Angelo Martins Denicoli, de Colatina, está entre os nomes denunciados pela PGR em caso que investiga tentativa de golpe de Estado
Por Robson Maia
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Entre os nomes ao lado do ex-presidente está o de um major do Espírito Santo, Angelo Martins Denicoli, de Colatina.
A acusação ainda envolve outros militares, entre eles Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e estão embasados no inquérito da Polícia Federal (PF) de novembro de 2024. À época, o órgão indiciou o ex-presidente no âmbito do chamado inquérito do golpe, cujas investigações concluíram pela existência de uma trama golpista para impedir o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A PGR aponta que o ex-membro do governo Bolsonaro e atualmente deputado federal Alexandre Ramagem, do PL, tinha por costume documentar as orientações que repassava a Bolsonaro, “o que permitiu a identificação de outras ações que precederam e prepararam o cenário para a deflagração do plano de permanência no poder à revelia da ordem constitucional”.
Na decisão da Procuradoria, é mencionado um arquivo denominado ‘‘Bom dia Presidente.docx’’, vinculado ao usuário “[email protected]”, criado em 4.3.2020 e modificado pela última vez em 11.3.2021, no qual relata a criação de um grupo técnico para desacreditar as urnas eletrônicas. “O documento revela que Alexandre Ramagem, desde a fase preparatória da trama criminosa, já contava com a ‘‘ajuda” do militar capixaba Angelo Martins Denicoli”.
A PGR cita a relação de Denicoli com o influenciador argentino Fernando Cerimedo, que fazia lives questionando a veracidade das urnas, e cita a preparação de um material, em 2022, que “contou com a relevante contribuição do Major da reserva Angelo Martins Denicoli”.


Major foi alvo de operação no último ano
Denicoli foi um dos alvos da Operação “Tempus Veritatis”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em fevereiro do último ano. Na ocasião foram realizadas buscas e apreensões contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, citando as lives de Cerimedo e sinalizando a relação dele com Denicoli.
A PF teria descoberto, a partir de informações que surgiram nas redes sociais e foram posteriormente divulgadas, que Eder Balbino, sócio de uma empresa em Uberlândia que colaborou com a equipe contratada pela sigla para auditar o processo eleitoral, “foi o responsável por subsidiar o ‘estudo’ apresentado por Fernando Cerimedo em sua live”.
Diz então que identificou-se que “os ‘especialistas’ contratados pelo Partido Liberal, supostamente independentes, possuíam na verdade vinculações” com Cerimedo e Denicoli.