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sábado, 20 abril, 2024

Desta vez, não será um “voo de galinha”

Economia brasileira volta a crescer e o Espírito Santo registra resultados positivos acima da média nacional

Por Gilberto Medeiros

Lideranças empresariais da indústria, do comércio, do setor de serviços e analistas do poder público são afirmativos ao dizer que a economia está voltando a crescer – ainda em passos lentos, é verdade – e dá sinais de que os próximos anos poderão ser de uma recuperação constante, se o mercado sentir confiança de que prosseguirão as reformas do Estado e de que será controlada a pandemia de covid-19. No primeiro trimestre de 2021, o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 1,2% e, no Espírito Santo, a alta foi de 0,7%.
A comparação é com os últimos três meses de 2020.

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Apesar de todos os entrevistados a seguir terem adotado a cautela na expectativa de recuperação da economia, praticamente todos argumentam que, desta vez, não será um “voo de galinha”.

Aqui no Espírito Santo, o mercado conta com um acelerador na retomada: o alto grau de abertura de nossa economia ao comércio exterior, sobretudo em parcerias com os Estados Unidos, com a China e com a Argentina.

É o que explica o diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Silva Lira, enquanto revela que a projeção para o crescimento do Espírito Santo é superior ao que se espera do desempenho nacional. “A projeção do Banco Mundial é de 4,5% para o Brasil, e o Espírito Santo tem condições de crescer mais que o país em 2021. Vou atualizar os dados do IBGE, comparando abril de 2021 com abril de 2020: o comércio varejista apresentou uma expansão de 27%; a produção industrial cresceu 26%; e o setor de serviços obteve crescimento de 12%”.

Desta vez, não será um “voo de galinha”
“O Espírito Santo tem mais chances de crescer do que o restante do país” – Pablo Lira, do Instituto Jones

De fato, o comércio varejista brasileiro obteve o maior avanço mensal das vendas para um mês de abril desde o início da série histórica no ano 2000: cresceu 1,8%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos segmentos do comércio que alimenta altas expectativas em 2021 é o de automóveis. “Estamos com fila de três meses de clientes esperando carro. Estimamos, a partir de setembro, que o avanço da vacinação possa trazer um crescimento de 30%, chegando perto de 9 mil unidades vendidas por mês para fechar o ano mais satisfatório”, calcula o diretor-executivo do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives), José Francisco Costa.

Ele conta que o fundo do poço foi o mês de março de 2020, quando as vendas despencaram para 2,7 mil unidades em todo o Espírito Santo. “A partir do segundo semestre, começamos a melhorar esses números e chegamos a 4,5 mil veículos por mês em dezembro. De janeiro a maio, estamos com uma base de 6,8 mil unidades por mês, o que poderia ser maior. A demanda está reprimida, mas começamos a sofrer com o desabastecimento de peças”, lamentou.

Outro termômetro para a economia é a indústria, na qual qualquer ponto percentual de crescimento representa mais emprego, geração de renda e movimentação dos demais setores da economia. Segundo Marília Silva, gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o setor cresceu 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre de 2020.

“Para a indústria de transformação, por exemplo, ao compararmos o nível de atividade medido no 1° trimestre de 2021 com o nível de atividade pré-pandemia – 4° trimestre de 2019 – , podemos observar um expressivo crescimento de 21%”, ressaltou Marília.

Construção civil cresce 29,1%

São as indústrias da construção e da transformação que, recentemente, têm influenciado positivamente o desempenho do setor industrial capixaba. A afirmação é da gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marília Silva. A indústria da construção cresceu 29,1% no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.

Desta vez, não será um “voo de galinha”
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves, Federação das Indústrias do Espírito Santo, Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo, Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo, Confederação Nacional do Comércio

Os empresários da construção civil comemoram os números, mas com cautela. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), no 1º trimestre de 2021, o Índice de Velocidade de Vendas mensal geral foi de 8%, sendo 7,23% no segmento de médio e alto padrão, e 9,83% no segmento econômico.

Apesar de esses índices apontarem uma redução na velocidade de vendas em relação ao ano de 2020, o presidente do Sinduscon-ES, Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona, explica que são números bons, pois estão acima do nível pré-pandemia.

“Estamos entrando novamente num processo de recuperação, mas ainda uma recuperação mais lenta. Dependemos da reforma administrativa e tributária. Quando pensa em comprar um imóvel, o consumidor avalia a estabilidade do emprego, do seu negócio. Ele precisa de confiança no governo, nos mercados. Precisa que o governo ajude a dar às pessoas segurança para que elas façam investimentos. Mas a tendência é de início da recuperação”, apontou.

O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Udson Carlesso, mostrou-se otimista. Ele disse que a alta nas vendas em 2020 contribuiu para reduzir estoques, o que faz girar a roda da construção civil.
Na sequência, ele lista os motivos para a expectativa de crescimento. “A indústria está voltando a fazer lançamentos; com a taxa de juros baixa, a poupança dá prejuízo; com a concorrência, os bancos aumentaram a oferta de crédito; as empresas incrementaram o atendimento virtual; e passando mais tempo em casa durante a pandemia as pessoas despertaram para a necessidade de mudar o perfil de seu imóvel, para poder trabalhar em casa”, afirmou Carlesso.

Avanço da vacinação possibilita retomada para bares, restaurantes e turismo

Vêm do turismo também as primeiras boas notícias de 2021. A Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas mostrou que, no 1º trimestre de 2021, as atividades turísticas no Espírito Santo cresceram 1,6% sobre o trimestre anterior. Esse foi o terceiro crescimento consecutivo, principalmente, pelo resultado dos meses de janeiro e fevereiro. O número de pessoas ocupadas nas atividades características do turismo, no estado, foi estimado em aproximadamente 137 mil pessoas no 1º trimestre de 2021, cinco mil a mais que no final de 2020, quando eram 132 mil.

Desta vez, não será um “voo de galinha”
“Estamos com fila de três meses de clientes esperando carro”
José Francisco Costa, diretor do Sincodives

Dez por cento dessas novas vagas (503) foram abertas em estabelecimentos de alimentação. Exatamente o setor que talvez tenha sido o que amargou o maior prejuízo em 2020, conforme lamenta o presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo, Gustavo Vervloet. “A gente registra o fechamento de 60% dos estabelecimentos de bares, restaurantes e lanchonetes”, calculou.

“Essa retomada é ainda muito tímida e muito recente, mas a perspectiva para o Natal é positiva. Todos estão contratando com cautela, comprando estoque com cautela. Mas a esperança, o otimismo a gente sempre tem. A vacinação é o grande divisor de águas para 2021 ser melhor que 2020”, completou.

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