Pesquisa do PNAD apontou que mais de 30% do mercado de empreendedorismo capixaba é composto de mulheres
Por leulittanna Eller Inoch
Elas já não são mais a minoria. As mulheres estão dominando o mercado empresarial capixaba e juntas representam 35,21% de todo o empresariado. Foi o que apontou o ultimo levantamento feito pela PNAD Contínua, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a vice-Governadora do Estado Jacqueline Moraes, as mulheres tem conquistado cada vez mais espaço no mercado: “Existem pesquisas que mostram que mulheres já estão atuando em como CEO’S de grandes empresas. Essas pesquisas mostram que a capacidade de lucro dessas empresas aumenta em mais de 20%”.
Jacqueline completou dizendo que todo esse desempenho se deve a uma doação muito grande que as mulheres tem ao ocupar espaços como esses.
A analista do Sebrae/ES, Andrea Gama, explica o que tem motivado mulheres a empreenderem cada vez mais: “São diversos fatores que levam as mulheres a empreenderem, muitas vezes as motivações são diferentes das dos homens. Elas consideram a satisfação pessoal e desejam fazer a diferença na sua comunidade, na sua região, trazendo algo novo para o mercado.”
Foi atrás dessa satisfação pessoal que Patrícia Vieira Parcel, resolveu abrir o próprio negócio em plena pandemia: “Não é nada fácil, tive que lidar com as pessoas me julgando por querer abrir um negócio “mesmo sendo formada e pós graduada”… sabe aquela famosa pergunta: mas por que você não procura emprego na sua área? – Porque achei algo que me deixa feliz e realizada, gente”.
E pra quem ainda acredita que para empreender é necessário algum tipo de formação, alto investimento ou local “adequado” os dados da Pnad contínua, divulgados pelo IBGE, apontaram que Aproximadamente 43,1% das donas de negócio do Espírito Santo possuem nível médio, 33,5% possuem nível fundamental e 23,1% possuem nível superior e quase metade das donas de negócio do Espírito Santo (48,4%) tem rendimento médio mensal de até 1 salário mínimo mensal. Os números também mostraram que a proporção de donas de negócio diminui a medida que a faixa de rendimento mensal aumenta.
As duplas jornadas de trabalho enfrentadas dificultam aquelas que querem empreender, além da falta de incentivo. “A dificuldade está no fato de que precisamos, como mulher, de uma maneira geral, “encaixar” o negócio na nossa rotina de mãe e cuidados da casa. Mas, de verdade, a dificuldade maior não é fato de ser mulher, mas brasileira. Ainda aqui no Brasil é tudo muito complicado, e não temos incentivos, infelizmente” Afirma Patrícia Vieira Percel.
Andrea Gama, explica que mesmo diante das desigualdades enfrentadas as mulheres persistem em se firmar no mercado empresariado capixaba: “Empresárias pagam taxas de juros maiores. A taxa anual para empresárias é 3,5% acima dos donos de pequenos negócios. Se a taxa de inadimplência das mulheres é inferior à registrada por homens, 3,7% para mulheres contra 4,2% para os empresários. Não deveria ser o contrário? As taxas para as empresárias não deveriam ser menores então? Acredito que esses dados respondem a essa pergunta. Temos outros desafios como autoconfiança, preconceito, igualdade de oportunidades. E se formos considerar a mulher negra e as mulheres de baixa renda os desafios são muito maiores. Mesmo assim, diante desses desafios, 57% das donas de negócios no Espírito Santo são mulheres negras. Esse percentual representa 111 mil empreendedoras em território capixaba.
Apesar de ainda existirem muitos desafios a serem ultrapassados, as mulheres continuam a frente de maioria dos negócios no mercado capixaba: “acredito que o mérito desse espaço seja da mulher, pois ela tem buscado pelo seu espaço, não espera, e não depende de cenário favorável. Prova disso é que as mulheres já dominam mais de 33% do empresariado capixaba. São elas que estão à frente de aproximadamente 198 mil pequenos negócios, no Espírito Santo, com a maioria, cerca de 170 mil mulheres, trabalhando por conta própria (86,2%), enquanto mais de 27 mil são empregadoras (13,8%).” Afirma Andrea Gama
Agenda Mulher
A vice-Governadora do Estado Jacqueline Moraes, sabe bem o que é empreender e o que isso significa para a mulher. Ela já foi camelô e hoje comanda um programa Estadual que dá foco inteiramente no empreendedorismo feminino, o Agenda Mulher.
“O Agenda mulher além de trabalharmos com os cursos, trabalhamos também 3 vertentes do empreendedorismo feminino: O emocional, aquele que a mulher precisa se autoconhecer, trabalhar a auto liderança, o relacionamento dela com ela mesma e com os de fora. O empreendedorismo social, que é voltado para a comunidade que ela mora, mudando a vida daquelas pessoas, com aquilo que ela faz bem e também um desenvolvimento sustentável. E o empreendedorismo produtivo, que é esse que a mulher já abre o próprio negócio, começa como MEI, e depois passa para uma pequena empresa.”
Para Jacqueline Moraes, as mulheres tem provado cada dia mais seus real valor para o Estado e para o Brasil: “As mulheres tem uma capacidade maior de serem empreendedoras, é uma característica da mulher, ela é muito criativa, faz várias coisas ao mesmo tempo, ela explora isso a seu favor. As mulheres estão provando que são grandes empreendedoras, a cada 4 famílias, 3 são sustentadas por mulheres empreendedoras. Muitas começam seus negócios na porta de casa e depois vira um negócio de família. Aqui no Espirito Santo temos casos de mulheres que vendem produtos com Selos de qualidade do Incaper e que podem ser vendidos nas feiras e até fora do país.”
Além dos diversos cursos voltados para a capacitação da mulher e do seu negócio, o Estado tem uma linha de crédito voltado exclusivamente para mulheres do estado inteiros através do Banestes. O Agenda Mulher também criou parcerias privadas voltadas para atender o público feminino. A Universidade de Vila Velha (UVV) colocou o projeto GastroLar, que capacita mulheres na área de gastronomia, e o mestrado em segurança pública, que tem uma linha de pesquisa voltada para violência contra a mulher.
