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sexta-feira, 19 abril, 2024

Mulher na política

“É inegável que a presença das mulheres em diversas áreas da sociedade cresceu, mas a participação das representantes do sexo feminino na política ainda é muito tímida”

O Espírito Santo elegeu sua primeira senadora da República. A peemedebista Rose de Freitas (MDB), foi ela também que levou o título de ser a primeira a mulher a presidir a Câmara dos Deputados. Infelizmente, a presença das mulheres capixabas em Brasília ainda é pequena. Temos três representantes femininas na Câmara Federal, diminuímos a representatividade na Assembleia.

No Estado ainda há poucas prefeitas e vereadoras. A participação feminina tem que aumentar, precisamos deixar a vergonha de lado e ir atrás do voto, fazer a diferença na sociedade. Muitas mulheres disputam as eleições, mas sabem que não serão eleitas. Seria importante que os partidos já adotassem a estratégia de investir nestas candidaturas com o objetivo de fazê-las, por exemplo, candidatas a vereadoras e a prefeitas com reais chances de vitória na próxima eleição.

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Está enraizado no consciente popular que mulher é sexo frágil, não é apenas mulher que não vota em mulher; homens, jovens e idosos, precisam enxergar a força da bandeira que a representante feminina impunha. São anos de pouca expressão no sentido de liderança. Quando há uma boa luta, um bom ideal, o representante é seguido pelos que se familiarizam com sua vontade de mudança. Seja qual for o gênero.

Os brasileiros estão mais atentos ao universo da política, acompanharam seus candidatos de perto e seus adversários também. Acontece que essa relação deve ser feita durante todo o mandato, o acompanhamento das ações, cobrança e mais importante, participação.

Partidos políticos ainda são instituições muito fechadas e ignoram os avanços que as mulheres já fizeram e tiveram na sociedade.

O sistema atual realmente falho, e com certeza atrapalha a mulher a entrar na política. Infelizmente, os partidos brasileiros têm os mecanismos necessários para aumentar a participação feminina, mas ainda falta vontade política. Os partidos são muito conservadores. Além das mulheres, os negros e os índios também estão sub-representados. Partidos políticos ainda são instituições muito fechadas e ignoram os avanços que as mulheres já fizeram e tiveram na sociedade. As mulheres além de serem donas de casa, mães, esposas, também são mulheres que tem se destacado no mercado de trabalho, na faculdade. Elas exercem atividades nos bairros, em ONGs, na sociedade civil de um modo geral e, mesmo assim, continuam sendo brecadas no sistema político. A falta de representação feminina prejudica muito a elaboração de políticas públicas reais e afeta os direitos sociais da mulher. Infelizmente, a composição partidária brasileira ainda reflete o patriarcalismo da nossa sociedade.

Na verdade, esta situação não acontece por carência de mulheres aptas a concorrer, mas sim pelo modo como os partidos são organizados: Eles são controlados por homens, que dão pouco espaço para as mulheres estruturarem suas campanhas.

Trata-se de adotar para as mulheres a mesma lógica de acumulação eleitoral que se usa para as candidaturas masculinas. Na verdade, esta situação não acontece por carência de mulheres aptas a concorrer, mas sim pelo modo como os partidos são organizados: Eles são controlados por homens, que dão pouco espaço para as mulheres estruturarem suas campanhas. Todo o processo político acaba sendo muito desestimulante para a mulher.

É preciso ampliar a participação feminina nos cargos públicos fortalecer a inserção da mulher no poder, por meio de cursos, seminários e campanhas institucionais. Um projeto de Lei de minha autoria 283/17 que institui a Semana de Incentivo a Participação da Mulher no Processo Eleitoral, tem como objetivo incentivar a promoção de atividades voltadas à integração da mulher capixaba no processo eleitoral.

Na Assembleia Legislativa, temos 30 vagas no parlamento e apenas três são de mulheres e nas câmaras municipais esse numero é ainda menor. Estou propondo ampliar esse debate para que a participação da mulher se torne mais ativa na vida política, através de uma participação efetiva na vida partidária, bem como nos pleitos eleitorais.

Aumentar cota de 30% para 50% e uma reforma política profunda que permita que o Parlamento seja o espelho da nossa sociedade na sua composição. Desenvolver políticas inclusivas e estimular as mulheres das comunidades na participação, entre outras. Nós, mulheres que já estamos na política, temos que abrir espaço para novas representantes e mais ainda, unir forças para as mulheres lutem por esse espaço. É algo a ser conquistado diariamente.

Perfil

Meu marido sempre foi meu grande incentivador no mundo da política. Ele já havia ocupado cargo de prefeito e me dizia que eu levava jeito, porque sempre tive paciência em conversar com as pessoas, sempre fui atrás de consertar o que eu considerava errado. Resolvi me candidatar a deputada estadual e não fui eleita, mas, tive uma votação expressiva de mais de nove mil votos. Anos depois, já mais fortalecida, resolvi encarar novamente a política e me candidatei à prefeita do meu município que é São Gabriel da Palha, e fui muito bem eleita.

Lá, nunca uma mulher havia sido eleita nem para vereadora. Eu fui a primeira. Fiquei muito feliz e orgulhosa, trabalhei duro, fiz um bom trabalho na região, sendo reeleita para um segundo mandato. Meu exemplo emponderou algumas mulheres da região, hoje, em São Gabriel, temos uma prefeita e também na Câmara, uma representante feminina. Entrei na Assembleia Legislativa em 2015 e fui reeleita em 2018, com mais de 5 mil votos a mais que da primeira eleição ao cargo.

Trabalhei como tabeliã substituta no Cartório Paulo Lessa, em São Gabriel da Palha. Fui prefeita por duas vezes em São Gabriel da Palha, 2004 e 2008. Atuei como diretora do Instituto de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado do Espírito Santo (Idurb). Quando comecei na Assembleia Legislativa fui a primeira mulher a ocupar a Comissão de Justiça, tornei-me primeira secretária da Mesa Diretora e atuo hoje como terceira secretária, além de ser membro nas comissões de Agricultura, de Cidadania e de Meio Ambiente.


Raquel Ferreira Mageste Lessa, 56 anos, é deputada estadual em seu segundo mandato (Pros). É natural de Pancas, mas residente em São Gabriel da Palha

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