Professor da Fucape, Felipe Storch, analisa o mercado financeiro e fala sobre perspectivas para o ano de 2022
O cenário econômico brasileiro, o ambiente político e a influência do mercado internacional. Esses são os ingredientes que estão influenciado o comportamento dos investidores e, consequentemente, o mercado de ações brasileiro na Bovespa (B3).
A ES Brasil conversou com o professor da Fucape e Doutor em Ciências Contábeis e Administração, Felipe Storch, sobre uma análise do comportamento do mercado de ações neste final de 2021.
- Empresas têm até o dia 30 para parcelar dívidas com o Estado
- Acesse nossas redes sociais: Instagram e Twitter
Após um ano marcado por máxima histórica (mais de 130 mil pontos) e recordes, na segunda semana de dezembro, depois de 05 altas consecutivas, o Ibovespa voltou a cair e fechou em baixa (1,67%), após decisão do Copom sobre a taxa Selic (9,25%), o avanço da variante Ômicron na Europa e incertezas no mercado internacional.
Essa oscilação da bolsa brasileira deve permanecer até os 02 primeiros meses de 2022, segundo Storch. Isso porque diversas questão estão influenciando esse cenário.
“O que mais afeta o nosso mercado acionário hoje é a incerteza. A incerteza com relação ao desempenho econômico, em relação a ambiente político e ao ambiente externo. A B3 está sendo pressionada por muitos lados e isso se reflete não necessariamente em um desempenho ruim, mas em muita volatilidade. Então vão ter dias com ganhos altos, mas dias com muitas perdas”, explicou.
O professor destacou também o petróleo com valores elevados em razão da retração da produção mundial, a alta das taxas de câmbio e o ambiente político, já que em 2022 o Brasil se prepara para novas eleições majoritárias.
“Temos ainda as perspectivas de desempenho dos principais agentes econômicos mundiais como os EUA, a China e a Europa. Nós não temos certeza se esses players vão se comportar bem em 2022 e desempenhar um crescimento econômico que possa nos levar a um bom momento novamente. Tudo isso gera incertezas e também reflexos na bolsa brasileira”, disse Storch.
Ações em queda
Em razão do cenário econômico, as empresas do setor de consumo viram suas ações despencar. É o caso da Magazine Luiza (MGLU3), que teve queda de 75% da ação nesse final de 2021.
“Com a inflação muito elevada, ocorre um período de possível retração do consumo. Muitos investidores compraram muitas dessas ações num passado recente, porque elas estavam vendendo muito bem. Inclusive, houve uma transição para o e-commerce, que acabou por despontar em 2020 e 2021. Contudo, as lojas físicas estão deixando a desejar este ano. Acaba sendo um reflexo da situação do brasileiro, que está em um momento muito difícil por conta dos reflexos da pandemia, da situação de crise economia e da política de governo”, afirmou.
Espírito Santo
Ele lembrou ainda a situação do Estado do Espírito Santo. “O governador Renato Casagrande anunciou o aumento real para o ano que vem, mas na casa dos 3,5%. Você vê que é bem aquém da inflação. Mesmo assim, esperamos uma queda real da renda das pessoas a nível Brasil. O Espírito Santo apresenta boa saúde financeira, sendo mais organizado que a média brasileira em termos fiscais. Isso acaba gerando melhores resultados para nós. Porém, em todo o Brasil, espera-se que as pessoas empobreçam, percam poder de compra, e isso acaba refletindo nas ações de consumo”, disse.