Levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves mostrou que, até 2022, serão 467 investimentos no Espírito Santo superiores a R$ 1 milhão
Nos próximos cinco anos, o Espírito Santo deve receber investimentos que totalizam quase R$ 54 bilhões, considerando recursos públicos e privados. O destaque vai para a construção civil, diretamente ligada aos anúncios de novas plantas e ampliações da indústria. No geral, são cerca de R$ 30,7 bilhões em aportes já divulgados no Estado para o setor, incluindo a construção para o mercado imobiliário.
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Esses projetos já fazem a economia girar mais intensamente e geram a expectativa de novos negócios, oportunidades e postos de trabalho. Do montante anunciado até 2022, mais de 97% serão direcionados a empreendimentos industriais. A carteira com as iniciativas é uma oportunidade de recuperação econômica, depois dos últimos anos de recessão em várias áreas do mercado.
“O relatório do Instituto é um sinal claro de recuperação da economia do Estado de forma mais intensa que a do Brasil. Os anúncios para os próximos cinco anos demonstram a retomada de crescimento da carteira de investimentos, que está em 3% em relação ao levantamento do ano passado”, declarou o secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, José Eduardo Azevedo.
Projetos milionários até 2022
As novidades anunciadas que estão relacionadas à construção abarcam os principais investimentos na cadeia logística capixaba. Entre as obras previstas, estão a implantação e a modernização de rodovias estaduais e federais no Estado, terminais portuários e aeroportuários, projetos de saneamento urbano e investimentos em condomínios comerciais e residenciais.
Os 10 maiores projetos em fase de execução, juntos, são responsáveis por 41,5% do que foi apurado pela entidade. Os recursos, de R$ 22,4 bilhões, estão distribuídos pela indústria extrativa, construção e indústria de transformação.
O empreendimento que registra o maior volume financeiro responde, sozinho, por R$ 7,6 bilhões. A cifra corresponde a 14% de todos os anúncios feitos para o Estado até 2022. No ramo extrativo, trata-se da construção e instalação, pela Petrobras, de uma unidade estacionária de produção do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading).
A estrutura terá capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás diariamente. A robustez do investimento vai impactar a economia dos municípios do Litoral Sul do Espírito Santo: Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy.
“O crescimento da cadeia de petróleo e gás representa mais receita para o Estado e municípios, gerando mais oportunidades de obras e projetos que serão realizados”, considera o secretário. Azevedo lembra que, por conta dessa retomada, estão vindo para Vitória 700 funcionários da Petrobras para trabalhar no prédio da empresa localizado na Reta da Penha. “Isso significa demanda de imóveis na região metropolitana e oportunidade para a construção civil”, afirma.
Segundo o secretário, de tudo o que foi anunciado e mapeado pelo governo estadual, quase metade, ou cerca de R$ 25 bilhões, já está em execução. Ele também destacou que todos os investimentos, incluindo o que está na carteira de oportunidades, terão efeito muito positivo na construção civil.
Construção civil
Especialistas informam que, em período de crise, o mercado da construção civil serve praticamente como um termômetro da recessão. Além da lista divulgada pelo Instituto Jones dos Santos Neves, o Estado tem recebido uma série de investimentos, principalmente aqueles voltados à logística e aos negócios que levantaram os ânimos do empresariado local.
Além da duplicação da BR-101, de responsabilidade da concessionária Eco101, outras obras de infraestrutura são esperadas. Cortando Cariacica e Vila Velha, a Rodovia Leste-Oeste,
em construção há cerca de 10 anos, está em fase de finalização e deve atrair atividades comerciais e empresariais, assim como ocupação residencial.
Um caso de destaque é o Parque Leste-Oeste, com a oferta de bairro planejado e plantas empresariais. Próximo ao local, será construído o Hospital Estadual Geral de Cariacica, no bairro Campo Belo. O hospital dividirá o parque entre as zonas empresarial, de um lado, e residencial e comercial, do outro.
A empresa responsável é a VTO, que informou já ter comercializado 60% do empreendimento. Entre as empresas, estão laboratórios, supermercados, clínicas, petshops, centros comerciais e empresas de autopeças.
Também em Cariacica, desde março já está em pleno funcionamento o entreposto capixaba da Zona Franca de Manaus, que movimenta produtos fabricados por mais de 500 indústrias. Depois da inauguração do novo aeroporto de Vitória, também foi anunciada, em abril, a ampliação do aeroporto de Linhares. A obra será realizada pelo governo do Estado e contará com R$ 30 milhões, com prazo de um ano para finalização.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Paulo Baraona, a área imobiliária sempre acompanha muito de perto o desenvolvimento e as novas infraestruturas criadas.
“Toda vez que existe um plano de crescimento no entorno das cidades, inclusive com a participação de governos, tanto estadual quanto municipais, consequentemente abrem-se áreas para o desenvolvimento. Um caso é o da Rodovia Leste-Oeste, que cria um novo corredor de mobilidade e certamente abrirá espaço para ampliação e surgimento de novos bairros, além de empreendimentos em bairros que já existem”, considerou.
Para ele, isso traz comércio, serviços e uma gama de negócios que envolvem todos os setores. A retomada da economia com os investimentos anunciados também é primordial para que o mercado imobiliário volte a crescer, puxado pela construção civil, que produz os imóveis para serem negociados e vendidos. “São os primeiros a sentirem os efeitos da crise econômica e os últimos a retomarem”, analisou o presidente da Associação Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo, Sandro Carlesso.
Isso acontece porque esses mercados necessitam da confiança dos compradores e, principalmente, de geração de renda. Na avaliação de Carlesso, os investimentos – sejam públicos, sejam privados – injetam dinheiro na economia e impactam positivamente esses setores com empreendimentos comerciais, residenciais ou destinados a outras finalidades.
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