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quinta-feira, 28 março, 2024

Mudanças na América do Sul: Santiago, La Paz, Curitiba

Três eventos ocorridos nos últimos dias abalaram profundamente o quadro geral da América do Sul.

Muitas têm sido as mudanças na América do Sul neste final de ano. A busca de soluções para a crise chilena, o afastamento à força de Evo Morales na Bolívia e a soltura do ex-presidente Lula confirmam que o continente vive um período de efervescência política e social.

No caso chileno, na tentativa de aplacar as manifestações, o presidente Sebastián Piñera aceitou uma das principais demandas da população. Irá iniciar o processo para o estabelecimento de uma nova Constituição. E “com ampla participação cidadã e um plebiscito que a ratifique”. Falta definir os prazos desse processo.

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O anúncio, ocorrido na noite de domingo, 10 de novembro, significou o maior recuo de Piñera desde o início dos protestos, há quase um mês. Mais ainda, ele confirma que tanto o governo quanto a oposição perderam o controle sobre a população. Foi uma solução extrema, que não se sabe ainda se aplacará os ânimos.

América do Sul  sem Evo no comando

Na Bolívia, a renúncia forçada do presidente Evo Morales, ocorrida em meio a denúncias de fraude eleitoral, põe fim a um mandato de mais de quatorze anos. Além dele, o vice e os presidentes da Câmara e do Senado também pediram afastamento de seus cargos. Assim, caberá à Suprema Corte definir a sucessão. Uma grande incerteza sobre a população mais pobre do continente.

No caso boliviano, chama a atenção a violência dos ataques da oposição contra aliados do governo. Importante ressaltar que a Bolívia, em boa parte do século XX, manteve uma tradição de militares no poder. O general Hugo Banzer retrata bem esse período. Agora, novamente os militares tomaram a frente do movimento que culminou no afastamento de Morales. A tentação autoritária está novamente no ar.

América do Sul com Lula Livre

Por fim, a soltura de Lula, após 580 dias de prisão em Curitiba (PR), foi recebida com festa pela esquerda. Em um momento de fortalecimento da direita em todo o planeta, o retorno do petista foi visto como um importante contraponto.

A volta de Lula à linha de frente da política, porém, tem seus riscos. A já forte polarização deverá se agudizar ainda mais. Essa percepção ganhou força após os primeiros discursos do ex-presidente, atacando duramente o governo Bolsonaro. Trata-se de má notícia para o centro, que luta para retomar o protagonismo político perdido há algum tempo. Não por acaso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se manifestou, criticando o acirramento dos ânimos.

Afinal, na América do Sul, quem venceu?

Em suma, os três eventos, praticamente simultâneos, mostram que o continente vive realidades distintas. Esquerda, direita e centro seguem disputando espaço. Não se pode apontar um vencedor, por ora.


André Pereira César – Cientista político – Hold Assessoria Parlamentar

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