse preconceito”.
Desempenho sexual
O urologista alerta que o câncer de próstata pode prejudicar a vida sexual do paciente. “Sim, pode afetar o desempenho sexual, pois a estrutura que envolve a próstata está muito próxima dos nervos responsáveis pela ereção. Se a doença se desenvolver, pode causar disfunção erétil. Esses nervos podem ser lesionados, o que acaba prejudicando o relacionamento sexual do homem”.
Ele finaliza deixando uma mensagem para os homens: “É preciso vencer o preconceito e procurar o médico o mais cedo possível, mesmo que você se sinta bem, para realizar os exames de rotina. Assim como fazemos a manutenção preventiva no carro ou no computador, precisamos cuidar da máquina mais preciosa, que é o nosso corpo”.