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segunda-feira, 17 DE março DE 2025

Mais produtividade e redução de custos com uso de tecnologia no agro capixaba

Inovações como sistema de irrigação de precisão e sensores em tanques de peixes aumentam eficiência e reduzem custos na produção agrícola do Espírito Santo

Por Kikina Sessa

O agronegócio capixaba é destaque no café, na celulose, na pimenta do reino, no gengibre, no mamão, nos chocolates e derivados, no álcool e na carne bovina. E isso não é por acaso. O uso de novas tecnologias tem impulsionado a produção agrícola capixaba. Pesquisas são incentivadas, startups são financiadas e produtos e serviços são difundidos para tornar o agro mais tecnológico. 

Na cafeicultura, por exemplo, em que o Estado detém o título de maior produtor de conilon do país, responsável por 75% da produção nacional, uma tecnologia considerada simples e de baixo custo é aliada da produção. Trata-se do controle de tensiometria, extrator de solução de solo e controle de PH. Com esses três equipamentos é possível garantir redução ou eficiência no uso da água, eficiência no uso do adubo e menos gasto de energia. Consequentemente, isso vai impactar em uma produtividade maior, porque a planta estará performando melhor. 

“O mais difícil de adquirir não é o equipamento, é o hábito”, afirma o presidente da Associação dos Irrigantes do Estado do Espírito Santo (Assipes), Thiago Orletti, que produz café no Norte do Estado. De acordo com Orletti, que faz uso desses equipamentos em suas plantações de café, o investimento na aquisição desses equipamentos não chega a R$ 1.000. 

O controle de tensiometria serve para medir a umidade do solo. O processo se dá através de um tubo que vai mostrar se há necessidade de irrigar ou não. Apesar de ser simples, muitos produtores rurais ainda desconhecem essa técnica. 

Já o extrator de solução usa uma seringa para sacar uma solução da terra, por meio de um processo a vácuo, também considerado simples. Essa amostra vai revelar se a água está salina ou não. Se ela estiver salina é porque contém sais, caso contrário é só água sem nutriente.

“Eu não consigo definir se é nitrogênio, potássio, fósforo. Teria que enviar para uma análise laboratorial, mas sei que tem sais e isso é o que importa para nós. 

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Isso me mostra a necessidade de inserir os nutrientes na irrigação durante períodos definidos do ano”, explica o produtor. O controle de PH é mais técnico e serve para mostrar se está muito ou pouco salina.

“Se o produtor entender isso, ele consegue utilizar menos água ou utilizar a água de maneira mais eficaz, e o adubo também, porque não vai estar adubando demais ou de menos.”

Sondas

No universo competitivo, que é o segmento do agronegócio, é importante acompanhar a evolução do mercado e a automação ajuda a manter a atividade produtiva. Não dá mais para ficar no sistema totalmente artesanal. Presidente do Sindicato Rural de Linhares, o produtor Antonio Roberte Bourguignon descobriu isso e empregou recentemente em sua propriedade, a piscicultura Tilápia do Vale, entre Rio Bananal e Linhares, o uso de nova tecnologia. 

Ele instalou nos tanques de peixes sondas de automatização que fazem a leitura da temperatura da água, da oxigenação e acionam automaticamente os aeradores na quantidade da necessidade que os peixes estão precisando. A alimentação também é controlada por tempo, por quantidade e necessidade de cada tanque, de acordo com a biomassa. 

Além de fazer as leituras todas as manhãs, no local, também dá para acompanhar pelo computador, à distância. Caso algum dos motores (110 motores usados diariamente) apresente problema, como falha, parada ou queima, o sistema dispara um alarme indicando qual equipamento está com problema.

Bourguignon conta que a escassez de mão de obra serviu de motivação para  automatizar o processo. “A satisfação é total, com ganhos financeiros e aumento de produtividade”. 

Entre 60 a 80 toneladas de tilápia são vendidas por mês no Estado e ainda na Bahia e no Rio de Janeiro. A área de reprodução é de 96 mil metros quadrados de lâmina d’água, sendo 200 mil metros quadrados de área total dos tanques. 

Incentivo

Existem 48 empresas apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) com projetos de inovação direcionados ao agronegócio no Espírito Santo, de um total de 394 empresas apoiadas nos últimos 10 anos, ou seja, 12% das empresas. 

Um dos projetos é voltado à pecuária e permite acompanhar a evolução de peso individual e do rebanho, identificando os bois doentes e os que precisam de alguma atenção, quais linhas genéticas têm melhores e piores resultados na curva de ganho, entre outros benefícios. 

Inspirado no ditado popular “o olho do dono é que engorda o gado”, a startup Olho do Dono desenvolveu uma câmera 3D portátil que realiza a pesagem do gado por imagem, dispensando o uso de balanças. A tecnologia, considerada única no mundo, nasceu com apoio do Programa de Subvenção Econômica do Espírito Santo (Tecnova/ES), com a Fapes e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A Agrotech foi vencedora do 1º TechCrunch Startup Battlefield da América Latina, vencedora da Startup Agro do Brasil pelo Intercorte e uma das vencedoras do 1º Fineup Startup.

*Matéria publicada originalmente em 19 de agosto de 2024

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