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sexta-feira, 19 abril, 2024

Lira fala em ‘diálogo’ e ignora impeachment

O presidente da câmara já disse que está alerta em relação a arroubos autoritários

Por Lauriberto Pompeu e Camila Turtelli (Agência Estado)

Arthur Lira (Progressistas-AL), em pronunciamento na quarta-feira, 8, não falou sobre propostas de impeachment contra o presidente Bolsonaro. Em atos no 7 de Setembro, o presidente declarou desobediência a decisões do Supremo Tribunal Federal. Sem citar o chefe do Executivo, o deputado criticou “radicalismo e excessos”, mas disse que é preciso “diálogo”, indicando que não deve levar adiante qualquer pedido de impedimento neste momento.

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A decisão de aceitar ou não uma solicitação de impeachment é do presidente da Câmara. Na gaveta de Lira há 124 pedidos de impedimento do atual presidente da República. Após a radicalização no discurso de Bolsonaro, em que ele desafiou o Supremo, o debate sobre um impeachment ganhou força.

“A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos. Para que todos possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o preço do gás, por exemplo”, afirmou Lira, na quarta. Ainda segundo ele, a Câmara pode ser “uma ponte de pacificação entre o Judiciário e o Executivo”.

Eleito para o cargo de presidente da Câmara com o apoio do Palácio do Planalto, Lira se tornou fiador das pautas governistas no Congresso e tem adotado um discurso de que não há clima para a abertura de um processo de impeachment agora.

“Conversarei com todos e todos os Poderes. É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito loop negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”, declarou o presidente da Câmara.

Mesmo pregando “pacificação”, em seu pronunciamento Lira também mandou recados a Bolsonaro e a seus apoiadores. Ele criticou a insistência na defesa do voto impresso em 2022, proposta já rejeitada pela Câmara dos Deputados no mês passado, mas que estava presente em cartazes de manifestantes e no discurso do próprio presidente, nos atos de antena quarta.

“Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas, como o voto impresso. Uma vez decidido, é página virada”, afirmou e deputado. “São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania. Que até lá tenhamos todos serenidade e respeito às leis, à ordem e principalmente à terra que todos amamos.”

Não é a primeira vez que Lira endurece o discurso contra o governo Bolsonaro. O líder do Centrão já mencionou, em dois discursos anteriores, um “sinal amarelo” para dizer que está alerta em relação a arroubos autoritários. “Vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão e a nossa prerrogativa de puni-los eventualmente se a Casa, com sua soberania e independência, entender que cruzaram a linha.”

Logo após o pronunciamento, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) publicou uma série de tuítes defendendo uma reação institucional mais forte às declarações de Bolsonaro. “Mais que voz institucional, o momento exige ação dos poderes Judiciário e Legislativo. Porque as palavras do presidente têm feição de atos E atos inconstitucionais. Ele não as diz por coragem, mas por medo. Nós temos de mostrar coragem não só para falar, mas para agir”, afirmou a parlamentar.

Pós-atos

Ainda na quarta, Lira se reuniu com o ministro do Supremo Gilmar Mendes, um dos poucos que mantêm diálogo com o Palácio do Planalto, para tentar conter a crise entre os Poderes. Antes do encontro com o ministro, o presidente da Câmara também esteve com os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Ambos são da articulação política do Planalto e têm tentado “moderar” as agressões feitas por Bolsonaro ao Poder Judiciário.

Em outro movimento, poucas horas depois de fazer um discurso duro contra Bolsonaro e afirmar até que o chefe do Executivo cometeu crime de responsabilidade, o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, recebeu a deputada bolsonarista e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Bia Kicis (PSL-DF).

A parlamentar é crítica ferrenha da Corte e foi uma das principais entusiastas das manifestações pró-governo e contra o Supremo no Dia da Independência. Apesar disso, Bia declarou que a conversa foi amigável e negou qualquer constrangimento por causa das falas de Bolsonaro na véspera. A deputada afirmou que tratou com Fux sobre “projetos de interesse do Supremo que estão na CCJ”.

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