Pandemia mudou o comportamento do capixaba em relação ao lazer. A casa passou a ser o centro de diversão das famílias
Por Leulittanna Eller Inoch
Se tem uma coisa que a pandemia proporcionou de sobra aos brasileiros durante o período de isolamento social foi tempo, mais tempo em casa e com a família. A casa, que antes era um espaço para ficar um curto período do dia, passou a abrigar todas as atividades, anteriormente, feitas do lado de fora. Com as crianças fora da escola, cinemas fechados, praças e parquinhos isolados as famílias começaram a pensar em outras formas de se divertir.
A sala, quem diria, agora é usada para algo mais que assistir tv, reuniu crianças e adultos em jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e até para contar de histórias.
Foi o que aconteceu na casa de Siméria e Leonardo Ribeiro, eles tem duas filhas pequenas, Laura de seis anos e Isabel de quatro, eles contam que antes da pandemia a família tinha uma rotina bem agitada, as crianças iam pra escola, o marido trabalhava e os dois faziam faculdade, mas que quando a quarentena começou e eles se viram ociosos, perceberam que teriam de buscar novas formas de preencher o tempo livre.
“No começo foi difícil, as crianças precisavam gastar energia e não dava pra fazer isso da forma usual, sair com elas, foi quando decidimos investir em jogos de tabuleiro, inclusive alguns que fizeram parte da nossa infância” Diz Siméria Ribeiro.
A refeição foi outra grande mudança, nada de lanches rápidos ou almoços corridos, sentar a mesa, um hábito já perdido por muitos, passou a ser mais um momento apreciado em família.
“A gente saia muito, era um momento de lazer nosso, mas durante a pandemia não dava mais, com isso redescobrimos a nossa casa, passamos a olhar pra ela com outros olhos. Quase não apreciávamos o mesão que temos na varanda e com mais tempo em casa começamos a tornar nossas refeições um momento esperado do nosso dia”.
Streaming
Em uma pesquisa inédita feita pela Nielsen Brasil e pela Toluna, com foco em hábitos e tendências do consumo digital, revelou que 42,8% dos brasileiros assistem a conteúdos de streaming todos os dias, enquanto outros 43,9% tem essa prática ao menos uma vez por semana.
O estudo ainda apontou que 73,5% dos brasileiros entrevistados usam algum tipo de plataforma como Netflix, Globoplay e Amazon Prime.
Durante a pandemia esse consumo se intensificou ainda mais. Em Estudo elaborado pela Coviva, plataforma de monitoramento de streaming, o uso desses serviços cresceu 20% desde o inicio da pandemia. Um outro estudo, apontou que, em comparação aos três primeiros meses de 2019, o primeiro trimestre de 2020 apresentou aumento de 79% em horas vistas de vídeos sob demanda, categoria na qual estão Netflix, Amazon Prime Video e outros.

Foto: Leulittanna Eller Inoch
Leonardo Ribeiro trabalha no setor administrativo de uma escola e conta que antes da pandemia já usava serviços de streaming, mas que durante a quarentena ele e a família intensificaram muito o uso desse serviço. “Nós já assistíamos, mas era apenas a noite ou no fim de semana, quando não saíamos. Depois que paralisou tudo começamos a fazer verdadeiras sessões de cinema em casa”.
E quem pensa, que com tanta coisa pra fazer, os telefones ficaram de lado se enganou. Os smartphones também foram muito utilizados no acesso a serviços de streaming, eles respondem por 64,8%, à frente de laptop/notebook/desktop com 56,3%, tabletes (18,2%) e consoles de jogos (13%), de acordo com a pesquisa da Nielsen Brasil em conjunto com a Toluna.
Quebra-quebra
Vontade de mudar também foi o que acometeu Vanessa Fantoni, Casada com Filipe Locatelli e mãe de quatro filhos, ela atuava como radiologista e o lugar onde trabalhava parou por mais de 60 dias durante o período mais crítico da pandemia. Com mais tempo em casa ela se viu querendo aproveitar melhor a cozinha e a área de estar da família, foi quando resolveu, por conta própria, derrubar a parede que separava os cômodos e ampliar o espaço.
“Eu estava tão cansada daquele espaço minúsculo, eu sentia falta de algo maior, que pudesse ser melhor utilizado e aproveitado pela minha família. Desenhamos o projeto do novo espaço como queríamos e começamos a planejar tudo.” conta Vanessa
Com todos os serviços paralisados, Vanessa e o marido Filipe resolveram por a mão na massa sozinhos. “Não tínhamos qualquer experiência com obras, então fomos para o youtube e assistimos vários vídeos de como quebrar a parede e construir uma ilha do zero, foi assim que fizemos”.
Segundo Ilson Bozi, Diretor da Fecomércio e membro da Associação dos comerciantes de materiais de construção no Espírito Santo (Acomac-ES), durante a pandemia ouve uma alta na procura por materiais de construção: “Passamos a ter um aumento nas vendas de forma significativa. Em junho foi de + 26%, julho +16%, agosto +13%, setembro +1% e outubro + 5%, novembro.”
Toda essa mudança foi reflexo de como as pessoas passaram a utilizar os espaços durante o isolamento. Salas, cozinhas, varandas, todos os cômodos ganharam outros significados e precisaram ser reformados para abrigar as novas necessidades dessas famílias: “Com as pessoas ficando em casa passaram a perceber que poderiam fazer alguma reforma ou ampliação da casa e em algumas situações fazerem ou reformar a casa de campo devido ao isolamento” completou Ilson Bozi.