Marcos Valério, operador do mensalão, diz que empresário Ronan Maria Pinto prometeu denunciar o ex-presidente Lula no caso Celso Daniel se não recebesse R$ 6 milhões como “cala boca”
O publicitário Marcos Valério promete esclarecer todos detalhes da denúncia feita em setembro de 2012, colocar Lula na cadeia. “O Valério me disse que Ronan ia apontar o ex-presidente Lula como mentor do assassinato do Celso Daniel”. A declaração foi da deputada Mara Gabrilli (PSDB/SP), que colheu um longo depoimento do publicitário.
Segundo ela, Valério garantiu ter as provas que o empresário Ronan Maria Pinto exigiu R$ 6 milhões para não divulgar informações relacionadas ao caso. O presidente Lula, o ministro José Dirceu e o assessor particular Gilberto Carvalho (cargos referentes à época do assassinato) estariam envolvidos na morte do então prefeito de Santo André.
Em setembro de 2012, Marcos Valério prestou depoimento ao Ministério Público Federal. Revelou ter sido informado, em 2004, pelo secretário-geral do PT, Silvio José Pereira, que o presidente Lula estava sendo chantageado. A conversa entre os dois ocorreu dois anos após o assassinato de Celso Daniel.
Marcos Valério diz agora que quer esclarecer todos detalhes dessa chantagem. A primeira conversa de Valério com a deputada foi no dia 11 de outubro passado. Ela foi ao presídio atender às reivindicações de presos portadores de necessidades especiais o encontrou preso.
CONFISSÃO
Mara, que é filha de um empresário extorquido pela quadrilha que atuava na Prefeitura de Santo André, entregou ao juiz Sérgio Moro, em 2016, um dossiê sobre o assassinato. No dia 3 de abril, enviou um ofício ao procurador de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, narrando as conversas com o publicitário e pedindo andamento às investigações do crime.
“Ele deixou muito claro que o senhor Ronan Maria Pinto ia entregar o senhor Luiz Inácio Lula da Silva para a polícia como mentor do assassinato do prefeito Celso Daniel”, escreveu a deputada. Para ela, o depoimento de Valério pode ajudar a desvendar o crime.
Valério já vem negociando sua delação premiada com três promotores de Minas Gerais e dois procuradores da República. O publicitário disse que o ex-prefeito, pouco antes do assassinato, ia entregar um dossiê à PF e ao presidente Lula, envolvendo petistas com o crime organizado. Após o envio do ofício da deputada ao procurador de Justiça de São Paulo, dois promotores foram visitá-lo.
Valério quer depor somente à Polícia Federal. Perguntado sobre a acusação, Ronan, por intermédio de seu advogado, informou que jamais chantageou alguém. A assessoria do ex-presidente Lula não comentou.